A Paraíba do Norte é, como a Bahia e o
Maranhão, a fonte abundante de regionalismo.
Na poesia popular, a que constitui elemento
demopsicológico, possui um manancial inesgotável desde os Nunes da Costa até
José Camelo de Melo Resende. Podemos dizer que essa poesia adotada desde o ano
de 1729 nos Cariris-Velhos teve origem com o advento de “gregos e troianos” nas
ribeiras do Sabugi, do Riacho Verde e do litoral paraibano.
A canção popular portuguesa influiu, muito, na
formação intelectual de nosso povo, o latim, o castelhano e o português fizeram
o hibidrismo resultante da gíria que nos serve, presentemente, de dialeto.
Reunindo em fascículos, imorredoiros e
demóticos, escreveu Leandro Gomes de Barros esse hibridismo, esse folclore,
essa história e esse dialeto.
Eis aqui um excelente cabedal acerca do maior,
do mais vasto, do m ais admirável e inesquecível poeta e escritor regional
Leandro Gomes de Barros.
Certa ocasião, em Esperança, uma das localidades
da paraibanas onde se vendem muitos folhetos de cordel, um parente de Nicandro
Nunes da Costa, o prof. Luiz Gil de Figueiredo, decorou de Leandro este
improviso:
Leandro
Gomes de Barros
Escritor
paraibano
No
ofício de escrever,
Escreve
com calma e plano
Tem
fama de repentista,
Escritor
e romancista,
Tem folhetos
mais de mil
É
ainda no Brasil,
- O
seu primeiro humorista.
Ele próprio lia os seus escritos no largo das
feiras de interior. Lia-os, recitava-os e improvisava-os. Este era o seu maior
mérito.
Poesia espontânea vibrátil incansável e que
tanto fazia folhetos adquirindo assuntos nas leituras de romances ibéricos como
criava, a seu modo, histórias, humorismos e exemplos servindo de admiração e estima
a sua extraordinária verve aos matutos que gostavam bastante de ouvi-lo através
daquela festa que lhes fazia o poeta Leandro ocasionando um adjunto de
interromper o curso da feira, tamanha a beleza de seus versos e de sua verbosidade.
Atendendo
a um freguês, dizia:
Leve
pra casa o folheto
E veja
que a história é boa
Pois
sendo escrita por mim
Não pode
sair à-toa
Pague
dois mil reis por ela,
Se você
pretende aquela,
Compre
a minha coleção
Sendo
esta a ocasião
De
você ficar com ela.
Para encontrar com Leandro só Gulino do Sabugi
e Nicandro da Cangalha, isto nos dizia Manoel Raimundo de Barros, cantador pernambucano,
contemporâneo daquele.
Os folhetos são os órgãos noticiosos dos
povoadores da zona rural.
Egídio Lima
Referência:
- ARIÚS, Revista. Edição de 10 de outubro. Campina Grande/PB: 1952.
Muito bom! Mais uma vez!
ResponderExcluirMas menos
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