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Mostrando postagens de novembro, 2020

O Traslado, por Egídio de Oliveira Lima

  Você conhece o “Traslado”? Pouca gente sabe, mas esse manuscrito foi de grande importância para o resgate da poesia de repente, porquanto era o registro que se fazia num tempo em que livros eram escassos e máquina de escrever era coisa de “doutor”. O texto a seguir é de autoria do esperancense Egídio de Oliveira Lima, com destaque para o “Traslado” nos primeiros anos da literatura de cordel: “Nas duas últimas décadas do século XVIII, os Nunes da Costa e outros poetas populares de Santa Luzia do Sabugí usavam o traslado. Na chegada de Agostinho Nunes da Costa a Riacho Verde, e com o nascimento de seu filho, também Agostinho Nunes da Costa, estendeu-se o uso daquele documento que representava os escritos, poesias e prosa, de intelectuais daquele tempo. Era um caderno de papel almaço ou coisa que o valha caprichosamente manuscrito; o título do trabaho a ser apresentado ou oferecido teria letras góticas e um laço de fita prendê-lo-ia o dorso. Ainda hoje está no gosto dos trovad

Cantoria de João Benedito

  João Benedito Viana – João Benedito (1860/1943), cantador e repentista esperancense, pertence à terceira geração de poetas populares. Sabia escrever pouco, pois era da escola matuta; vivia de fazer repente e garrafadas. Era também curador, tratava os animais com ervas, e ensinava o povo: “ cachorro mordido de cobra só pode beber água depois de uma hora ” e “ banho de fumo com cachaça para varíola ”. Nos idos de 1910, fazia parceria com Antônio Lamparina, da cidade de Areia, fazendo repentes nas feiras da região. Em suas andanças, aceitou desafios com grandes mestres do repente, como Romano da Mãe-D’água; Nicandro, da Cangalha e seu irmão Hugolino do Sabugi; José Patrício, discípulo de Romano; Silvino Pirauá Lima também discípulo de Romano, Claudino Roseira, natural de Soledade, Paraíba; Zé Duda, mestre de cantoria de grande renome Também cantou Josué da Cruz (1904/1968), famoso cantador do Município de Serraria, que residiu muitos anos em Esperança, onde João Viana tinha o se

Pedro Florentino de Souza - Pedro Sacristão

  Pedro Floretino de Souza serviu à Igreja Católica por mais de 36 anos. Foi à convite do Padre José Ribamar Ericeira Nunes (1982/1987) que foi indicado para assumir as funções de sacristão, cujo nome foi logo aprovado pelo Conselho da Paróquia de Esperança. Segundo o Missal Romano, o sacristão também exerce função litúrgica, nos preparativos da missa, cuidando de toda a sua organização, prestando assim um serviço essencial à igreja. O primeiro a exercer esse serviço, quando da criação da Paróquia de N. S. do Bom Conselho, foi Lindolpho de Araújo Sobreira, seguido de Marcelino, João Batista e Francisco. E mais recentemente, seu Pedro Florentino. Nesse ministério laico, zelava pelo material litúrgico e a manutenção da parte interna da Matriz. Abria e fechava portas e janelas, e estava presente em todas as celebrações; cuidava do sistema de som, dos candelabros para que tudo funcionasse a contento. A igreja era impecável, pois seu Pedro tinha uma enorme dedicação pelo seu trabalho.

Falando ao coração (PSdeDória)

  Coração triste, só, dilacerado, Acalentado pela dor pungente Do vil desprezo, torpe, deprimente, Coração tênue, quase esfacelado...   Por quantas vezes senti decadente O teu “pulsar”, no tempo, desolado? Cápsula rubra, músculo desprezado: Resiste à ira queda dessa gente!   Por quanto tempo vais trilhar, ainda, Nessa jornada cruelmente infinda, Vais suportar, deveras, essas dores?   Talvez o tempo, sem delongas, mude O teu “pulsar”; – de certo, o que não pude - Quando cessar, enfim, os dissabores.   Pedro Dias do Nascimento PDN/PSdeDória

A influência de Esperança no bairro do Centenário

  Padre Palmeira - Procissão da Padroeira (1951) Mãos que erguem a cidade No sítio a vida passava devagar. A família era grande, dava um certo trabalho para manter aquelas bocas, mas para tudo se dava um jeito. Dois dos filhos mais velhos estavam sempre indo a feira vender banana e laranja cravo, frutas que abundavam naqueles vales brejeiros. O pouco do feijão da roça não dava nem tempo de secar direito, ia direto para a panela. Miguel, o patriarca, ia numa casa de farinha na estrada de Puxinanã buscar uma saca que durava alguns meses, a mantinha em um jirau na cozinha. Vida de rusticidade e dificuldade. Corrinha era sua filha predileta, tinha 12 irmãos; não era a mais velha nem a mais nova, mas sua mãe a via como a mais sabida. Ela quem resolvia as coisas em Esperança ou se preciso fosse, ia a Campina Grande. Certa feita, na festa de Nossa Senhora do Bom Conselho, padroeira do município, após assistir à missa com sua mãe e seus irmãos, Corrinha deu uma espiada na festa e se assanh