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Mostrando postagens de agosto, 2019

Os Símbolos Municipais (Lei 527 de 1985)

Neste artigo vamos fazer uma síntese dos símbolos municipais, de acordo com a Lei nº 527 de 29 de novembro de 1985, que dispõe sobre a sua forma e apresentação. Assim, constituem símbolos deste Município de Esperança (art. 1º) o brasão, a bandeira e o hino municipal cujos padrões confeccionados nos termos desta lei (art. 2º) devem ser mantidos no Gabinete do Prefeito, na Câmara Municipal e no Departamento de Educação e Cultural para servirem de modelo (art. 3º). A bandeira municipal somente será confeccionada por ordem dos poderes legislativo e executivo e, quando executada por terceiro, exige autorização por escrito (art. 4º). O mesmo se diga do hino municipal, cuja outorga precede ao despacho do prefeito ou do presidente da câmara (§1º), sendo vedada qualquer indicação sobre ela (§2º). A reprodução, quando autorizada, exige que se arquive um exemplar no departamento municipal, que exercerá a fiscalização dos módulos, cores e palavras (art. 5º). Esta regra não se aplica à band

Seu Eudes, poema de João da Retreta

- Seu Eudes, a sua vida já foi bem triste, não foi? - tanto como o pio triste Da ave de Poe... - Mas todo efeito tem causa... Dizer-me a causa não quer De sua passada mágua? - ... uma mulher. Foi assim... Ela deixou-me Depois... veja lá, você! Meus sonhos adoecem todos De não sei quê. Minha vida então só pensa Num alívio e tanto mal; Abriga todos os doentes... Faz-se hospital... Chamei um médico. À parte, Me diz o amigo doutor: "A doença é grave". E em voz baixa: "Só outro amor...". - Seu Eudes, diga-me! e agora Sua vida é ainda assim? - Qual!!! hoje é cheia de rosas Como um jardim... João da Retreta (in: Musa Fútil, Era Nova: 1925)

Pedro e o padre

Desembarca Pedro numa cidadezinha do interior. De pronto ouviu os reclamos do povo de não poder contar com uma igreja maior e foi a procura do padre encontrando o vigário em oração no templo: - “ Reverendo, Deus escreve certo por linhas tortas. O Senhor pode não acreditar, mas foi Ele que me enviou. Venho trazer a solução para o construir a Igreja que a cidade tanto precisa e deseja ”. Sem ao menos pestanejar, ofereceu ao padre um “bilhete premiado”. Apesar de ser uma pessoa culta, o religioso caiu nas “lábias” do malandro, que lhe mostrou uma nota de jornal com a estória de um ganhador da loteria. Seria ele um mensageiro do alto? Refletia o pároco. - “ A pessoa que me mostrou essa luz, pediu segredo ” – respondeu o Pichaco. Mesmo incrédulo, o padre aderiu aquela aposta, inclusive fazendo uma “simpatia” sugerida por Pedro: amarrar quatro cédulas de cem mil réis em quatro pontas de um lenço, que explicou: - “ A cruz também tem quatro lados. Amarre direitinho para dar efe

Sistema de Luz (1953)

Há muito o sistema de luz em Esperança era deficitário. A antiga usina de força já não abastecia, de forma regular e eficiente a municipalidade que crescia, fazendo-se necessário a aquisição de novas máquinas para atender a demanda.  O prefeito Francisco Bezerra da Silva (1951/1955), em atenção aos reclamos sociais, adquirira junto a uma firma Suíça um novo motor com capacidade para 200 HP, custando aos cofres públicos Cr$ 1.000.000,00 (um milhão de cruzeiros). O Município que sofria com a seca daquele ano, era muito lembrado pelo Estado, que havia construído três reservatórios d’água e desobstruído um açude. Sementes de batatinha foram adquiridas junto à Cooperativa de Cotia/SP, para o replantio daquela cultura que havia sido atingida por uma praga. Cento e sessenta toneladas haviam sido distribuídas para o plantio.  Ao ato inaugural estiveram presentes o governador José Américo de Almeida, Dr. Oscar de Castro, Chefe do Departamento de Serviço Social, escritor José Lins do Rego, Sr.

América x Comerciário: Súmula do jogo (1952)

O Comerciário de Campina Grande aceitou convite do “Mequinha” para um amistoso a se realizar no Estádio José Ramalho da Costa. A embaixada campinense, presidida por Olavo Albino de Freitas, seguiu em um ónibus especialmente fretado para conduzir os jogadores à cidade de Esperança. A partida teve início às 15h30 horas do domingo, dia 10 de agosto de 1952. O primeiro tempo terminou sem que nenhuma das equipes abrisse o placar. Os jogadores faziam “cancha” no centro do campo, sem nenhuma produção. A disputa parecia monótona no primeiro tento. Para a segunda fase, os atletas apresentaram maior disposição, movimentando-se no gramado com mais agilidade. O América de Esperança não demonstrou sua costumeira fibra frente os pupilos de Olavo. Os campinenses agigantaram-se, mas não souberam aproveitar o momento, perdendo várias oportunidades de ataque. Com isso, a ofensiva americana armou jogadas oportunistas com atuação do centro-médio, seguido pelo arqueiro que também teve boa atuação n

Involução, Professor José Coêlho

Tratando ainda sobre o tema das terras de Montadas, antigo distrito de Esperança, que estavam por serem amealhadas por Pocinhos, cujo tema foi abordado pelo colega Antônio Veríssimo de Souza Segundo, neste BlogHE, trazemos à baila agora um texto de autoria de José Coêlho da Nóbrega, intitulado “Involulção”, publicado n’O Norte. Eis a crítica do professor: “ Este o termo melhor aplicado às mentalidades que dirigem os destinos do promissor, porém, infeliz Município de Esperança. É de regra geral as edilidades inverterem todos os seus esforços no sentido de angariar o que possível e o quanto podem para enriquecerem o patrimônio municipal. Em Esperança, no entanto, não se dá este fenômeno. Prefeito houve que vendeu reservas de tubos de ferro destinados ao serviço d’água, e, Prefeito há, que, não achando lícito o ato de vender vem de dar de mão beijadas, aquilo que custou uma oportunidade e grande interesse de alguém que zelou, pela terra comum, como seja o distrito de Montada.

Administração Francisco Bezerra

Francisco Bezerra da Silva foi prefeito em nossa cidade por dois mandados: o primeiro interino, de 10 de junho à 06 de novembro de 1945; o segundo, e eleito juntamente com Pedro Mendes para o mandato de 1951/1955. Ocupemos desta segunda gestão para fazer um breve resumo de sua administração. Esperança à época ocupava 351 Km2, com 25 mil habitantes. Por óbvio estavam inclusos os distritos de Areial e Montadas, que depois se emanciparam para constituírem os respectivos municípios, nossas cidades coirmãs. Os recursos do erário eram limitados. O comércio sofria as influências da seca, afetada pela queda da “ produção agavieira, cultura que suplantou as antigas lavouras de cereais, base da economia do município ” - porém o prefeito empreendia esforços em prol de sua comunidade -, noticiava “O Norte”, que se ocupou também dos aspectos históricos de nossa origem: “ A povoação primitiva, fundada no local que os indígenas chamavam Banabué, progrediu junto ao reservatório de água ainda

Práticas judaicas em Esperança

Interessante debate aconteceu hoje (11/08) no grupo do Instituto Histórico e Geográfico de Esperança – IHGE, em torno das práticas judaicas em Esperança. O confrade Arthur Richardson lançou a seguinte pergunta: “ Hoje eu fui no Sítio de Campo Formoso e observei algumas casas antigas com um relevo de um losango e uma estrela no meio. Trata-se de algum símbolo judeu ?”. Em resposta, interveio Ismaell Bento que está fazendo um estudo genealógico de sua família e famílias esperancenses: “ Nos sítios da minha família [no Logradouro] haviam estrelas e luas em alto relevo na frente das casas ”. E acrescenta o pesquisador: “ Algumas famílias de Esperança são descendentes de seridoenses. E lá havia muitos descendentes de cristãos novos ”. De fato, já escrevemos aqui mesmo nesse blog sobre as origens judias do Município; do primeiro judeu, André Rodrigues (1852-1939) que foi casado com Maria Cecília e residia na vila de mesmo nome, cujo casarão histórico ainda resiste às investidas do t

Sol: Um poeta ressurgido

Silvino Olavo (1952) Deparei-me, há poucos dias, com uma nota de jornal que chamava a atenção para o poeta Silvino Olavo: “Ressuscitou!” - estampava o matutino – “Praticamente curado o conhecido vate paraibano – Publicará novo livro: 'Harmonia das Esferas' – Morando no interior do Estado” (O Norte: 17/08/1952). De fato, alguns já o tinha por “morto”, já que há mais de duas décadas não se tinha notícias do poeta, que se encontrava internado em uma casa para alienados. Narra o jornal uma sua visita à Campina Grande, em companhia do cunhado Waldemar Cavalcanti, onde mantivera contato com algumas livrarias, pois estava trabalhando em seu novo livro. Praticamente curado, residindo em Esperança, com os seus pais, apresentava-se “lúcido (...), gordo, forte, paradoxalmente queimado e sanguíneo”. Esta era a impressão do jornalista. Também Carlos Romero, registrava o seu “Retorno”, nas páginas daquele noticiário: “A província não quis acreditar na boa nova. Foi como se

Inaugurada a Casa Irmã Luciana

Descerramento da placa por autoridades locais. Foto: TJPB Casa de Acolhimento Institucional para crianças em situação de risco é inaugurada em Esperança. Notícia veiculada no site do TJPB, em 08 de agosto de 2019. A Casa Irmã Luciana, criada para acolher institucionalmente crianças e adolescentes em situação de risco das cidades de Esperança, Montadas, Lagoa de Roça e Areial, foi inaugurada nessa quinta-feira (8). A iniciativa é fruto de um consórcio feito pelas respectivas prefeituras municipais e intermediado pelo Judiciário local, por meio da juíza titular da 2ª Vara Mista da Comarca de Esperança, Adriana Lins de Oliveira Bezerra, e pela promotora de justiça Fábia Cristina Dantas Pereira. O local vai atender a crianças e adolescentes sob medida protetiva judicial por não poderem permanecer no convívio familiar, conforme explicou a magistrada. “São crianças que sofreram maus tratos dos pais ou algum tipo de abuso, a exemplo do sexual, e, por isso, foram institucionalizadas

Banaboé: Primeiro batismo

O pesquisador Ismaell Bento tem se esmerado em descobrir as origens do nosso Município. O seu trabalho se acentuou nestes últimos meses, através dos livros de tombos paroquiais. Foi com muita alegria que ele nos enviou o primeiro registro de batismo que se conhece nesta terra de Banabuyé. Acontecido em 24 de novembro de 1862, foi levada à pia batismal a “parvula” – designação do recén-nascido – ou “inocente” de nome Mariana, filha de Ignácio Gomes de Andrade e Francisca Romana da Conceição, moradores desta freguesia. Celebrou o ato religioso o Padre José Antunes Brandão. A seguir transcrevemos, na linguagem de sua época, o batistério da menor Mariana: “ Aos vinte e quatro de novembro de mil oitocentos e sescenta e dois, no lugar Banaboe desta freguesia de Alagoa Nova, baptizei solenemente a parvula Mariana, parda com idade de cinco dias filha legitima de Ignacio Gomes de Andrade, e Francisca Romana da Conceição, padrinhos Manoel Felix da Costa, digo, Manoel Martins da Silva e

Banabugé: Esperança (Matheus D'Oliveira)

Transcrevo a seguir um texto de Matheus de Oliveira sobre a nossa antiga denominação que, segundo o escritor, fora mudada para o nome de Esperança pelo Padre Ibiapina Sobral, reforçando assim uma antiga suposição. Não é forçoso lembrar que este missionário foi auxiliar do Padre Jeronymo César, vigário de Alagoa Nova, quando deu posse ao Padre Francisco Gonçalves de Almeida, nosso primeiro vigário paroquial. Eis o artigo em questão: “ A antiga Banabugé, que era há sessenta anos, uma feira numa fazenda a 15 kilometros a N. O. de Alagoa Nova, atingiu rapidamente a situação admirável que todos proclamam surpreendidos a meio do que esperavam encontrar penetrado a localidade a que tão apropriadamente cabe a denominação de Esperança. Era bem fundada a esperança do missionário inteligente e operoso, que por ali passara e concorrera para a mudança do nome primitivo. Em pouco tempo, povoada ficou a antiga fazenda de criar gados, que Ibiapina visitara com uma admiração sincera e jus

Antônio Silvino desafia a polícia

Antonio Silvino tinha uma rixa pessoal com a polícia de Esperança, pois o delegado sempre lhe armava emboscadas. Há muito aguardava uma oportunidade para invadir essa vila, só não o fizera ainda em atenção aos comerciantes locais, que sempre lhe acudiam as suas necessidades e, mais recente a pedido do Padre Almeida, que lhe prometera rogar às autoridades estaduais o indulto para os seus crimes. Um destacamento da volante, que estava aquartelado em Campina Grande, comandada pelo Alferes Irineu Rangel, lhe fazia frente chegando a tomar-lhe um rifle e munições no dia 10 de março de 1913. Antes deste encontro porém, e muito perto desta vila, o cangaceiro provocou o Alfedres Eduardo, delegado de polícia de Esperança, marcando o local de um encontro, para um desafio de armas. O alferes prontamente atendeu, mas o Silvino fugiu ao enfrentamento, acusado que estava pela força policial. O chefe de polícia telegrafou para vários pontos do Estado, ordenando providências urgentes para o c

Carta do Padre Almeida

Escrevemos em artigo anterior sobre a presença de Antônio Silvino neste Município de Esperança, Estado da Paraíba. Demos conta de como um paroquiano, durante uma missa celebrada pelo Padre Francisco Gonçalves de Almeida, lhe avisou da iminente investida do cangaceiro a esta cidade, intervindo o religioso que não o fizesse, mediante a promessa de buscar, junto às autoridades constituídas, o indulto para os seus crimes. A entrevista do vigário foi veiculada no jornal “O Norte”, deste Estado, repercutindo em todo o país. Após a publicação desses fatos, julgou o Padre Almeida escrever uma carta explicando o ocorrido, “ de modo a que fique perfeitamente conhecido o justo motivo do meu aparecimento em tão melindroso assunto ”. Achamos por bem transcrever a missiva, pela sua relevância e para que se compreenda melhor esta passagem histórica: “ Vigário encomendado da Freguesia de Esperança, neste Estado, tive ciência de que o referido Antônio Silvino se propunha a afetuar uma t