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Zé-Poema

  No último sábado, por volta das 20 horas, folheando um dos livros de José Bezerra Cavalcante (Baú de Lavras: 2009) me veio a inspiração para compor um poema. É simplório como a maioria dos que escrevo, porém cheio de emoção. O sentimento aflora nos meus versos. Peguei a caneta e me pus a compor. De início, seria uma homenagem àquele autor; mas no meio do caminho, foram três os homenageados: Padre Zé Coutinho, o escritor José Bezerra (Geração ’59) e José Américo (Sem me rir, sem chorar). E outros Zés que são uma raridade. Eis o poema que produzi naquela noite. Zé-Poema Há Zé pra todo lado (dizer me convém) Zé de cima, Zé de baixo, Zé do Prado...   Zé de Tica, Zé de Lica Zé de Licinho! Zé, de Pedro e Rita, Zé Coitinho!   Esse foi grande padre Falava mansinho: Uma esmola, esmola Para os meus filhinhos!   Bezerra foi outro Zé Poeta também; Como todo Zé Um entre cem.   Zé da velha geração Dos poetas de 59’ Esse “Zé-Revolução” Ainda me
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Uma carta do Padre Zé

  A carta a seguir foi extraída da reportagem de André Aguiar publicada no Portal S1, com o seguinte título: “Em defesa do Padre Zé Coutinho”, em data de 02 de novembro de 2023. O colunista nos informa que mesmo sem procuração exerce a defesa do sacerdote que muitas vezes foi criticado por suas ações, a exemplo de quando celebrava missa para os detentos na Cadeia Pública de João Pessoa (1947) concedendo-lhe a eucaristia. Os seus críticos diziam que os presos não seriam dignos de receber a comunhão, ao que respondeu o religioso lembrando-lhes a passagem de Mateus 2:17. O texto ainda cita um fato acontecido numa cidade brejeira, em que Padre Zé foi até ao prefeito pedir-lhe uma ajuda para os pobres daquele município que residiam no seu abrigo, negando o gestor sob o pretexto de que desconhecia o seu número, replicando-lhe o sacerdote:   - O senhor que é prefeito não sabe imagine eu que sou apenas o portador do pedido! Segundo consta, a autoridade deu-lhe uma pequena contribuição, mas

Evolução do catolicismo, de Epaminondas Câmara

  Depois do livro de Boulanger Uchôa (Subsídios para a História Eclesiástica de Campina Grande), o que mais se aproxima acerca do registro histórico da religião campinense é o livro de Epaminondas Câmara: “ Evolução do catolicismo na Paraíba-aos 500 anos da descoberta do Brasil ” Moacir Germano, em suas notas introdutórias, destaca a destreza do autor, que ao mesmo tempo se apresenta como “historiador e artista”, comparando-o a Tolstói em seu clássico “Guerra e Paz”: “ E Epaminondas Câmara, ao que nos parece, tinha também essa consciência e guardava em si, intrinsicamente ligados, os espíritos do historiador e do artista ao mesmo tempo ” (CÂMARA: 2000). Foi imbuído nesse espírito que o escritor esperancense começou a escrever, para o órgão católico “A Imprensa”, artigos que foram publicados entre 9 de abril a 12 de agosto de 1950, totalizando sessenta textos que compuseram este livro sobre o catolicismo na Paraíba. O jornal “A Imprensa Catholica” foi criado em 1893 pela Diocese

Cantador - Estrela da Poesia (poema de Rau Ferreira)

  Cantador de viola Tem que ser bom de prosa Sujeito de improvisação; Se não fizer verso na hora A rima sai desastrosa.   Conheci um cantador De rima orgulhosa Cantava feito menino Cantador de verso fino Já está na fé gloriosa.   Esperança é terra De grandes repentistas Prosadores da multidão Voz do povo nordestista Que noticia ocasião.   Cantador prá ser bão Deve trazer no gibão Uma porção de alegria; E a estela da poesia Como suma vocação.   Banabuyé, 26 de janeiro de 2019.   Rau Ferreira

Os irmãos cantadores da Mulatinha

  Toinhoho e Dedé foram grandes cantadores, ambos começaram com a embolada de coco, um gênero do cancioneiro popular. Têm sua origem no Sítio Mulatinha, propriedade de sua avó Maria. Toinhoho assim declama em versos o nome do lugar, atribuindo-lhe a suposta gênese:   “ Daí vem a sua história que nos versos se encaminha sua avó era mulata chamavam de mulatinha seu nome cresceu demais [...]”. (Toinho e sua biografia: 200--).   Eram ao todo onze filhos de dona Severina Maria da Conceição e Manoel Patrício de Souza. Ela fazia utensílios de barro para vender nas feiras. Ele era agricultor. O primogênito José “Dedé” Patrício (1914-1994) foi quem iniciou na cantoria, com doze anos de idade; e ensinou Antônio “Toinho” Patrício (1927-2016) na arte do coco, já aos dez anos. O pai repreendia Dedé, pois considerava aquilo “coisa de preguiçoso”, mas esse justificava que as pessoas admiravam a sua inteligência e lhe pediam para cantar algo:   “[...] não papai, é porque quando

O Centenário de Cysnes

  Este ano (2024) se comemora o centenário da publicação de “Cysnes”, primeira obra poética de Silvino Olavo da Costa. O maior representante do Simbolismo paraibano, nasceu em Esperança em 27 de julho de 1897. Era filho do Coronel Manoel Joaquim Cândido e dona Josefa Martins Costa. Na juventude, Silvino sofrera um grande golpe do destino: se apaixonou por uma bela moça, filha de um comerciante esperancense. O romance não fora bem aceito pela mãe do poeta, e por outro lado, o seu pai queria que o rapaz seguisse seus passos. A conjugação dessas duas vontades não poderia resultar noutra coisa senão a fuga do lar. Ex Libris do autor, o compêndio poético abre com uma frase de Alves de Souza (1884/1922): “ O sofrimento é a grande serenidade ...” e uma citação de Georges Rodenbach (1855/1898): “ Guilandes de la glrie, ah! vaines, toujours vaines! Mais c’est triste pourtant quando n avait rêvé, De ne pas trop perir et d’etre um peu sauvé Et de laisser de soi dans les barques humain

A Civilização da Farinha

  Epaminondas Câmara nasceu em Esperança, na Paraíba. Descendia do tronco dos Oliveira Lêdo pelo lado materno; e do açoriano Francisco de Arruda Câmara. Era assim, pentaneto de Francisco e octaneto de Teodósio, sendo o cristão novo (marrano) Bartholomeu Ledo seu decavô. Tinha, portanto, uma descendência judia por ser Zera Ysrael (semente de Israel) ou Bani Anosim, pois foram forçados a se converter ao cristianismo. Entre tantos e tantos escritos deste historiador, chama-nos a atenção a descoberta, na Paraíba, da “Civilização da Farinha” que, no dizer de Câmara Cascudo, antecedeu a cultura do couro. A mandioca já era uma antiga conhecida dos índios. Dela os aborígenes faziam a farinha d’água, o pão de guerra, a carimã e o beiju. Na época dos escravos, os trabalhadores eram alimentados com dois punhados de farinha seca, umedecidos na boca com suco de laranja. Encontramos este produto, no ano 1624, não unicamente como indígena, tendo-se popularizado, ao ponto de ser utilizada nas g