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Mostrando postagens de maio, 2021

O Açougue Público (por Pedro Dias do Nascimento)

  Em Esperança-PB, na Avenida Manoel Rodrigues de Oliveira, precisamente bem em frente ao antigo bar e sorveteria de seu Dedé, havia um dos mais antigos prédios da cidade, com fachada estilo neoclássica, com duas portas laterais de grades de ferro fixas, e uma central, para acesso. Fachada esta, com linhas paralelas e traçados outros, dando uma nítida demonstração de que deveria se perpetuar no tempo por ser de propriedade pública, arquitetura diferenciada e conhecido por todos como "O AÇOUGUE PÚBLICO". Esse prédio, que era vazado com saída para a rua onde hoje encontramos o mercado público, assemelhava-se a uma galeria com boxes e "tarimbas" laterais para suspensão de carnes, com corredor central, e dividia-se ao longo do seu comprimento em duas partes como se fossem dois grandes vagões de trem. Havia na parte mediana pequenos boxes onde eram servidos o café da manhã com bolos de milho, de mandioca, de macaxeira e "pé de moleque" aos açougueiros e fre

Ary Dantas lembra versos de José Coelho

  Interessante história me foi passada pelo conterrâneo Ary Dantas, que me autorizou a publicação, lembrando um verso do Professor José Coelho da Nóbrega. Ary havia chegado de Natal e, mal havia desembarcando do seu carro, quando avistou o Professor José Coelho, iniciando uma amistosa conversa: - Oi rapaz, está chegando de onde? - Oi professor, estou chegando de Natal. Perguntei-lhe: o senhor vai pra onde? - Eu vou ali na bodega de seu Anízio tomar uma alargada de conhaque de alcatrão com limão e mel, tô com a guria seca deve ser começo de gripe – disse o professor. Vai me acompanhar? - Sim professor, vou tomar uma cana com limão. E foram os dois pra bodega de seu Anízio. Sempre em tom educado, perguntou o bodegueiro sobre a mudança par o Rio Grande do Norte: - Está morando em Natal? - Sim, seu Anízio estou morando lá. Era dia das mães de 1968. Seu Anízio serviu os drinques e Ary antes de beber, pediu ao velho mestre que fizesse um verso em homenagem ao dia das mães

As parcerias e desafiantes de João Benedito

  João Benedito Viana foi cantador afamado, muito conhecido na região, que tinha como marco de defesa o brejo paraibano, não obstante buscasse desafios no litoral e sertão. Começou na cantoria, como todo bom repentista, cantando sozinho, aprendendo as rimas e a versejar; cantando os romances que se decorava dos folhetos para ganhar uns tostões baratos na feira. Porém, a sua métrica desenvolveu-se a ponto de ser considerado o “professor” dos cantadores, e sua reputação se espalhou como “temível” na viola. Em suas andanças, aceitou desafios com grandes mestres do repente, como Romano da MãeD’água; Nicandro, da Cangalha e seu irmão Hugolino do Sabugi; José Patrício, discípulo de Romano; Silvino Pirauá Lima também discípulo de Romano, Claudino Roseira, natural de Soledade, Paraíba; Zé Duda, mestre de cantoria de grande renome. Também cantou com Josué da Cruz (1904/1968), a despeito de quem “ quase perde a ribeira ”; e Manoel Serrador Regino (1906/1996), o qual fazendo pouco de sua ve

Elysio Sobreira na música

  O Coronel Elysio Sobreira sempre teve uma forte inclinação para a música. Aliás, essa foi a sua porta de entrada na Polícia Militar da Paraíba, quando ainda muito jovem. A sua vocação, porém, já era percebida pelo Professor Juviniano Sobreira, o seu progenitor que possuía um externato em Esperança com “uma aula de música”, da qual também fora aluno o poeta Silvino Olavo da Costa. O escritor Inácio Gonçalves nos informa que ele “tinha a música como um dom e exemplo de abnegação e louvável sapiência. O Coronel Elísio Sobreira, antes mesmo de incorporar-se na nossa então Força Policial, como Alfares, já tinha exercido o cargo de Mestre de Música, das Filarmônicas de Alagoa Grande e de Campina Grande” (Inácio Gonçalves). A prática habitual deste dom lhe valera o ingresso ainda jovem na carreira militar, por volta de 1907. Elysio Sobreira não apenas demonstrava talento musical, como também organizava e dirigia conjuntos em Campina Grande e, aproveitando-se a passagem do professor