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Mostrando postagens de novembro, 2023

Dedé da Mulatinha na ótica de um repórter espanhol

  Muitos são os folcloristas que se dedicam ao estudo da nossa literatura de cordel, seus cantadores e repentistas; desde Câmara Cascudo a Átila Almeida, passando por pesquisadores da nossa cultura popular, como José Alves Sobrinho. Uns poucos jornalistas se enveredam por essa trilha, caminho esse que lhes é desconhecido, considerada as peculiaridades do povo nordestino. Para nossa surpresa nos deparamos com uma matéria de um repórter espanhol, que visitando a Paraíba, registrou as suas impressões em um veículo de comunicação conhecido por “Brecha”. O autor inicia o seu trabalho descrevendo o cotidiano da feira de Campina Grande e sua miscigenação. Em frente ao Cassino Eldorado, depara-se com um cantador. É José (Dedé) Patrício de Souza, quem lhe chama a atenção: “ Dedê da Mulatinha. Un vendedor de raíces de unos ochenta años. Raíces para el corazón. Para el estómago. Para un sexo sin límites. Una española picarona compra estas últimas. Dedê es poeta. Canta sus versos y los verso

Passeio no varal, de Magna Celi (por José Mário da Silva Branco)

  Passeio no Varal integra o espólio poético que Magna Celi, já há algum tempo, vem escrevendo e esculpindo nos horizontes das paisagens literárias da Paraíba. Salvo engano de minha memória, essa cidade das traições, no dizer do genial Machado de Assis, ou espelho partido, conforme a sentença proferida, por José Saramago, em seus Cadernos de Lanzarote, eu conheci a professora Celi numa das edições dos monumentais Congressos Internacionais de Teoria e Crítica Literária, que, ao longo de vários anos, sob a regência da professora Elizabeth Marinheiro, transformava a cidade de Campina Grande, numa mágica semana de setembro, na capital mundial da reflexão literária, das abalizadas discussões engendradas pelo labiríntico universo da teoria e da crítica literária, com a multiplicidade das suas correntes e tendências. Nesses memoráveis e inesquecíveis conclaves, Campina Grande sempre se fez presente com os seus renovados valores literários, com o seu ouro da casa, em todas as modalidades em

Sol: visita à penitenciária modelo

  Transcrevo a seguir reportagem especial do jornal "O Imparcial", publicado na então capital federal do país (Rio) em 09 de de junho de 1923, acerca da visita da Turma de Direito à Penitenciária de S. Paulo, com destaque para o nosso poeta Silvino Olavo: "Conforme noticiamos regressou, anteontem, a embaixada acadêmica carioca, que fora a São Paulo em excursão de estudos. A respeito do que viram e aprenderam nessa viagem os estudantes da Universidade, teve a gentileza de nos conceder a entrevista abaixo o distinto acadêmico Silvino Olavo, que fez parte, como orador, da turma itinerante. “Trago de S. Paulo uma impressão inextinguível de progresso e de beleza. Nunca, na minha vida acadêmica, me foi dado ensejo de recolher em minha alma mais avultada soma de júbilo, como durante esses dias de festividade, e fortes emoções na capital paulista e na cidade de Santos. A cativante gentileza dos nossos colegas do tradicional “Centro Onze de Agosto” – um dos poucos que tem ver

A parceria de Zé Alves e João Benedito

José Alves Sobrinho José Alves Sobrinho (1921/2011) nasceu José Clementino de Souto na Fazenda Pedro Paulo pertencente a seus pais, no Município de Picuí, que hoje pertence a Pedra Lavrada, no Estado da Paraíba. Adotou o nome artístico por imposição de seu pai, pois cantador de viola à época não era bem quisto, e assim o fez para evitar constrangimentos. Iniciou na cantoria aos 13 anos, mas aos 38 perdeu a voz, dedicando-se ao estudo e a pesquisa da poesia popular. João Benedito (1860-1943), cantador popular, nasceu João Viana dos Santos, no Município de Esperança, nesse mesmo Estado. Não chegou a ser escravo, pois já nasceu livre. Trabalhava nas feiras livres, onde muitas vezes declamou seus versos. Fazia “garrafadas” e remédios homeopáticos. Para muitos era a “alma dos cantadores”, e foi professor de muitos poetas. É o próprio Zé Alves que nos dá notícia dessa parceria em seu livro “Cantadores com quem cantei” (Bagagem: 2009). Disse tê-lo conhecido na cidade de Cuité, quando este