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Mostrando postagens de março, 2019

Trovas e cantadores

O cancioneiro popular é muito rico e esta riqueza se torna mais evidente na voz do Nordestino. É ele o trovador das praças que reúne em seu repertório o que há de mais belo na vida campeira. O poeta Silvino Olavo, introduzindo Leonardo Mota na Parahyba, chegou a comentar que “ Cantadores e Violeiros do Norte valem por todo um ciclo literário ”. De fato, não há como negar a valentia de homens que se digladiam em versos de improviso, hoje tão escasso devido a personificação do homem moderno. Esperança – celeiro de cantadores – reuniu em sua epícore os mais renomados deles, homens bravos que até chegaram a residir nessas paragens, a exemplo de Josué da Cruz; e os poetas natos deste torrão: João Benedito, Campo Alegre e Mergulhão. A saga contagiou o seu povo, que vez em quando se arrisca a versejar, fazendo a alegria de ouvintes e admiradores do repente. Assim é que vemos José Coêlho da Nóbrega, brindando aos convivas, num bar da cidade, pelos idos de 1962 com a seguinte trova:

Uma sanfona na sala

No final dos anos 80, fui para Campina estudar no Redentorista. Na época era semi-internato, passávamos o dia inteiro na escola. Pela manhã estudávamos o ensino médio e algumas disciplinas técnicas. No segundo turno tínhamos laboratório, física e eletrônica digital. Fizemos grandes amizades. Certa feita, um colega de classe nos convidou para conhecer a sua casa que ficava no Alto Branco. Passamos o dia inteiro naquele bairro, conhecendo as peculiaridades do local; e nos foi servido um almoço com feijão de corda e torresmo, uma das maiores refeições que já saboreei na vida. Apenas por aquela ocasião, esqueci minhas origens judias. Ele era sobrinho de Zé Calixo, sanfoneiro afamado autor de “Escadaria”, um hino da música regional. Cheguei a ir na casa deste sanfoneiro, mas não o encontrei naquele dia; porém o colega, sabendo que eu era de Esperança, para não perder a viagem, me levou na casa de outro conterrâneo naquele mesmo bairro campinense. Naquela residência deparei-me com

Foguete, por Pedro Dias do Nascimento

Dogival Eleotério da Silva ganhou fama nacional com a alcunha de “Foguete”. Um de seus conterrâneos, no grupo “Esperança – Terra mãe”, lançou os seguintes comentários a respeito do desportista: “Fuba, como os Esperancenses o chamavam, era uma pessoa por demais querida na cidade! Craque de jogadas surpreendentes e de características próprias, goleador implacável, superou outros tantos que passaram pelo América na mesma posição na década de 60. Amigo quase inseparável do meu falecido e saudoso irmão Eliezer, das minhas irmãs e por conseguinte, da minha família, vivia quase que diariamente na nossa residência a tagarelar e a sorrir sobre assuntos corriqueiros de assédios e namoros do dia-a-dia. Lembro de uma das meninas que residia na Rua Paroquial e que era desesperadamente apaixonada por ele... Apesar de sua origem humilde e de um caráter visivelmente inquestionável, era desputado pela meninas da época não somente pela sua elegância no vestir, mas sobretudo pela sua boa ap

Secretários de educação e afins

Prédio da Secretaria de Educação Esses dias estive fazendo um levantamento das pessoas que estiveram à frente da educação municipal. Algumas curiosidades surgiram: antes não havia secretaria, mas departamento; não havia secretários, e sim diretores. No início, a função era prestada pelo “Diretor de Ensino Municipal”. Tempo depois, foi criado o “Divisão de Ensino”, sendo este o embrião do departamento que, anos mais tarde, seria a própria “Secretaria de Educação”. Ao longo do tempo, esta foi agregando competências, a exemplo da cultura e do esporte, ganhando a denominação de “Secretaria Educação de Cultura” e, posteriormente “Secretaria de Educação, Cultura e Desporto”. O esporte, por seu turno, ganhou o próprio departamento, dissociando da educação, em que pese permanecer alinhada a esta categoria. A cultura da mesma forma, ganhou a sua autonomia, para atender melhor as demandas municipais. A secretaria já funcionou no prédio do antigo Fórum (Praça José Pessoa Filho), na

Haikai

Heloíse Mar ia de barco adentro Ferreira no pensamento A Costa alcançaria Parabéns minha filha Por esse grande dia. Banabuyé, 15 de março de 2019. Rau Ferreira Nota: Fiz este poema para homenagear o natalício de minha filha Heloíse Maria. Heloíse ia mar adentro, no ventre de sua mãe; enquanto o pai – no pensamento – nos meses que se seguiram, até o seu nascimento. De fato, foi um grande dia, pois ela tem uma personalidade ímpar, aliás cada um dos meus filhos é único por si, nos gestões e nas ações.

Audiência em libras

Juíza da Comarca de Esperança realiza audiência de custódia com o auxílio de intérpretes de libras. Um fato inusitado aconteceu, na manhã desta terça-feira (12), na 2ª Vara Mista da Comarca de Esperança, município distante 151 km da Capital, uma audiência de custódia com réu com deficiência auditiva. A magistrada Adriana Lins, responsável pelo procedimento, utilizou dois intérpretes de libras que trabalham na Escola Estadual da cidade e que foram nomeados peritos para o ato. “A audiência foi realizada com sucesso uma vez que as perguntas feitas ao acusado lhe foram repassadas pelos intérpretes, bem como as respostas apresentadas”, explicou Adriana Lins. Conforme informou o Cartório, o indivíduo foi acusado do crime de ameaça contra a genitora, tendo a vítima se retratado na audiência, para a qual compareceu espontaneamente. O acusado teve a liberdade concedida e o Inquérito Policial foi arquivado. Por Lila Santos Reprodução disponível em: https://www.tjpb.jus.br/n

Bloco BarRados

Os BarRados se originou de uma ocasião inusitada em que três amigos foram barrados em um bar aqui em Esperança, ai então tiveram a ideia de formar um bar particular só para eles, se juntando com vários outros amigos para farrear as quintas feiras a noite. Na Quinta feira de fogo antecedente ao carnaval esses amigos se juntam a uma Orquestra de frevo e saem nas ruas de Esperança fazendo a festa. Hoje, isso já virou tradição na cidade. Coordenadores dos BarRados

Antônio Silvino em Esperança (Parte VI)

Antônio Silvino Antônio Silvino (1875-1944) para muitos foi um “bandido social”, pois respeitava moças e crianças e fazia pequena distribuição de renda após cada saque na própria localidade, angariando assim o respeito popular. Evitando entrar no território pernambucano, afligiu a Paraíba e o Rio Grande, especialmente nos anos de 1901 a 1910. Foi neste período que muitas vezes compareceu a vila de Esperança para fazer “arrecadação”, sendo atendido pelos comerciantes que temiam um mal maior. O cancioneiro popular, na voz de Antônio Téodoro dos Santos, narra a façanha do cangaceiro em versos: “Antônio Silvino então No povoado Esperança Prendeu dois ‘cabeça-preta’ Já ia mandar a trança Mas um disse: - Seu Silvino Pelo bem de Deus-Menino Nós todos temos criança!... Silvino disse: - Eu não vejo Vocês com barriga grande Portanto merecem mesmo É cair no duro flande! Já se vê homem enxertado? O mundo já está mudado Ou vá direto ou desande. Deixou Si

Versos da feira

Há algum tempo escrevi sobre os “Gritos da feira”, que podem ser acessadas no link a seguir ( https://historiaesperancense.blogspot.com/2017/10/gritos-da-feira.html ) e que diz respeito aqueles sons que frequentemente escutamos aos sábados. Hoje me deparei com os versos produzidos pelos feirantes, que igualmente me chamou a atenção por sua beleza e criatividade. Ávidos por venderem seus produtos, os comerciantes fazem de um tudo para chamar a tenção dos fregueses. Assim, coletei alguns destes versos que fazem o cancioneiro popular, neste sábado pós-carnaval (09/03) e início de Quaresma: Chega, chega... Bolacha “Suíça” é uma delícia! Ela é boa demais, Não engorda e satisfaz. ....................................................... Olha a verdura, freguesa. É só um real... Boa, enxuta e novinha; Na feira não tem igual. ....................................................... Boldo, cravo, sena... Matruz e alfazema!! ........................................

Monsenhor João Borges de Sales

O Monsenhor João Borges de Sales nasceu em Esperança-PB, no dia 27 de novembro de 1872. Foram seus pais José Francisco Borges Pessoa e Belisa Maria Pessoa. Viveu aqui até os 13 anos, quando foi morar com o seu tio e padrinho Luiz Francisco de Sales Pessoa (1847-1927), que era vigário de Campina Grande-PB. Este padre lhe educou e o fez ingressar na escola eclesiástica por volta de 1894, formando-se padre em 26 de março de 1898, e prestando serviços em diversas cidades do interior da Paraíba e do Rio Grande do Norte. Quanto estava a frente da Capela de Jardim dos Angicos, no ano de 1903, recebeu a visita de D. Adauto Aurélio, 1º Bispo da Paraíba, que pretendia elevar a capela à freguesia, então subordinada a de São José dos Angicos-RN. Retornando à Campina em 1899, foi auxiliar o seu tio, Vigário Sales, naquela paróquia, inclusive ajudando-o a reformar a Igreja do Rosário. Falecendo o Monsenhor Sales, em 15 de agosto de 1927, assumiu, no dia 28 daquele mês e ano, a Paróquia de No

Reminiscências (Pedro Dias)

REMINISCÊNCIAS “Uma homenagem aos saudosos personagens (in memoriam), festejos e carnavais da cidade de Esperança-PB, da década de 60.” Revivo aqui, mais uma vez, silente, Reminiscências d’épocas antigas: Dos pastoris, pastoras e cantigas, Nas noites frias de luar crescente. Revivo aqui à noite a seresta, Improvisada de forma simplista: Um violão, uma voz, mais nada à vista Pulsavam corações, fazendo a festa. Revivo aqui, os blocos coloridos Dos carnavais... - o “bel” bloco de “Novo”- “ Zé Bilingué” fazendo brinde ao povo, Com evolução de passos incontidos. “ Batutas do Samba”, escola afamada, Pela coreografia e som de “agito”, Com “Zé Cadôbra” entoando o apito, E mestre “Danda” atento à batucada. E “Domingos”, travestido de donzela: Saia curta, de batom, que irreverência! Que passando mui gentil, e com decência, Divertia a quem assistia da janela.   São mais lembranças! No momento, espero, Ter resgatado “um pouco” da cidade

O pó de volta à Terra (poema de Rau Ferreira)

A solidão é uma megera Sorve a alegria interior Desfaz o brilho O sol se apaga, E jaz o amor. Estou só Cá com os meus livros Não há lyrios ou encantos Não há... Tarde demais. E a vida se desfaz E o brilho se apaga E a alegria se vai E se vão os anos de uma vida. A solidão me distrai Vejo as imagens passando Num vai-vai contingente Não vejo gente, nem almas Vejo apenas as palmas Das mãos esbranquiçadas. E os cabelos brancos De tantos e tantos Desenganos... Volvem-me os panos Nesta caixa de madeira E os sonhos de uma vida inteira Se vão... Ah! Solidão ingrata Que ti fiz, velha amiga? Será que não se afasta Será que não te agrada Viver assim ou morrer Uma morte desalmada. Volvo-me nas flores As flores brancas A tristeza retrata E uma senhora Chora a minha farsa Que nada mais é do que a taça De uma vida sem graça. O pó em que me transformei Mistura homogenia da terra E uma vida se encerra