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Mostrando postagens de junho, 2022

Um poeta esquizofrênico

  Não nos consta que até meados de 1929 tivesse Silvino Olavo qualquer inclinação à loucura. Essa também foi a conclusão da pesquisadora Helmara Gicceli em sua tese de Doutorado em História apresentada à Universidade Federal de Pernambuco: “ Não consta na documentação compulsada que, naquele momento, Silvino sofresse de qualquer tipo de doença mental ” (UFPE: 2016, p. 385). Em julho daquele mesmo ano convalescera, permanecendo uma semana no Pilar onde residia sua noiva Carmélia Veloso Borges (A Vida Dramática. Unigraf: 1992, p. 125), conforme notícias publicadas na imprensa nacional: “ DR. SILVINO OLAVO - Acha-se enfermo o conhecido homem de letras dr. Silvino Olavo, oficial de gabinete do sr. Presidente do Estado ” (Diário de Pernambuco: 07/07/1929). “ Atacado de ligeiro incômodo esteve acamado, na cidade do Pilar, o Sr. Silvino Olavo, oficial de gabinete da Presidência do Estado ” (O Jornal-RJ: 14/07/1929). João Pessoa em carta à Epitacinho datada de 1º de julho de 1929, co

A Educação popular na Parahyba

  Preocupado com a educação de jovens e adultos, o Professor José Gomes Coelho (1898/1954) ajudou a fundar a Escola “D. Ulrico” para adultos que oferecia ensino gratuito noturno à população pobres da Capital. Para ressaltar a importância deste educandário, publicou o lente extenso texto no jornal “O Norte”, tratando de fazer um paralelo entre o progresso de sua época e o analfabetismo que parecia ser o grande mal, pois de todo impedia o cidadão de participar da política e das decisões importantes para o país. “ O analfabetismo não pode ser rapidamente extirpado da sociedade ”, escrevia o professor Gomes Coelho, acrescendo que não de tomavam medidas sérias para combate-lo, “ antes a incúria dos poderes públicos depois da consolidação da República, tem grandemente concorrido para mais fundas raízes lance ele no nosso Estado ”, e ainda completa: “ É, infelizmente, o analfabetismo um desses males que somente a pouco e pouco podem ser expelidos do organismo social, mediante ação contí

Elysio Sobreira (prefácio da 2ª edição)

  Na primeira edição deste livro esforcei-me para traçar em linhas gerais a importância do Coronel Elysio Augusto Sobreira de Carvalho, patrono da PMPB, discorrendo sobre a sua carreira militar e chefia política que exerceu na Parahyba no livro desenvolvido por Inácio Gonçalves . Tal tarefa me foi confiada, também, nesse segundo volume da obra, revista e atualizada pelo seu autor, com os cuidados que lhe são peculiares, resultado de sua incansável pesquisa. Inácio Gonçalves de Souza é escritor, desportista, cordelista e historiador. Nascido no Sítio Timbaúba (Esperança/PB), é graduado em história pela Universidade Estadual do Vale do Acaraú – UVA e pós-graduado em História da Paraíba e do Brasil pela Faculdade Integrada de Patos – FIP. Sócio do Instituto Histórico do Cariry Paraibano e do Instituto Histórico e Geográfico de Esperança, tem publicado os livros: Esperança e sua gente (1994); Esperança em verso e prosa (1998); América Futebol Clube – Patrimônio histórico de Esperanç

João Benedito: alguns versos

  Joao Benedito Viana – ou simplesmente João Benedito –, pertencia à terceira geração de cantadores, tendo como companheiro de trovas o poeta Antônio Lamparina, da cidade de Areia (PB). Josué Alves Sobrinho disse ter cantado com Benedito, sendo este “ Cantador de muito talento com quem cantei e dele recebi grandes lições de vida ” (Cantadores, Repentistas e Poetas Populares. Bagagem. Campina Grande/PB: 2003, p. 69). Certa feita num desafio com Manoel Serrador, que se chamava Manoel Regino, disse em cantoria: “ Você anda bem vestido De gravata meia e liga Não pense que eu tenho inveja, E é até bom que lhe diga, O hábito não faz o monge Nem paletó é cantiga”.   Com Josué da Cruz, que também residiu em Esperança e era repentista inspirado, cantando com João Benedito disse a seguinte estrofe: “ Vejo o mundo dividido Entre o plebeu e o nobre, Um é perto e outro é branco Um rico e outro é pobre, Deus é o Senhor de tudo: E o Céu a todos cobre”.   João Bened

A arte poética (Silvino Olavo)

  Silvino Olavo concluiu com mérito o seu bacharelado (1924) publicando a sua tese em plaquete “Socialização e Estética do Direito” com as oportunidades que se descortinavam diante dos graduandos: “a hora que passa é de inquietude e de ânsias vivazes pela entronização da Ideia Nova” – afirmava ele em sua oração à turma concluinte – lembrando à nova geração “o dever de não trair a confiança dos que esperam dela a conquista de novos horizontes para o progresso do mundo”, conquanto era mister que “a alma de ‘homem novo’ tenha acordes novos que traduzam a estranha e policrômica psicologia do momento”. O “Automóvel Club do Brasil” ficou repleto de autoridades que prestigiaram a colação de grau, divulgando-se na imprensa carioca o efusivo discurso: “Interessou muito o discurso do orador, pela novidade de ideias e pela crítica severa à burguesia, das severas normas do direito romano, demonstrando o absurdo do jus Abutendi , convidando os seus colegas a acompanharem o esplendor da nossa id