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Mostrando postagens de maio, 2020

Dois Ibiapinas, uma só Esperança

Matheus de Oliveira, ao escrever sobre a nossa antiga denominação (1918), nos informa que o nome Banabuyé foi alterado para o de Esperança pelo Padre José Antônio de Maria Ibiapina, reforçando assim o estudo de Coriolano de Medeiros (1950) a seguir transcrita: “ Há uns oitenta anos passados, o local da cidade era ocupado pelos currais de uma fazenda chamada Banabuié. Um agrupamento de vivendas ali se ergueu, sendo o ponto escolhido para uma feira semanal. Mais tarde o missionário Ibiapina substituiu o antigo nome pelo de Esperança ” (MEDEIROS: 1950, P. 91).   Uma versão atribui a mudança do topônimo de Banabuyé a Frei Herculano, que celebrou a primeira missa em nossas terras, em terras da antiga fazenda, nas proximidades do Tanque do Araçá. Enquanto outros historiadores apontam como responsável o Frei Venâncio, que fundou e erigiu a Capela do Bom Conselho (1860). A tradição, porém, nos informa que o cemitério público de Esperança – construído em 1862 sob a denominação de “Campo

Esperança em 1936

Há muito iniciamos a nossa série, descrevendo o município durante os anos, a exemplos dos anos 1889, 1899, 1909, 1914, 1915 e 1933. Assim, dando continuidade, iremos abordar o ano de 1936, do Século passado. Era administrador o Sr. Theotonio Tertuliano da Costa, que na primeira gestão, havia sido vice-prefeito de Esperança e, anteriormente, já havia assumido a prefeitura de Alagoa Nova, portanto denotava-se a sua experiência no cargo. A Constituição vigente à época (1934) exigia que o candidato se exonerasse do cargo seis meses antes (art. 101), assim afastou-se o Sr. Theotonio das funções de prefeito, no dia 08 de agosto de 1935, assumindo o Sr. Manuel Simplício Firmeza, que era secretário/tesoureiro. Eram funcionários, além do secretário no exercício de prefeito, Pedro de Alcântara Torres (coletor geral), que havia assumido a secretaria geral interinamente; Inácio Cabral de Oliveira (fiscal geral), Epitácio Donato (fiscal de rendas da povoação de Areial); José Tonel de Albuquer

Sol: Versos de um ineditismo tristonho

Deparei-me hoje com “Tristeza Americana”, poema de autoria de Silvino Olavo. A princípio, já conhecida de seu livro “Sombra Iluminada” (1927). Porém, ao analisar detidamente a estrofe inicial, percebi que tinha em mãos um exemplar insólito do poeta. Fui em busca de fontes e descobri que era um misto das produções “A Minha Sombra” e de seu homônimo “Tristeza Americana” publicadas naquela obra, mas com algumas nuances: o autor mescla ambos os poemas em um único texto compondo novas rimas, sem contudo alterar lhe o sentido contido no original outrora publicado. São versos novos em uma nova estética que em seu contexto dever ser considerada uma poesia “inédita” como ele mesmo a definiu nas páginas da “Era Nova”. Confira o que digo, a partir de sua leitura: “ Que mãos de sombra, ocultas e fatais, teceram meu destino, assim, tristonho? - Que eunao hei sido em minha vida mais do que um cordeiro de holocausto Sonho.   Para tornar um pouco pitoresco o sentido da vida que me en

Velhos Cristãos Novos de Esperança

Expulsos de sua pátria pela perseguição imposta durante o “Santo Ofício” (Inquisição), aportaram no Nordeste uma plêiade de Judeus que temendo a própria vida ocultaram as suas origens e aderiram a fé católica. Covertidos à força – daí à origem “Marramo” (Anussim) –, passaram a denominar-se “Cristão Novo”, embora permanecessem em seu interior com as práticas do seu passado. Adotaram na brasilidade prenomes de acordo com o velho testamento, prevalecendo o nome “José” dentre aqueles hebreus; e por sobrenome Dias, Rodrigues, Pereira e Costa. Muito embora estes por si só não seja um indicativo, necessitando um estudo genealógico. Todavia, guardaram hábitos e costumes que lhes denunciam: aversão a carne de porco e de sangue abatido dos animais e os cuidados com os mortos lembrando a purificação judaica. Sobressaem dessa época algumas crendices: se passasse sobre uma criança, deveria passar de volta, senão ela não cresceria; não deixar tesouras abertas, nem sapatos virados na casa; coça

Cordel C49-209 - Abraço reprimido em tempos de pandemia (Evaldo Brasil)

I Uns quatro abraços já dei Em pleno caos, pandemia Eu, um caseiro por opção Eu, obrigado, não queria... Mas o caso exige esforço Sem precisar de alvoroço Mas ter ciência como guia. II Não resistindo à tentação Nossa consciência pesa Se até quem não gostava Já sente falta dessa reza Imaginem eu, beijoqueiro, Um abraçador primevo, Encontrando quem preza?! III Quebrei minha quarentena E fiquei todo embolado Abraços de estima plena Teve até rosto colado... Saiu de mim algo e assim Delas algo veio pra mim Fiquei até perfumado! IV Não, eu não uso perfume Não me habituei assim Não é do meu costume Essa essência sobre mim Mas não me faço de rogado Já me sentiram perfumado Causando até burburin’ V Experimentei em você E fica como sendo sua Essência, nem sei de quê De flor, quiçá, de pele nua Que me fez um perseguido Enquanto era percebido Em mim, o que era tua VI E, o resto do tempo, sigo Até banhar o meu corpo

Reminiscências... por Graças Meira

Eu li tudo e gostei muito do texto de Miguel Germano Maria: Banabuyé. Destaque para o MARIA porque sempre admirei nomes masculinos acrescidos deste nome: Antônio Maria, Vital Maria, etc, etc. (é um gosto meu). Mas voltemos ao texto antigo, do qual ressalto três coisas importantes para mim: 1a. O escrito é de 1913, ano do nascimento do meu pai, José Meira Barbosa, em Esperança/Banabuié. 2a. Seu Teotônio Tertuliano Costa, que eu conheci menina, cuja casa era uma das maiores e mais lindas da cidade, e que foi o primeiro patrão do meu pai, em 1928, próspero comerciante de tecidos que era Seu Teotônio, nos primórdios da terra. 3a. As Aulas Públicas Municipais (Escolas antigas). Havia duas, uma de homens e outra de mulheres. Ele cita o nome de várias pessoas de destaque no aprendizado dessas escolas, tanto de homens como de mulheres. Dos homens eu não identifiquei nenhum conhecido. Já das mulheres, eu identifiquei: ENEDINA JESUÍNO DE LIMA, minha tia avó, irmã da minha avó materna P

Dr. Milton Aurélio, o grande tribuno

Esperança lamenta a perda de seu grande tribuno, o Dr. Milton Aurélio Dias dos Santos, ou simplesmente Milton de Emília, como o conhecíamos, antes de se tornar o notável jurista, advogado e defensor público que era imbatível no júri. Milton foi uma dessas pessoas batalhadoras que venceu na vida a custo de muito esforço e por méritos próprios. Quando criança comparecia ao campo do América para vender pirulitos, aqueles deliciosos doces que sua mãe fazia para ajudar na renda familiar. Foi assim por muitos anos, durante a sua juventude, contribuindo na criação dos seus irmãos como bem podia. Cresceu forte como a sua personalidade, impondo-se às intempéries de seu tempo e às dificuldades da vida, fazendo delas um motivo para querer sempre mais, e assim ingressou na faculdade de Direito. Não poderia querer melhor destino, pois tudo naquele jovem convergia para as batalhar jurídicas, formando-se com louvor e, pouco tempo depois, ingressando nos quadros da Defensoria Pública Estadual.

O reduto Udenista, por Tony Veríssimo

O REDUTO UDENISTA “Por 15 votos” Através do Decreto-Lei estadual nº 520, de 31 de dezembro de 1943, o município de Campina Grande cedeu ao município de Esperança as terras que correspondem ao atual município de Montadas, que à época fazia parte do distrito campinense de Pocinhos. Tal território ficou sobre domínio de Esperança até 14 de outubro de 1963, quando o distrito de Montada foi elevado à categoria de município, sendo-lhe acrescido um ‘s’ ao seu nome, passando a terminologia para o plural. Em 1947, Prefeito Constitucional De Esperança Júlio Ribeiro, Interventor municipal. Elevou Montadas a distrito Com seu limite geral. Ao Norte a começar: Na boca da Lagoa Salgada Com distinta lagoa da Marcella, Por uma fluvial estrada Que desde Catolé a Marcella Em Manguape de Baixo citada. Ao Nascente pela estrada De Marcella a Campinote; Ao Sul pela estrada Fluvial e de transporte De Lagoa de Roça a Lagoa do Açude Ponto de linha mais fort