Pular para o conteúdo principal

Dr. Milton Aurélio, o grande tribuno


Esperança lamenta a perda de seu grande tribuno, o Dr. Milton Aurélio Dias dos Santos, ou simplesmente Milton de Emília, como o conhecíamos, antes de se tornar o notável jurista, advogado e defensor público que era imbatível no júri.

Milton foi uma dessas pessoas batalhadoras que venceu na vida a custo de muito esforço e por méritos próprios. Quando criança comparecia ao campo do América para vender pirulitos, aqueles deliciosos doces que sua mãe fazia para ajudar na renda familiar. Foi assim por muitos anos, durante a sua juventude, contribuindo na criação dos seus irmãos como bem podia.

Cresceu forte como a sua personalidade, impondo-se às intempéries de seu tempo e às dificuldades da vida, fazendo delas um motivo para querer sempre mais, e assim ingressou na faculdade de Direito.

Não poderia querer melhor destino, pois tudo naquele jovem convergia para as batalhar jurídicas, formando-se com louvor e, pouco tempo depois, ingressando nos quadros da Defensoria Pública Estadual.

Como advogado do Estado, defendeu as causas dos simples, dos mais necessitados, exercendo com galhardia o seu múnus público, atendendo com a simplicidade que lhe era peculiar os seus constituintes, muitas vezes conquistando um direito que parecia perdido para muitos juristas.

E foi falando a “voz do povo” que pendeu também para a política, elegendo-se vereador pelo PDS no vizinho município de Alagoa Nova, no pleito de 1982, retornando àquela casa legislativa em 1988, agora pelo PL, e ocupando a suplência em 1992 pelo PST.

Porém a sua vocação era a advocacia, ofício que abraçou com amor e, nessa carreira, enfrentou grandes promotores, a exemplo do Dr. Antônio de Pádua Torres, filho desta terra, travando com este mais de cem júris no 1º Tribunal de Campina Grande.

Além de uma forte eloquência, Dr. Milton era dotado de uma voz inconfundível, razão pela qual os julgamentos de que participava eram muito concorridos. Todos esperavam para vê-lo discursar na tribuna, e mais ainda aguardavam ansiosos a sua réplica.

No júri fazia citações de autores famosos, mas também declamava versos populares, mostrando-se conhecedor da cantoria e do repente nordestino, encantando o Conselho de Sentença.

Foi um grande exemplo para todos os esperancenses, de que nenhuma batalha é invencível quando se tem garra e força de vontade. Assim prestamos estas singela homenagem, ao grande homem público que foi o Dr. Milton Aurélio Dias dos Santos.

Dr. Milton contava 66 anos de idade, era casado com a Sra. Maria Lúcia e pai de Alípio Neto, Luciana, Alex e Felipe. Eram seus netos Débora, Ana Laura, Mariana, Maria Rita, Arthur e Halisson Filho; e bisneto Matheus Filho.

Havia sido homenageado em 23 de novembro de 2018, por seus 30 anos de atuação na advocacia pública e mais de 943 júris.

O Prefeito Municipal de Esperança, Nobson Pedro de Almeida, decretou luto oficial em razão de seu óbito ocorrido hoje pela manhã (07/05) em um hospital de Campina Grande (Decreto nº 1.968/2020).

 

Rau Ferreira


Comentários

  1. Conheci Dr. Milto Aurelio, em Alagoa Nova , tive o prazer de conversar com ele e tomar algumas biritas no barzinho do meu cunhado Zé Sampaio. Pessoa de um papo muito alegre, Gente finissima e depois tive a grata surpresa de saber que ele era de Esperança minha cidade de adoção. Agradeço a Deus por , ter permitido que este grande advogadp tenha ajudado tantas pessoas carrentes destes dois muninicipios e creio que a muitos outras pessoas carentes . Vá com Deus , meu ir. e que seja recebido pelo senhor nosso Deus. Obrigado guerreiro.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Obrigado pelo seu comentário! A sua participação é muito importante para a construção de nossa história.

Postagens mais visitadas deste blog

A Pedra do Caboclo Bravo

Há quatro quilômetros do município de Algodão de Jandaira, na extrema da cidade de Esperança, encontra-se uma formação rochosa conhecida como “ Pedra ou Furna do Caboclo ” que guarda resquícios de uma civilização extinta. A afloração de laminas de arenito chega a medir 80 metros. E n o seu alto encontra-se uma gruta em formato retangular que tem sido objeto de pesquisas por anos a fio. Para se chegar ao lugar é preciso escalar um espigão de serra de difícil acesso, caminhar pelas escarpas da pedra quase a prumo até o limiar da entrada. A gruta mede aproximadamente 12 metros de largura por quatro de altura e abaixo do seu nível há um segundo pavimento onde se vê um vasto salão forrado por um areal de pequenos grãos claros. A história narra que alguns índios foram acuados por capitães do mato para o local onde haveriam sucumbido de fome e sede. A s várias camadas de areia fina separada por capas mais grossas cobriam ossadas humanas, revelando que ali fora um antigo cemitério dos pr

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele

Barragem de Vaca Brava

Açude Vaca Brava, Canalização do Guari (Voz da Borborema: 1939) Tratamos deste assunto no tópico sobre a Cagepa, mais especificamente, sobre o problema d’água em Esperança, seus mananciais, os tanques do Governo e do Araçá, e sua importância. Pois bem, quanto ao abastecimento em nosso Município, é preciso igualmente mencionar a barragem de “Vaca Brava”, em Areia, de cujo líquido precioso somos tão dependentes. O regime de seca, em certos períodos do ano, justifica a construção de açudagem, para garantir o volume necessário de água potável. Nesse aspecto, a região do Brejo é favorecida não apenas pela hidrografia, mas também pela topografia que, no município de Areia, apresenta relevos que propiciam a acumulação das chuvas. O riacho “Vaca Brava”, embora torrencial, quase desaparece no verão. Para resolver o problema, o Governador Argemiro de Figueiredo (1935/1940) adquiriu, nos anos 30, dois terrenos de cinco engenhos, e mais alguns de pequenas propriedades, na bacia do açude,

Afrescos da Igreja Matriz

J. Santos (http://joseraimundosantos.blogspot.com.br/) A Igreja Matriz de Esperança passou por diversas reformas. Há muito a aparência da antiga capela se apagou no tempo, restando apenas na memória de alguns poucos, e em fotos antigas do município, o templo de duas torres. Não raro encontramos textos que se referiam a essa construção como sendo “a melhor da freguesia” (Notas: Irineo Joffily, 1892), constituindo “um moderno e vasto templo” (A Parahyba, 1909), e considerada uma “bem construída igreja de N. S. do Bom Conselho” (Diccionario Chorográfico: Coriolano de Medeiros, 1950). Através do amigo Emmanuel Souza, do blog Retalhos Históricos de Campina Grande, ficamos sabendo que o pároco à época encomendara ao artista J. Santos, radicado em Campina, a pintura de alguns afrescos. Sobre essa gravura já havia me falado seu Pedro Sacristão, dizendo que, quando de uma das reformas da igreja, executada por Padre Alexandre Moreira, após remover o forro, e remover os resíduos, desco

Ruas tradicionais de Esperança-PB

Silvino Olavo escreveu que Esperança tinha um “ beiral de casas brancas e baixinhas ” (Retorno: Cysne, 1924). Naquela época, a cidade se resumia a poucas ruas em torno do “ largo da matriz ”. Algumas delas, por tradição, ainda conservam seus nomes populares que o tempo não consegue apagar , saiba quais. A sabedoria popular batizou algumas ruas da nossa cidade e muitos dos nomes tem uma razão de ser. A título de curiosidade citemos: Rua do Sertão : rua Dr. Solon de Lucena, era o caminho para o Sertão. Rua Nova: rua Presidente João Pessoa, porque era mais nova que a Solon de Lucena. Rua do Boi: rua Senador Epitácio Pessoa, por ela passavam as boiadas para o brejo. Rua de Areia: rua Antenor Navarro, era caminho para a cidade de Areia. Rua Chã da Bala : Avenida Manuel Rodrigues de Oliveira, ali se registrou um grande tiroteio. Rua de Baixo : rua Silvino Olavo da Costa, por ter casas baixas, onde a residência de nº 60 ainda resiste ao tempo. Rua da Lagoa : rua Joaquim Santigao, devido ao