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Mostrando postagens de junho, 2021

Pedro Pichaco, o balaio e seu Luiz

  A história a seguir me foi repassada por Ary Dantas, o nosso cantor esperancense, que disse ter conhecido os Pichaco Adauto, Honório e Pedro que “ vivia fora, vivia de jogo e de contar prosa; era muito sabido, era o mais velho ”. A narrativa é bem interessante e mostra a irreverência do mandrião, que tantas aprontou pela Paraíba: Um dia eu cheguei em Cepilho, na companhia de Maurício (irmão de Lola) e Biu do ônibus. Assim que desci ouvi uma voz forte, que de pronto reconheci: - Biu, essa voz é de Pedro Pichaco. Biu falou é mesmo. Saí e fui ver, Pedro estava num barzinho contando prosa, assim que me viu disse: - Tas fazendo o que aqui? Tem cantado muito? Tem dinheiro aí? Peguei cinco cruzeiro e dei a ele. Ele sorriu e disse: ‘tô rico’. Virando para o dono do bar falei: - Esse preto dá nó em pingo d'água, não sabe ler mais conhece os mandamentos como ninguém. Havia um rapaz bonito com um relógio de ouro no braço e um revólver na cintura ostensivo, sentado numa mesa tomando cerv

Não há realidade sem Deus (Epaminondas Câmara)

  O homem que não tem ideias da existência de Deus, não o tem, conscientemente, da realidade em si mesma. Não o tem, desde que a concepção da realidade no sentido filosófico é transcendental e seu conhecimento está muito acima das possibilidades humanas. O homem ateu julga que por ser e viver em puro negativismo, e o julgamento é tanto mais restrito, duvidoso ou contraditório, quanto mais exclusivo foi o caráter que emprestar. Tudo no mundo físico se adapta a toda parte. São o espaço e o tempo que determinam e como consequências o homem ateu, instintivamente, adapta-se ao complexo das aparências e chama-o realidade, enquanto que esta que ele pretende julgar de fato, embora sem fundamento lógico, nem psíquico, nem moral, não passa de mera contingência que se amolda melhor aos interesses vitais e sociais. Que é a realidade no mundo físico? Ao homem falece autoridade para dar ao problema uma solução aceitável, senão recorrer à luz metafísica. Ante o complexo das coisas orgânicas e i

Elysio Sobreira: Alguns fatos sobre a revolução

  Excursionara o Presidente João Pessoa ao interior do Estado. O objetivo era agradecer, antes das eleições de 1º de março, a representação recebida na Capital. Em nove dias visitara 36 municípios. Ao final foi à Princesa, reduto do Coronel José Pereira. O ano era 1930. A questão tributária, por mais que nos afastemos desta ideia, se projetara como premonição do que estava por acontecer. Apesar de ser informado pelo Tenente Arruda, então delegado do lugar, o presidente não deu crédito. As tratativas foram cordiais, entretanto a desconfiança pairava no ar. Passou o governante apenas um dia em Princesa. Acompanhava-o Elysio Sobreira no comando da força militar, Antenor Navarro e José Américo de Almeida. Nessa viagem, comentara o autor d’A Bagaceira que o coronel Sobreira, ajudante de ordens do governo, tinha o “bigode retorcido e o olho vivo”, denotando certa desconfiança; e não se recostava no automóvel, enquanto Almeida (como todo bom Nordestino) se esparramava no veículo. Houve

Literatura de Cordel, por Egídio de Oliveira Lima

  A Paraíba do Norte é, como a Bahia e o Maranhão, a fonte abundante de regionalismo. Na poesia popular, a que constitui elemento demopsicológico, possui um manancial inesgotável desde os Nunes da Costa até José Camelo de Melo Resende. Podemos dizer que essa poesia adotada desde o ano de 1729 nos Cariris-Velhos teve origem com o advento de “gregos e troianos” nas ribeiras do Sabugi, do Riacho Verde e do litoral paraibano. A canção popular portuguesa influiu, muito, na formação intelectual de nosso povo, o latim, o castelhano e o português fizeram o hibidrismo resultante da gíria que nos serve, presentemente, de dialeto. Reunindo em fascículos, imorredoiros e demóticos, escreveu Leandro Gomes de Barros esse hibridismo, esse folclore, essa história e esse dialeto. Eis aqui um excelente cabedal acerca do maior, do mais vasto, do m ais admirável e inesquecível poeta e escritor regional Leandro Gomes de Barros. Certa ocasião, em Esperança, uma das localidades da paraibanas onde se

O Inquérito da Batatinha

  A cultura da batatinha foi um marco em nossa cidade. Muitos agricultores se dedicaram a essa solinácea com expressiva produção ganhando prêmios de destaque no Município e no Estado. A batata inglesa foi objeto de estudo do inspetor agrícola Diógenes Caldas, que no ano de 1927 elaborou um importante relatório sob o título “O Inquérito da Batatinha”. Reproduzimos a seguir parte deste trabalho devido ao seu caráter histórico: “ História – No Estado da Parahyba do Norte a batatinha é geralmente conhecida pela denominação de batata inglesa, quer nos mercados de venda, quer nos mercados de produção. A sua introdução agrícola é muito recente de sorte a ser possível declinar o nome do primeiro cultivador do Estado, o Coronel Delfino Gonçalves de Almeida que, no ano de 1906, realizou uma experiência cultural coroada de pleno êxito. As sementes utilizadas foram adquiridas no mercado local não se podendo precisar si foram de produção nacional ou estrangeira. Isso se deu em Esperança