O homem que não tem ideias da existência de
Deus, não o tem, conscientemente, da realidade em si mesma. Não o tem, desde
que a concepção da realidade no sentido filosófico é transcendental e seu conhecimento
está muito acima das possibilidades humanas. O homem ateu julga que por ser e
viver em puro negativismo, e o julgamento é tanto mais restrito, duvidoso ou
contraditório, quanto mais exclusivo foi o caráter que emprestar.
Tudo no mundo físico se adapta a toda parte. São
o espaço e o tempo que determinam e como consequências o homem ateu,
instintivamente, adapta-se ao complexo das aparências e chama-o realidade,
enquanto que esta que ele pretende julgar de fato, embora sem fundamento
lógico, nem psíquico, nem moral, não passa de mera contingência que se amolda
melhor aos interesses vitais e sociais.
Que é a realidade no mundo físico? Ao homem
falece autoridade para dar ao problema uma solução aceitável, senão recorrer à
luz metafísica.
Ante o complexo das coisas orgânicas e
inorgânicas, ante o labirinto chocante das contingências, não sabemos definir a
realidade em si mesma. O que sabemos, pouco ou muito segundo a
perceptibilidade, é discernir, dentre as formas e os efeitos, aquilo que mais
simpatiza a nossa afinidade nos modos, no exterior, nas condições de vida...
Dos acidentes, variáveis e modificáveis pela
lei da adaptação, deduz-se um princípio lógico. Tudo é imperfeito e transitório
em suas partes. A perfeição é imanente ao Grande Todo-Poderoso, e lhe é um
atributo exclusivo. No mundo material tudo é relativo e contingente, supondo
indiscutivelmente a causa necessária que é Deus.
Deus é que é a realidade. E o homem sem Deus não
pode concebê-las ainda que reúna em seu auxílio quantos sistemas ou filosofias
materialistas têm surgido em todos os séculos, impressionando mentalidades
pouco avisadas e fomentando conflitos científicos.
Epaminondas
Câmara
Referência:
- ALCG, Revista. Ano XXVII, Nº 06. Edição de outubro. Campina Grande/PB:
2008.
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