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Cordel C49-209 - Abraço reprimido em tempos de pandemia (Evaldo Brasil)

I

Uns quatro abraços já dei

Em pleno caos, pandemia

Eu, um caseiro por opção

Eu, obrigado, não queria...

Mas o caso exige esforço

Sem precisar de alvoroço

Mas ter ciência como guia.

II

Não resistindo à tentação

Nossa consciência pesa

Se até quem não gostava

Já sente falta dessa reza

Imaginem eu, beijoqueiro,

Um abraçador primevo,

Encontrando quem preza?!

III

Quebrei minha quarentena

E fiquei todo embolado

Abraços de estima plena

Teve até rosto colado...

Saiu de mim algo e assim

Delas algo veio pra mim

Fiquei até perfumado!

IV

Não, eu não uso perfume

Não me habituei assim

Não é do meu costume

Essa essência sobre mim

Mas não me faço de rogado

Já me sentiram perfumado

Causando até burburin’

V

Experimentei em você

E fica como sendo sua

Essência, nem sei de quê

De flor, quiçá, de pele nua

Que me fez um perseguido

Enquanto era percebido

Em mim, o que era tua

VI

E, o resto do tempo, sigo

Até banhar o meu corpo

Foi contigo aqui comigo

Me sentindo meio louco

O cheiro trazia imagem

E eu diante da miragem

Como santo do pau oco

VII

Ah, espírito fraco diante

Da carne forte elevada

Cedendo como hidrante

Ao impulso da manada

De hormônios agitados

Pelo instinto domados

Na lembrança irradiada!

 

Evaldo Pedro Brasil da Costa

Esperança, 08 de maio de 2020.








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