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Mostrando postagens de setembro, 2023

João Benedito: verso e reverso

  Escritores e folcloristas colocam o nome de João Benedito aparece entre os maiorais da poesia popular, ao lado de Leandro Gomes de Barros, José Duda e Romano. O “Viana de Esperança”, no dizer de Josué da Cruz em uma cantoria. “ O Viana de Esperança Eu ouço desde menino Tem memória e peito fino, Canta e glosa abertamente! Faz gosto ouvir o repente Do cantador nordestino! ” Assim é o trabalho de Márcia Abreu (História de cordéis e folhetos: histórias de leitura), que cita além do nosso poeta esperancense: Inácio da Catingueira, Manoel Cabeceira, Neco Martins e Preto Limão: “ Estes cantadores apresentavam-se nas casas-grandes das fazendas ou em residências urbanas, em festejos privados ou em grandes festas públicas e feiras. Alguns permaneciam nos locais em que residiam – suas “ribeiras” – aguardando a chegada de um oponente; outros percorriam o sertão, cantando versos próprios ou alheios, apresentando-se sozinhos ou em duplas. Quando um cantador encontrava-se desacomp

As terras de Banabuyé

  Página do inventário   As terras de Banabuyé foram concedidas inicialmente por Sesmaria, que eram porções de terras doadas pela coroa portuguesa com a finalidade de povoar o “sertão”. Esta gleba pertencia ao casal Marinha Pereira de Araújo e João da Rocha Pinto. Eles se “ estabeleceram-se em Lagoa Verde (Banabuê - no brejo), cerca de oitenta quilômetros da fazenda Santa Rosa ” (SOARES: 2003, p. 52). Amarinha Pereira de Araújo era bisneta de Teodósio de Oliveira Ledo, do ramo genealógico fundador de Campina Grande (PB). Filha de Paulo de Araújo Soares (1710/1787) e Teresa de Jesus Oliveira. A Sesmaria de João da Rocha foi concedida em 1713, e revalidada em 1753, para a Sra. Rosa Maria, viúva de Balthazar Gomes, que a possuía há cerca de 40 anos, com a denominação de “ sítio lagôa Bonaboiji por data que dele lhe fez seu pai João Gonçalves Seixas ” (TAVARES: 1982, p. 229). Dela se origina a Fazenda Banaboé Cariá, que se constituiu em entreposto de criação de gado, sob os domín

João Benedito: o caso do tenente corrupto

  João Viana dos Santos – João Benedito – nasceu em Esperança no ano de 1860 e faleceu em Remígio em 1943. Cantador e repentista, residia na rua do Boi [rua Senador Epitácio]. Era um trabalhador braçal, negro e pobre, todavia afamado pela habilidade de compor versos, sendo considerado um dos precursores da literatura que costumamos chamar de “Cordel”. A sua importância foi registrada por Câmara Cascudo, Coutinho Filho, Átila Almeida José Alves Sobrinho e outros folcloristas. E seu potencial afirmado por Josué da Cruz, que o igualou aos temíveis cantadores de sua época. O cidadão Saro Amâncio, em um depoimento que nos foi concedido, conta que João Benedito andava pelas feiras e conservava a viola sempre perto de si. Este nos falou de muitos casos que ele próprio presenciou. Fato interessante envolvendo o poeta popular aconteceu no casamento de sua filha Eulália. A festa se deu na rua de baixo [atual Silvino Olavo] com a presença de Serrador e Canhotinho, enquanto João teria assi

Sol comenta "Solitudes", de A. J. Pereira da Silva

  Antônio Joaquim, ou A. J. Pereira da Silva, nasceu em Araruna-PB, no dia 9 de novembro de 1876. Era filho de Manuel Joaquim Pereira e Maria Ercília da Silva. Aos 14 anos foi para a então capital federal do país, o Rio de Janeiro. Estudou no Lyceu de Artes e Ofícios, fez preparatório para a Escola Militar, matriculando-se em 1895. Além de poeta era crítico literário e redator da revista “Mundo Literário”, ao lado de Agripino Grieco e Théo Filho. Solitudes foi seu segundo livro de versos, que contou com grande aceitação pública. A obra foi editada por Jacintho Ribeiro dos Santos, e lançada em 1918, contando a primeira edição com 222 páginas. Em sua abertura, o autor escreveu: “ É meu tormento. Chamam-lhe poesia, A arte do verso. Chamo-lhe o madeiro, A Cruz da minha noite e do meu dia.   Cruz em que verto o sangue verdadeiro, E em que minh’alma em transes agonia E o coração se crucifica inteiro... ” . Silvino Olavo – o poeta dos Cysnes – escreve para A União, e comen