Preocupado com a educação de jovens e adultos, o
Professor José Gomes Coelho (1898/1954) ajudou a fundar a Escola “D. Ulrico”
para adultos que oferecia ensino gratuito noturno à população pobres da
Capital.
Para ressaltar a importância deste educandário,
publicou o lente extenso texto no jornal “O Norte”, tratando de fazer um
paralelo entre o progresso de sua época e o analfabetismo que parecia ser o
grande mal, pois de todo impedia o cidadão de participar da política e das
decisões importantes para o país.
“O analfabetismo não pode ser rapidamente
extirpado da sociedade”, escrevia o professor Gomes Coelho, acrescendo que
não de tomavam medidas sérias para combate-lo, “antes a incúria dos poderes
públicos depois da consolidação da República, tem grandemente concorrido para
mais fundas raízes lance ele no nosso Estado”, e ainda completa:
“É, infelizmente, o analfabetismo um desses males
que somente a pouco e pouco podem ser expelidos do organismo social, mediante
ação contínua, mas necessariamente lenta, de propaganda fortemente organizada”
(O Norte: 20/01/1913).
A capital do Estado, com 30 mil habitantes, contava
apenas com duas escolas púbicas primárias do sexo masculino e a escola noturna
do Partido Operário. O sexo feminino era mais bem aquinhoado: 1 grupo escolar
com 6 professoras e 7 escolas isoladas com 2 professores cada. E apesar de se
dizerem “mistas”, apenas meninos menos de nove anos poderia frequentar a escola
das moças.
A visão do professor era ampla sobre os aspectos
sociais do analfabetismo, apresentando uma solução imediata e vastoconhecimento
sobre o assunto como se denota adiante:
“Não basta simplesmente abrir escolas; é preciso
sobretudo convencer os adultos analfabetos de que devem procurar instruir-se, e
os pais de que lhes ocorre estrita obrigação moral de educam os filhos.
A abundância de escolas para menores e adultos,
fundadas pelo governo, por associações de beneficência e mesmo por
particulares, completará o sistema de medidas necessárias à debelação do grande
mal”
ação contínua, mas necessariamente lenta, de
propaganda fortemente organizada.
________________________________
Foi compreendendo essas verdades que a exma. Sra.
Francisca Moura fundou à rua Duque de Caxias, nº 55, a escola noturna ‘D.
Ulrico’ destinada ao ensino de pessoas pobres, tanto do sexo masculino como do
feminino, e a qual dispõe de corpo docente numeroso e dedicado.
A quem tiver lido este artigo peço encarecidamente,
em nome da Diretoria daquela Escola, o patriótico favor de indicar aos
conhecidos pobres e analfabetos, o lugar onde, à noite e sem dispêndio, poderão
instruir-se.
Mais particularmente é dirigido este apelo aos srs.
Patrões, de cujo patriotismo é natural esperar que aconselhem os seus criados e
trabalhadores, a frequência da escola de preferência à das tabernas e outros
lugares de inda menos justificável moralidade. Os que assim procederem largamente
concorrerão para o elevamento do nível moral e intelectual das classes pobres,
com visível vantagem pessoal, porquanto as suas ordens serão cumpridas de então
com muito mais amor e inteligência. José Coelho” (O Norte: 20/01/1913).
A Escola “D. Ulrico” recebia 200$000 (duzentos mil
réis) de subsídio do governo para gerir as suas necessidades. Admitia-se
pessoas de ambos os sexos a partir dos 15 anos. Apesar de existir cinco escolas
na Capital destinadas ao ensino noturno, essa escola tinha o diferencial de
ofertar curso gratuito. No ano de sua fundação (1913) registrou 136 matrículas.
Rau Ferreira
Referências:
- COSTA, Jean Carlo de
Carvalho. Contribuições educacionais e jurídicas de Alcides Bezerra:
itinerário e rede de sociabilidade (1907-1938). Pós-Graduação.
Mestrado. UFPB. João Pessoa/PB: 2020.
- ENSINO, Revista (do).
Ano I, Nº 02. Ed. Julho. Parahyba do Norte: 1932.
- ESPINDOLA, Maíra Lewtchuk. As
experiências intelectuais no processo de escolarização primária na Paraíba
(1824-1922). Pós-Graduação. Doutorado. UFPB. João Pessoa/PB: 2017.
-
O NORTE, Jornal. Edição de 20 de janeiro. Parahyba: 1913.
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