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Não há realidade sem Deus (Epaminondas Câmara)

 


O homem que não tem ideias da existência de Deus, não o tem, conscientemente, da realidade em si mesma. Não o tem, desde que a concepção da realidade no sentido filosófico é transcendental e seu conhecimento está muito acima das possibilidades humanas. O homem ateu julga que por ser e viver em puro negativismo, e o julgamento é tanto mais restrito, duvidoso ou contraditório, quanto mais exclusivo foi o caráter que emprestar.

Tudo no mundo físico se adapta a toda parte. São o espaço e o tempo que determinam e como consequências o homem ateu, instintivamente, adapta-se ao complexo das aparências e chama-o realidade, enquanto que esta que ele pretende julgar de fato, embora sem fundamento lógico, nem psíquico, nem moral, não passa de mera contingência que se amolda melhor aos interesses vitais e sociais.

Que é a realidade no mundo físico? Ao homem falece autoridade para dar ao problema uma solução aceitável, senão recorrer à luz metafísica.

Ante o complexo das coisas orgânicas e inorgânicas, ante o labirinto chocante das contingências, não sabemos definir a realidade em si mesma. O que sabemos, pouco ou muito segundo a perceptibilidade, é discernir, dentre as formas e os efeitos, aquilo que mais simpatiza a nossa afinidade nos modos, no exterior, nas condições de vida...

Dos acidentes, variáveis e modificáveis pela lei da adaptação, deduz-se um princípio lógico. Tudo é imperfeito e transitório em suas partes. A perfeição é imanente ao Grande Todo-Poderoso, e lhe é um atributo exclusivo. No mundo material tudo é relativo e contingente, supondo indiscutivelmente a causa necessária que é Deus.

Deus é que é a realidade. E o homem sem Deus não pode concebê-las ainda que reúna em seu auxílio quantos sistemas ou filosofias materialistas têm surgido em todos os séculos, impressionando mentalidades pouco avisadas e fomentando conflitos científicos.

 

Epaminondas Câmara

 

Referência:

- ALCG, Revista. Ano XXVII, Nº 06. Edição de outubro. Campina Grande/PB: 2008.

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