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Versos da feira


Há algum tempo escrevi sobre os “Gritos da feira”, que podem ser acessadas no link a seguir (https://historiaesperancense.blogspot.com/2017/10/gritos-da-feira.html) e que diz respeito aqueles sons que frequentemente escutamos aos sábados.
Hoje me deparei com os versos produzidos pelos feirantes, que igualmente me chamou a atenção por sua beleza e criatividade. Ávidos por venderem seus produtos, os comerciantes fazem de um tudo para chamar a tenção dos fregueses. Assim, coletei alguns destes versos que fazem o cancioneiro popular, neste sábado pós-carnaval (09/03) e início de Quaresma:

Chega, chega...
Bolacha “Suíça” é uma delícia!
Ela é boa demais,
Não engorda e satisfaz.
.......................................................
Olha a verdura, freguesa.
É só um real...
Boa, enxuta e novinha;
Na feira não tem igual.
.......................................................
Boldo, cravo, sena...
Matruz e alfazema!!
.......................................................
Olha a fruta, freguesia!
Pera, manga, laranja...
Aqui não tem carestia.
.......................................................
Queijo, olha o queijo,
Manteiga e coalhada...
Mulher bonita não paga
Se me sapecar um beijo!
.......................................................
Meia, cueca e samba-canção
Não deixa o homem na mão!

São versos simples, de chamar a atenção. O próprio João Benedito – cantador esperancense – quando convidado pra fazer propaganda de um vinho local, usou de sua poesia para garantir o sustento:

Eu não digo por ser crítico
e nem por combater ao assédio
mas isso aqui serve de remédio
ao mais pior paralítico

Faz o novo ficar forte
e o velho virar criança
bebendo o vinho de Esperança
da fábrica Leão do Norte.

E prá mode nós incerrar/ Essa história de sucesso/ Vou ensaiando o regresso/ Do cantador popular,/ Canta tu, que eu canto cá/ Essa versão do repente/ Quem souber fazer diferente/ Faça como eu faço/ Conte a história da gente.

Banabuyé, 09/03/2019.

Rau Ferreira


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