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Monsenhor João Borges de Sales

O Monsenhor João Borges de Sales nasceu em Esperança-PB, no dia 27 de novembro de 1872. Foram seus pais José Francisco Borges Pessoa e Belisa Maria Pessoa.

Viveu aqui até os 13 anos, quando foi morar com o seu tio e padrinho Luiz Francisco de Sales Pessoa (1847-1927), que era vigário de Campina Grande-PB. Este padre lhe educou e o fez ingressar na escola eclesiástica por volta de 1894, formando-se padre em 26 de março de 1898, e prestando serviços em diversas cidades do interior da Paraíba e do Rio Grande do Norte.

Quanto estava a frente da Capela de Jardim dos Angicos, no ano de 1903, recebeu a visita de D. Adauto Aurélio, 1º Bispo da Paraíba, que pretendia elevar a capela à freguesia, então subordinada a de São José dos Angicos-RN.

Retornando à Campina em 1899, foi auxiliar o seu tio, Vigário Sales, naquela paróquia, inclusive ajudando-o a reformar a Igreja do Rosário.

Falecendo o Monsenhor Sales, em 15 de agosto de 1927, assumiu, no dia 28 daquele mês e ano, a Paróquia de Nossa Senhora da Conceição o agora Cônego João Borges, que até então era vigário coadjutor em Campina Grande. Permaneceu naquele cargo até 21 de janeiro de 1929.

Por essa época, foi responsável pela reformulação da Igreja da Guia no bairro de São José e a instituição de uma bolsa de estudos para os seminaristas pobres que desejassem frequentar o Seminário em João Pessoa-PB.

Consta, ainda, da história eclesiástica campinense, que um ano após o falecimento do tio, o Padre João Borges erigiu um mausoléu para servir de depósito de seus restos mortais. Este monumento se localizava na parte posterior da Matriz, onde hoje é o Centro Pastoral.

Boulanger Uchôa ao tratar da construção, inaugurada em 28 de agosto de 1928, assim escreve em seu livro História Eclesiástica de Campina Grande:

O Cônego João Borges Sales, sobrinho e afilhado do Monsenhor Luís Francisco de Sales Pessoa, que o educou até ordenar-se Sacerdote, como fez igualmente com os dois outros sobrinhos José Borges de Sales e Antônio Galdino de Sales, em testemunho da sua veneração e gratidão ao virtuoso tio, construiu atrás da Matriz um belo mausoléu em cuja base se acham os restos mortais do Monsenhor Sales” (Uchôa: 1964, Pág. 104).

O Padre Sales ofertou ainda parte da sua propriedade Antas, localizada no Município de Puxinanã-PB, possibilitando a criação da Diocese de Campina Grande; a outra parte foi dividida entre os posseiros, tornando-os pequenos proprietários.

Antes de deixar o paroquiato, adquiriu dois prédios na antiga Praça do Rosário (hoje, Praça da Bandeira), para ali funcionar um colégio feminino, que viria a ser o Colégio da Imaculada Conceição, sendo nomeado o seu 1º Capelão após a sua fundação, acontecida em 28 de fevereiro de 1931.

Por seis anos permaneceu a frente da diocese campinense, a cargo do Bispo Diocesano D. Otávio de Aguiar, entre os anos de 1956 e 1962.

Ascendeu ao título de Monsenhor quando foi nomeado Camareiro Secreto do Santo Padre Pio XII, nomeado pelo Papa segundo as suas virtudes e os serviços prestados.

Cristino Pimentel, em uma de suas crônicas, traçou o seguinte perfil do velho Monsenhor Borges:

Era um bom servo de Cristo. Poucos assemelhavam-se a ele no cumprimento do dever sacro. Mansas eram as suas palavras. Manso era o seu andar quando algum dever o obrigava a sair de casa. Ninguém sabia o que fazia a sua mão direita quando a estendia em benefício de um pobre. Ficava em meditação para atender a algum humilde da vida” (Edições Caravela: 2001, pág. 113).

De fato, com idade avançada, movia-se com dificuldade e perdeu a sua visão, na mansão de seu tio, fechando o livro da vida em 1º de janeiro de 1961, aos 88 anos de idade. Foi sepultado no Cemitério de N. S. do Carmo, em Campina Grande.

 

Rau Ferreira

 

Referências:

- DEPUTADOS, Anais da Câmara (dos). Volume XVII, 4ª Edição. Imprensa Nacional. Brasília/DF: 1991.

- ORLANDO, Evely de Almeida. Os Manuais do Catecismo na História da Educação: A Coleção Monsenhor Álvaro Negromonte e a Escola Nova Católica no Brasil. Editora Appris. Curitiba/PR: 2021

- PIMENTEL, Cristino. Mais um mergulho na história campinense. Edições Caravela. Campina Grande/PB: 2001.

- ROMÃO, João Evangelista. Além dos Jardins: História e Genealogia de Jardim de Angicos/RN. ISBN 978055714279-8. Natal/RN: 2006.

- TAVARES, Eurivaldo Caldas. O Seminário Arquidiocesano da Paraíba e o jubileu de diamante de sua fundação. Imprensa Oficial. João Pessoa/PB: 1954.

- UCHÔA, Boulanger. História Eclesiástica de Campina Grande. Campina Grande/PB: 1964.


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