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Padre Zé e o Cinquentenário da Escola das Neves

Quando a Escola das Neves, que funcionava na Capital paraibana, completou cinquenta anos, o Padre Zé Coutinho escreveu uma emocionada carta que foi publicada no Jornal O Norte em 13 de novembro de 1956. O fundador do Instituto São José iniciou os estudos primários no Colégio Diocesano Pio X, quando aquele educandário funcionava como anexo ao Seminário Arquidiocesano da Parahyba. Depois matriculou-se no Colégio N. S. das Neves, naquela mesma cidade, pois ainda havia uma seção para estudantes do sexo masculino. Retornou, depois, para o Pio X para fazer o curso secundário. A missiva – endereçada a Benedito Souto – trazia o seu depoimento sobre aquele tradicional educandário: “Também, fui aluno do Curso Masculino, de Julho de 1906 a Novembro de 1907, ao lado de Alceu, Antenor e Mirocem Navarro, Mário Pena, Paulo de Magalhães, João Dubeux Moreira, Ademar e Francisco Vidal, Otacílio Paira, Mário Gomes, Gasi de Sá e tantos outros” – escreveu o Padre Zé. Era professora a Irmã Maria Anísi...
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A Exposição de Helle Bessa

  Por Ângelo Emílio da Silva Pessoa*   Nessa Quinta-feira (12/06/25), na Galeria Lavandeira (CCTA-UFPB), tive a honra e o prazer de comparecer à abertura da Exposição "Impressões Contra o Fim", da artista plástica Helle Henriques Bessa (1926-2013), natural de Esperança (PB) e que tornou-se Freira Franciscana de Dillingen, com o nome de Irmã Margarida. Durante anos foi professora de artes nos Colégios Santa Rita (Areia) e João XXIII (João Pessoa). Helle Bessa era prima da minha mãe Violeta Pessoa e por décadas convivemos com aquela prima dotada de uma simpatia contagiante. Todos sabiam de seu talento e que ela havia participado de exposições internacionais, mas sua discrição e modéstia talvez tenham feito com que sua arte não tenha ganho todo o reconhecimento que merecia em vida. Anos após seu falecimento, as Freiras Franciscanas doaram seu acervo para a UFPB e foi possível avaliar melhor a dimensão de seu talento. As falas na abertura destacaram seu talento, versatilida...

Sitio Banaboé (1764)

  Um dos manuscritos mais antigos de que disponho é um recibo que data de 1º de abril do ano de 1764. A escrita já gasta pelo tempo foi decifrada pelo historiador Ismaell Bento, que utilizando-se do seu conhecimento em paleografia, concluiu que se trata do de pagamento realizado em uma partilha de inventário. Refere-se a quantia de 92 mil réis, advinda do inventário de Pedro Inácio de Alcantara, sendo inventariante Francisca Maria de Jesus. A devedora, Sra. Rosa Maria da Cunha, quita o débito com o genro João da Rocha Pinto, tendo sido escrito por Francisco Ribeiro de Melo. As razões eram claras: “por eu não poder escrever”. O instrumento tem por testemunhas Alexo Gonçalves da Cunha, Leandro Soares da Conceição e Mathias Cardoso de Melo. Nos autos consta que “A parte de terras no sítio Banabuiê foi herdade do seu avô [...], avaliado em 37$735” é dito ainda que “João da Rocha Pinto assumiu a tutoria dos menores”. Registra-se, ainda, a presença de alguns escravizados que vi...

Dica de Leitura: Badiva, por José Mário da Silva Branco

  Por José Mário da Silva Branco   A nossa dica de leitura de hoje vai para este livro, Badiva, voltado para a poesia deste grande nome, Silvino Olavo. Silvino Olavo, um mais ilustre, representante da intelectualidade, particularmente da poesia da cidade de Esperança, que ele, num rasgo de muita sensibilidade, classificou como o Lírio Verde da Borborema. Silvino Olavo, sendo da cidade de esperança, produziu uma poesia que transcendeu os limites da sua cidade, do seu Estado, da região e se tornou um poeta com ressonância nacional, o mais autêntico representante da poética simbolista entre nós. Forças Eternas, poema de Silvino Olavo. Quando, pelas ruas da cidade, aprendi a flor das águas e a leve, a imponderável canção branca de neve, o teu nome nasceu sem nenhuma maldade, uma imensa montanha de saudade e uma rasgada nuvem muito breve desfez em meus versos que ninguém escreve com a vontade escrava em plena liberdade. Silvino Olavo foi um poeta em cuja travessia textual...

Padre Zé: cidadão pessoense

  O Monsenhor José da Silva Coutinho – Padre Zé – nasceu em Esperança, nesse Estado da Paraíba, tendo dedicado a sua vida em benefício de seus semelhantes da capital paraibana, em que pese o seu campo social não se limite aquela cidade, pois há notícias de sua atuação de Cabedelo a Cajazeiras, nos confins do sertão tabajara. Nasceu na rua do Sertão, hoje Solon de Lucena, aos 18 de março de 1897, quando o município era uma povoação. Filho do casal Júlio da Silva Coutinho e Eusébia de Carvalho Coutinho. Iniciou os estudos primários no Colégio Diocesano Pio X na capital, quando aquele educandário funcionava como anexo ao Seminário Arquidiocesano, depois matriculou-se no Colégio N. S. das Neves, naquela mesma cidade, quando ainda havia uma seção para estudantes do sexo masculino; depois retornou para o Pio X para fazer o curso secundário. Os tios Dom Santino e Monsenhor Odilon Coutinho foram muito importantes neste início de sua educação. Prosseguiu seus estudos superiores no S...

Renato Rocha: um grande artista

  Foto: União 05/12/2001 “A presença de autoridades, políticos e convidados marcou a abertura da exposição do artista plástico Renato Rocha, ocorrida no último final de semana, na Biblioteca Pública Dr. Silvino Olavo, na cidade de Esperança, Brejo paraibano. A primeira exposição de Renato Ribeiro marca o início da carreira do artista plástico de apenas 15 anos. Foram expostas 14 telas em óleo sobre tela, que também serão mostradas no shopping Iguatemi, CEF e Teatro Municipal de Campina Grande já agendadas para os próximos dias. A exposição individual teve o apoio da Prefeitura Municipal de Esperança através da Secretaria de Educação e Cultura, bem como da escritora Aparecida Pinto que projetou Renato Rocha no cenário artístico do Estado. Durante a abertura da Exposição em Esperança, o artista falou de sua emoção em ver os seus trabalhos sendo divulgados, já que desenha desde os nove anos de idade (...). A partir deste (...) Renato Ribeiro espera dar novos rumos aos seus projeto...

Epaminondas Câmara, por Hortênsio Ribeiro

  NO HISTORIADOR IRINEU JÓFFILY SE RESUMEM AS QUALIDADES CULMINANTES DA NOSSA APTIDÃO Hortênsio de Souza Ribeiro (Discurso pronunciado na Academia Paraibana de Letras, por ocasião da posse do Acadêmico Epaminondas Câmara no dia 21 de julho de 1945).   “Epaminondas Câmara nasceu na cidade de Esperança, a antiga vila de Banabuié, que tão belos espíritos, tem dado à Paraíba: um Silvino Olavo, um Samuel Duarte, por exemplo. Descendente da velha copa paraibana, foram seus pais: Horácio de Arruda Câmara e D. Idalgina Sobreira Câmara. A sua infância viveu Epaminondas em Esperança, donde se ausentou aos 10 anos para Batalhão ou Taperoá, permanecendo nesta cidade sertaneja dois lustros, quando se transladou definitivamente para Campina Grande em 1920. Nunca frequentou escolas nem colégios. Aprendeu noções de primeiras letras em Esperança com a professora D. Maria Sobreira, viúva de Juviniano Sobreira, e em Batalhão com o professor Minervino Lúcio de Vasconcelos Cavalcanti. Em...

O Turista Aprendiz e o Poeta dos Cysnes

  Silvino Olavo – ou simplesmente Sol – foi o poeta que recepcionou Mário de Andrade na Paraíba com outros intelectuais de renome quando o escritor de “Macunaíma” fazia a sua “viagem etnográfica” patrocinada pelo Diário Nacional, jornal paulista que circulou de 1927 a 1932. Ele ajudou o folclorista fazendo contatos locais na Capital e em passeios pelas cidades da Parahyba e Rio Grande do Norte. O “Turista Aprendiz”, como ele próprio se denominava em suas publicações, registrava em suas viagens as manifestações culturais. A visita ao nosso Estado foi assim descrita em suas anotações: “ Paraíba, 28 de janeiro, 3 da madrugada . Este primeiro dia de Paraíba tem de ser consagrado ao caso da aranha. Não é nada importante porém me preocupou demais e o turismo sempre foi manifestação egoística e individualista. Cheguei contente na Paraíba com os amigos José Américo de Almeida, Ademar Vidal, Silvino Olavo me abraçando. Ao chegar no quarto pra que meus olhos se lembraram de olhar pra...

Odaildo: remoendo histórias

Por esses dias Odaildo enviou-me mensagem por aplicativo de celular. Dizia-me da satisfação em ler o BlogHE. E o quanto essa leitura reavivara as suas memórias. É um bom amigo. De forma cordial, cita alguns das personagens esperancenses, que ele mesmo conheceu. Enfim, nesse contexto histórico reproduzo a sua mensagem: “ Dr Rau, acho mais bonito assim. Suas histórias da nossa Esperança me fazem gostosas lembranças que alegram meu coração e remove da minha mente a Esperança de outrora, tão interessante, tão pura o que hoje foi esquecida pelo materialismo que existe em nossa população. Mas, nunca é demais relembrar. Tem dias que fico remoendo minha história e vejo e agradeço a Deus ter vivido nesse tempo. Me lembro de Zé burra feia, me lembro de Pedro Pixaco, me lembro de Faustino andando na rua comendo um pão crioulo com figo aferventado, me lembro de Massilon, guarda noturno, dormindo com o apito na boca, na porta da igreja, me lembro de Garrancho com seu sapato Fox fazendo barulho ...

Salvação, poema de Rau Ferreira

  Salvação Eu era nada E nada me enchia Nada satisfazia O meu ego.   Eu era nada (nada ainda sou) Jesus me salvou! Disso não nego.   Hoje prego Pra você a salvação O reino eterno De amor e comunhão.   Quem crê, será salvo Quem não, está condenado; Creia e serás também Com Cristo uma união.   Banabuyé, 16/04/2025   Rau Ferreira   Comentário : Não há reparos a fazer, sobretudo na doutrina, os veros escolhe-se silabação distinta que é absolutamente normal, fica a critério do poeta; mas a doutrina e o ensino que está presente nos versos é absolutamente bíblica, porque fala a respeito da nossa condição, ao tempo que exalta a suficiência, a glória devida do nosso Salvador. Os versos do ponto de vista métrico têm quatro, cinco ou seis sílabas poéticas e isso é ao talante do poeta que vai construindo o seu poema. A doutrina é boa, é bíblica e saudável, poeticamente comunica aquilo que Cristo é e o que nós nos...

José Régis, por Martinho Júnior (1ª Parte)

Por Martinho Júnior   Dr. José Régis, ilustre filho de Esperança, marcou sua trajetória como exemplo de ascensão e realização no âmbito jurídico. Filho do respeitado Sr. Alfredo Régis, que dá nome a uma das ruas da cidade, José Régis galgou muitos degraus na carreira jurídica, consolidando-se como juiz e acumulando um currículo repleto de títulos e funções de destaque na área do direito. Homem de vasta cultura e vivências globais, viajou por mais de uma dezena de países, enriquecendo sua visão de mundo e sua bagagem intelectual. Retornando à sua terra natal, movido pelo desejo de retribuir à comunidade suas experiências e conhecimentos, decidiu candidatar-se a vereador, vislumbrando contribuir diretamente para o desenvolvimento local. Contudo, sua entrada no cenário político revelou-se um choque de realidades. Esperança, que poderia ter visto em sua candidatura um privilégio raro, mostrou-se indiferente ao valor de sua capacidade intelectual e boa vontade. Enfrentando inúmeras ...

Sol e sua atuação jornalística

Poeta, jornalista e escritor Silvino Olavo da Costa destacou-se em publicações na imprensa da Parahyba, Pernambuco e Rio de Janeiro. Silvino nasceu na Lagoa do Açude, muito distante da sede do município. O seu pai era fazendeiro. Naquele tempo, devido a distância e outros fatores, os proprietários "contratavam" professores para lecionarem aos seus filhos e filhos dos moradores. Esses mestres passavam a residir na propriedade e a sala da Casa Grande lhes servia de escola. É provável que isto tenha acontecido ao poeta. A educação "formal", por assim dizer, ele iniciou no Externato do casal Joviniano Sobreira e Maria Augusta, em Esperança (1915). Presume-se que já sabia ler, assim como fazer contas simples; não se exigia muito além da tabuada e algumas operações matemáticas. De maneira que o seu ingresso escolar, neste município, no meu entender foi para complementar a sua educação, pois ele só poderia prosseguir para o ginásio se passasse pelo ensino primário. ...

A minha infância, por Glória Ferreira

Nasci numa fazenda (Cabeço), casa boa, curral ao lado; lembro-me de ao levantar - eu e minha irmã Marizé -, ficávamos no paredão do curral olhando o meu pai e o vaqueiro Zacarias tirar o leite das vacas. Depois de beber o leite tomávamos banho na Lagoa de Nana. Ao lado tinham treze tanques, lembro de alguns: tanque da chave, do café etc. E uma cachoeira formada pelo rio do Cabeço, sempre bonito, que nas cheias tomava-se banho. A caieira onde brincávamos, perto de casa, também tinha um tanque onde eu, Chico e Marizé costumávamos tomar banho, perto de uma baraúna. O roçado quando o inverno era bom garantia a fartura. Tudo era a vontade, muito leite, queijo, milho, tudo em quantidade. Minha mãe criava muito peru, galinha, porco, cabra, ovelha. Quanto fazia uma festa matava um boi, bode para os moradores. Havia muitos umbuzeiros. Subia no galho mais alto, fazia apostas com os meninos. Andava de cabalo, de burro. Marizé andava numa vaca (Negrinha) que era muito mansinha. Quando ...