João Viana dos
Santos – João Benedito – nasceu em Esperança no ano de 1860 e faleceu em
Remígio em 1943. Cantador e repentista, residia na rua do Boi [rua Senador
Epitácio]. Era um trabalhador braçal, negro e pobre, todavia afamado pela
habilidade de compor versos, sendo considerado um dos precursores da literatura
que costumamos chamar de “Cordel”.
A sua importância
foi registrada por Câmara Cascudo, Coutinho Filho, Átila Almeida José Alves
Sobrinho e outros folcloristas. E seu potencial afirmado por Josué da Cruz, que
o igualou aos temíveis cantadores de sua época.
O cidadão Saro
Amâncio, em um depoimento que nos foi concedido, conta que João Benedito andava
pelas feiras e conservava a viola sempre perto de si. Este nos falou de muitos
casos que ele próprio presenciou.
Fato interessante
envolvendo o poeta popular aconteceu no casamento de sua filha Eulália. A festa
se deu na rua de baixo [atual Silvino Olavo] com a presença de Serrador e
Canhotinho, enquanto João teria assistido a cantoria sentado.
Joca Dias, que foi
testemunha do casamento, teria presenciado quando Manuel Serrador deu folga a
viola por volta das duas horas da madrugada, e foi conversar com o pai da
noiva, dizendo:
João Viana queria
denunciar o graduado que recebia propina. Houve certa apreensão, mas Joca teria
garantido a segurança, inclusive fechando as portas da residência. Só assim é
que João Benedito pode cantar:
Uma verdade aqui
se encerra.
Se Deus descer do
céu à terra,
A justiça de quem
erra
deixa de ser o
dinheiro”.
Saro que foi o
nosso interlocutor, finalizou este conto dizendo: “Eu nasci em 27, tudo isso eu
vi pessoalmente!”. Ora, no tempo de Benedito ele já tinha seus dezesseis anos e
guardou a memória daqueles acontecimentos.
Rau Ferreira
Referências:
- FERREIRA, Rau. Banaboé Cariá:
Recortes Historiográficos do Município de Esperança. A União. Esperança/PB: 2015.
- FERREIRA, Rau. João Benedito:
O cantador de Esperança. Edições Banabuyé.Esperança/PB: 2011.
Isso não é uma novidade
ResponderExcluirÉ um fato que se arrola
Há quem vive de esmola
E quem vive da maldade:
Pra falar com sinceridade
O fato que me amola
É autoridade comer bola!
Não condeno a ninguém
Esse é mesmo o porém:
Uma desgraça que assola.