O texto a seguir é de autoria de Hilton
Gouvêa, e foi publicado no Jornal A UNIÃO em 12 de julho de 2020. A que nos
chamou atenção, inicialmente, foi o título: “Quem foi: Irineu Jóffily” e alguns
subtítulos, dos quais selecionei parte de “Um jornalista preso às raízes
nativas” e “Polêmica sobre o lugar de nascimento” que considerei interessante,
por denotar a sua presença no Município de Esperança, assim como as citações ao
trabalho deste escrivinhador, que há tempo debate o tema seja no BlogHE ou no
BlogRHCG.
Sem mais delongas, transcrevo o trabalho do
repórter:
“Pseudônimo indígena
Jóffily sempre visitava seu cunhado Bento Olímpio Torres, que residia em
Esperança, no casarão no final da rua Banabuyé, hoje denominada rua Silvino
Olavo. Essas passagens foram bastante registradas no Gazeta do Sertão. Também sempre
que podia chamava o município de Esperança pelo seu topônimo primitivo ‘Banabuyé’.
Aliás para o jornalista e escritor, esse nome original deveria ter sido
conservado como o nome da cidade.
O historiador e jornalista Rau Ferreira, em texto publicado no blog ‘Retalhos
Históricos de Campina Grande’, também ressalta que Irineu era preso às raízes
nativas, chegando a assinar em seus artigos o pseudônimo de Índio Cariry. Esse nome
era alusão à nação indígena que pertencia à tribo dos Banabuyés. Esse povo foi
aldeado em Campina Grande, tendo ramificações em Esperança, de acordo com
informações registradas no evento ‘Ciclo de Debates 500 anos do Brasil’,
promovido pelo Instituto Histórico e Geográfico Paraibano (IHGP), em abril do
ano de 2000.
Na Gazeta do Sertão, Jóffily continuou a enfatizar os assuntos locais e
importantes para a região. Entre os exemplos estão os logogrifos do professor
esperancense Juviniano Sobreira (1888/89). Também registro uno jornal a notícia
dos três assassinatos do Sítio Carrasco, que form motivados por uma questão de
terras (1891). Há ainda o fator como o anúncio da Fábrica Progresso (1891), na
rua da Gameleira, entre vários outros acontecimentos.
Polêmicas sobre
o lugar de nascimento
O historiador e jornalista Rau Ferreira explica que as referências nao
sao muito claras quanto ao local exato onde Irineu nasceu. Isso se deveria ao
fato das terras se situarem, na época, em território da antiga ‘freguezia’,
cujos limites municipais foram alterados ao longo do século 19.
Em artigo, Rau Ferreira destaca uma fala antiga de Geraldo Jóffily, neto
de Irineu, que procura clarear esta confusão. Para o neto, ‘o próprio Jóffily
deveria ter fornecido tais dados ao prefaciador de sua obra, deixando de lado o
exato ponto de seu nascimento para se referir apenas ao local onde passou toda
a sua infância e onde constam os registros de seu nascimento e os de óbito dos
seus pais’.
Segundo o historiador, Irineu Jóffily mantinha profundas relações com o
município de Esperança e sua família costumava passar lá os invernos em um
pequeno sítio, que ficava à sombra de uma imensa rocha. Esse local guarda um
pouco de umidade para os terrenos do nascente, sendo conhecido por Banabuyé. Com
isso, algumas pessoas afirmam que ele teria nascido na ‘casa das lascas,
Banabuyé’, na fazenda Lajedo. Esse lugarejo rural de Pocinhos fica hoje nos
limites de Esperança, na região do Brejo paraibano, a 161 Km de João Pessoa.
O historiador José Otávio de Arruda Melo também fala sobre essa incerteza
do local exato do nascimento de Jóffily. ‘Há quem lhe atribua a naturalidade
esperancense. Outros dizem que seu berço foi Pocinhos, embora admita-se que
Pocinhos, quando distrito de Campina Grande, por um tempo, se chamou Jóffily
(1943), em homenagem a este prodigioso paraibano’, afirma. De maneira geral,
autores diversos sustentam várias versões. Uns afirmam que Irineu Jóffily teria
nascido ‘no antigo caminho de Pocinhos’, hoje município de Esperança; outros
dizem que foi em Pocinhos; e ainda há aqueles que garantem que foi em Campina
Grande.
Família
Filho do pecuarita Luis Pereira da Costa e de Isabel Americana de Barros,
descendia do clã dos Oliveira Ledo pelo lado paterno, povoadores dos sertões
paraibanos. A linha ascendente paterna de Jóffily, segundo também o historiador
Rau Ferreira, vinha de Bárba Maria da Pobreza. Ela era proprietária de terras
no Sítio Gravatazinho, em Esperança, e também da metade do Sítio Oriá, em
Areial.
Irineu Jóffily se casou em Alagoa Nova já depois de formado em Direito,
com Rachel Olegária, filha do capitão João Martins Torres, com quem teve sete
filhos. O sogro era criador de gado e proprietário das terras no Riacho
Amarelo, em Esperança.
Leigos também o confundem com Irineu Jóffily seu fiho, que tinha o mesmo
nome. Esse foi político notável na Paraíba, Rio de Janeiro e Rio Grande do
Norte, sendo interventor federal neste último estado, onde renunciou o cargo,
pressionado por oposicionistas sob a liderança do jornalista João Café Filho. Outro
fiho de Irineu (João Irineu Jóffily) foi arcebispo de Manaus (AM). [...]
– Hilton Gouvêa”.
O jornalista Hilton Gouvêa de Araújo começou a
atuar na imprensa em 1974, nas páginas do extinto Jornal O NORTE, quando tratou
da descoberta de um cangaceiro de Antônio Silvino, à época residente na Ilha do
Bispo, ganhando notoriedade com a publicação da matéria sobre a tragédia da
Lagoa, quando um navio do Exército afundou e matou várias pessoas em 24 de
agosto de 1975.
Natural de João Pessoa (PB), é autor do livro “Histórias
Fantásticas da Paraíba: Reportagens”, publicado pela Editora Patmos em 2015,
que reuniu em seu processo de produção 700 reportagens, das quais em um segundo
filtro, foram selecionadas 80 para compor aquela obra. A escolha ficou a cargo
de notáveis do jornalismo paraibano, a exemplo de Gonzaga Rodrigues, Martinho
Moreira Franco, Agnaldo almeida e Carlos Roberto de Oliveira.
Repórter investigativo, Hilton organizou o
livro em cinco capítulos: Paraíba – A história que nao se contou; Segredos do
mar da Paraíba; Coragem e ousadia dos pioneiros, Talentos que o tempo não
esquece e Lendas e histórias da nossa gente.
Ao tratar de Irineu, Gouvêa não apenas nos
brindou com o teu talento, como também prestou importante homenagem ao bacharel
Jóffily, que foi um dos precursores da história da Paraíba.
Rau
Ferreira
Sempre bom um texto novo fundado no texto antigo. A memória permanece ativo, viva!
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