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Mostrando postagens de outubro, 2016

Esperança sob o golpe do AI-5 (Parte III, por Joacil Braga Brandão)

Joacil Braga Brandão Amigos Rau Ferreira, Evaldo Brasil, Pedro Dias do Nascimento, Martinho Júnior Corretor, Pedro Paulo de Medeiros. A Minha Memória No início da segunda metade da década de 60 foi instalada uma célula do Partido Comunista, oficialmente extinto, em Esperança. Os seus integrantes apoiavam nas eleições o antigo PSD. As reuniões eram realizadas na oficina/sapataria de Jaime Pedão, localizada na Rua Nova, sempre à noite e de portas fechadas; as vezes se estendia até quase à meia noite. Dela participavam, além de Papai, o Jaime Pedão, o Simião, o Sr. Milton do IBGE, o Nicinho do Correio, e esporadicamente, o Sr. Chico Pitiu, o Fernando do Correio e um Odontólogo muito amigo do meu pai, que posteriormente se tornou compadre, mas cujo nome não estou recordando. O consultório odontológico funcionava numa sala no Grupo Escolar “Irineu Joffily”, e morava numa casa vizinha a Panificadora do Sr. Otávio. Nas reuniões eram tratados assuntos de como angariar simpatizante

Esperança sob o golpe militar do AI-5 (Parte II)

Após a nossa publicação em uma rede social sobre o tema surgiram alguns comentários de pessoas amigas, como Pedro Dias do Nascimento, Joacil Braga Brandão, Martinho Júnior e Pedro Paulo de Medeiros. Nesta segunda parte está a síntese dessas contribuições. Boa leitura! Em meados de ‘63, Zezinho Bezerra expunha a sua ideologia política em palestras realizadas no bar de seu Dedé. Os estudantes eram convidados, Pedro Dias e Beinha estavam na vanguarda. Este último classificado, em público como “humanista”, e em segredo um “ardoroso revolucionário”. Se expor representava um risco de prisão eminente, e não sabemos quais implicações seria a prisão do filho do presidente da Câmara Municipal. Tempos depois, Zezinho passou a ser procurado pelos milicianos. Segundo o historiador João de Deus Melo, o seu tio Samuel Duarte lhe ajudou a sair do país. Nesse aspecto, nos informa Martinho Júnior que: “ embora [ele] não fosse ideologicamente defensor do clero, teria obtido ajuda de um Padre quand

Esperança sob o golpe do AI-5 (Parte I)

O AI-5 (Ato Institucional nº 5) foi o mais duro golpe da Ditadura no Brasil. Baixado pelo em 13 de dezembro de 1968, impôs uma série de restrições aos direitos individuais, conferindo carta branca para ações arbitrárias do governo. Muitos cidadãos foram perseguidos, presos, cassados, torturados e até mortos em nome do ultranacionalismo. As consequências deste nefasto ato chegaram a nossa pequenina Esperança, onde o Centro Estudantal que funcionava perto do calçadão teve suas portas arrombadas e toda a documentação espalhada pelo chão. De certo que os autores deste delito procuravam alguma prova que pudesse incriminar os estudantes, contudo nada encontraram. Um dos líderes estudantis por presságio ou algum sentido apurado, na manhã daquele dia retirou de lá panfletos e manuscritos que poderiam ser taxados de subversivos pelos militares. À noite quando o crime foi cometido encontraram apenas material escolar sem qualquer implicação. Em nossa cidade foram poucos os que ousaram se opo

APPTA e suas conquistas

Os agricultores da associação do Sítio Timbaúba em Esperança conseguiram melhorar de vida e inclusive resolver o problema da moradia por meio do associativismo. A associação dos Pequenos Produtores de Timbaúba e Araras (APPTA) foi fundada em 14 de dezembro de l990, para dar apoio aos pequenos produtores rurais, com abrangência nas localidades de Timbaúba, Araras e adjacência. A sede fica no Sítio Timbaúba. Ela mantém um blog informativo acerca de suas atividades (http://associacaodetimbaubapb.blogspot.com.br/). Com participação ativa na vida da comunidade, realiza e participa dos principais festejos (padroeiro, dia dos pais, das mães, das crianças e etc) e desenvolve diversos projetos, a exemplo do “Timbaúba Verde” cujo objetivo é “Contribuir com o reflorestamento da nossa região, produzindo mudas nativas, frutíferas, medicinais e ornamentais”. Através de projetos e reivindicações conseguiram comprar um carro para a associação, construir uma igreja, a sede própria e até a co

Excelência aos mortos (P. S. de Dória)

Quando criança, ainda pelos idos de 1951/52 levaram-me como companhia, a um certo velório no sítio Cinzas, comunidade pertencente ao município da cidade de Esperança-PB. Saímos de casa à tarde, caminhamos por mais de uma hora e já era tardinha, quase noite, quando lá chegamos. Tratava-se de uma anciã rezadeira bem conhecida na região cuja idade dizia-se ser acima dos 70 anos, que morava sozinha e que havia morrido “de repente”, denominação que se usava quando alguém “infartava” naqueles tempos, fulminantemente. A falecida era vizinha de uma minha irmã, a mais velha, Ovídia, casada havia poucos anos e que hoje com quase 93 anos, encontra-se acometida de Alzheimer. A casinha da falecida era pequena, de taipa, coberta com um misto de folhas de coqueiro e sapé, e o piso de chão batido. Entramos, e para minha curiosidade de criança amedrontada, a defunta jazia deitada sobre um tablado à meia altura, suspenso por dois cavaletes de paus verdes cortados, e, recentemente improvisado. As visi