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Mostrando postagens de setembro, 2020

Silvino, por Roberto Cardoso

  Silvino Olavo. Morou próximo da minha casa. Quase todos os dias, via-o caminhar pelas calçadas irregulares da minha rua contemplando as pessoas com um aceno de cabeça. Permanentemente bem vestido, metido em ternos elegantes quase sempre em tons cinza. Da praça Dom Adauto, saía no banco traseiro do seu Aero Willis dirigido por Toinho, casado com sua sobrinha, Maria Alice. Quase não se desgrudava de uma bengala de madeira com detalhes de metal. Seu caminhar passava a ideia de que não tinha compromisso com a vida. Também morou na companhia de sua irmã, Alice, casada com Valdemar Cavalcanti, na Fazenda Bela Vista, hoje bairro Bela Vista. Ficava na residência defronte a do casal. Ouvia, quando por vezes visitei o casal Valdemar/Alice, seus gritos que atravessavam os muros rompendo o silêncio do lugar. Era a sintomatologia da doença que o acometera. A dramática vida do poeta, alternando momentos de lucidez e alucinações, quando acometido da esquizofrenia, não o impediu de produzir aqui e

Orelha do livro

Ne era digital não se concebe mais a “aba” ou “orelha do livro”. Este pequeno item, digo-lhe de antemão, não serve para “marcar a página” (o marcador tem essa função). Para o público leitor a orelha tem propriedades editorial e/ou comercial, pois se constitui num convite prévio do livro. Já para a casa publicadora, nos cadernos brochuras, tem importância capital, pois evitam as dobras e amassaduras que são comuns durante a sua leitura, preservando-lhe a integridade física. As orelhas podem ser internas e externas; assinadas e não assinadas. Duas, na verdade, de Capa e Contracapa. As assinadas possuem autores convidados. As anônimas ficam a cargo do próprio corpo editorial. O escritor da aba deve encantar o leitor, de maneira que este se sinta encorajado a sua leitura, construindo uma resenha de seu conteúdo, numa linguagem leve com algumas citações da obra. A segunda, em geral, contém a biografia - em breve resumo – em que se traça um perfil do autor. Mas há quem divida o conte

Antes que me esqueça: A Praça da Cultura

As minhas memórias em relação à “Praça da Cultura” remontam à 1980, quando eu ainda era estudante do ginasial e depois do ensino médio. A praça era o ponto de encontro do alunado, pois ficava próxima à biblioteca municipal e à Escola Paroquial (hoje Dom Palmeira) e era o caminho de acesso ao Colégio Estadual, facilitando o encontro na ida e na volta destes educandários. Quando se queria marcar uma reunião ou formar um grupo de estudos, aquele era sempre o ponto de referência. O público naquele tempo era essencialmente de estudantes, meninos e moças na faixa etária de oito à quinze anos. Na época a praça tinha um outro formato. Ela deixava fluir o tráfego de transporte de carros, motos, bicicletas... subindo pelo lado direito do CAOBE, passando em frente à escola e descendo na lateral onde ficava a biblioteca. A frequência àquele logradouro era diuturna, atraída também pelas barracas de lanche que vendiam cachorro-quente e refrigerante, pão na chapa ou misto quente, não tinha muita

Irineu Jóffily, por Hilton Gouvêa

O texto a seguir é de autoria de Hilton Gouvêa, e foi publicado no Jornal A UNIÃO em 12 de julho de 2020. A que nos chamou atenção, inicialmente, foi o título: “Quem foi: Irineu Jóffily” e alguns subtítulos, dos quais selecionei parte de “Um jornalista preso às raízes nativas” e “Polêmica sobre o lugar de nascimento” que considerei interessante, por denotar a sua presença no Município de Esperança, assim como as citações ao trabalho deste escrivinhador, que há tempo debate o tema seja no BlogHE ou no BlogRHCG. Sem mais delongas, transcrevo o trabalho do repórter: “ Pseudônimo indígena Jóffily sempre visitava seu cunhado Bento Olímpio Torres, que residia em Esperança, no casarão no final da rua Banabuyé, hoje denominada rua Silvino Olavo. Essas passagens foram bastante registradas no Gazeta do Sertão. Também sempre que podia chamava o município de Esperança pelo seu topônimo primitivo ‘Banabuyé’. Aliás para o jornalista e escritor, esse nome original deveria ter sido conservado co

O Pavilhão, por João de Patrício

Na década de 40, do século passado, Esperança, não tinha ainda 20 anos de emancipação política. O Pavilhão 10 de Novembro foi a maior atração social da vida da nossa cidade. Era, posso dizer, um ponto de encontro da elite, localizado em ponto estratégico, central, na antiga Praça Getúlio Vargas. Vale salientar que a Praça foi criada antes do Pavilhão. Como os recursos eram praticamente inexistentes, ambos, a Praça e o Pavilhão, para entrarem em pleno funcionamento para a frequência da público, demorou mais de cinco anos. UM POUCO DA HISTÓRIA. Naquela época, os prefeitos que se sucederam eram nomeados pela interventoria do Estado, justamente em que, Getúlio Vargas era o interventor federal. Então, em 05 de setembro de 1938, a Praça recebeu a denominação de Getúlio Vargas, na administração municipal de Júlio Ribeiro. Em 10 de janeiro de 1941, foi inaugurada a Praça Getúlio Vargas, em homenagem ao quarto aniversário do Estado Novo, sob o comando do então presidente Getúlio Vargas. Des