Há
muito iniciamos a nossa série, descrevendo o município durante os anos, a
exemplos dos anos 1889, 1899, 1909, 1914, 1915 e 1933. Assim, dando
continuidade, iremos abordar o ano de 1936, do Século passado.
Era
administrador o Sr. Theotonio Tertuliano da Costa, que na primeira gestão,
havia sido vice-prefeito de Esperança e, anteriormente, já havia assumido a
prefeitura de Alagoa Nova, portanto denotava-se a sua experiência no cargo.
A
Constituição vigente à época (1934) exigia que o candidato se exonerasse do
cargo seis meses antes (art. 101), assim afastou-se o Sr. Theotonio das funções
de prefeito, no dia 08 de agosto de 1935, assumindo o Sr. Manuel Simplício
Firmeza, que era secretário/tesoureiro.
Eram
funcionários, além do secretário no exercício de prefeito, Pedro de Alcântara
Torres (coletor geral), que havia assumido a secretaria geral interinamente;
Inácio Cabral de Oliveira (fiscal geral), Epitácio Donato (fiscal de rendas da
povoação de Areial); José Tonel de Albuquerque e Silva, Thomaz Firmino do
Nascimento, Manuel Virgínio, José Santiago, José Pereira, Antonio Santiago,
Luiz Rodrigues Pessoa, Manuel Feliciano, João Batista Ferreira e Severino
Pereira de Araújo coletores de rendas, encarregados de arrecadarem os impostos
da feira e da zona rural.
O
Dr. Sebastião Araújo era o inspetor chefe de higiene municipal, cargo criado
pelo Decreto nº 47, de 10 de julho de 1935.
O
Partido Progressista (PP) possuía os seguintes membros do diretório: o
ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (presidente), Francisco Bezerra da
Silva (vice-presidente), José de Araújo Souto (secretário), e filiados José
Valdez do Nascimento (Zuza Valder), Antônio Coelho de Carvalho, Júlio Ribeiro
da Silva, Inácio Rodrigues de Oliveira, Severino Irineu Diniz, Sebastião
Batista Júnior (Ioiô de Ginú), Cassemiro Jesuíno de Lima, Manuel Henriques da
Silva e Sebastião Araújo.
Destes,
tomariam assento no cargo de gestor municipal, nos próximos períodos Francisco
Bezerra, Sebastião Araújo e Júlio Ribeiro; e na condição de vice-prefeito,
Inácio Rodrigues.
A
justiça local estava assim constituída: Dr. Isaac Leão Pinto, juiz municipal;
Theotônio Cerqueira Rocha, adjunto de promotor; José de Andrade Melo, Francisco
(Titi) Jesuíno de Lima e Sebastião Athayde Cavalcanti, respectivamente, 1º, 2º
e 3º suplentes de juiz. O Tabelião Público e de Notas Judiciário e do Cível era
João Clementino de Farias Leite. Exercia as funções de porteiro dos auditórios
e de Oficial de Justiça João Chrizostomo Filho. O delegado era o Tenente
Sebastião Maurício da Costa, sendo 1º, 2º e 30 suplentes os cidadãos Pedro de
Alcântara Torres, José Virgolino Sobrinho e Claudino Rogério de Souza.
Esperança
possuía uma “Estação Fiscal do Estado”, a qual tinha sete postos fiscais situados
em Alagoa Nova, Matinhas, Lagoa de Roça, Campo Santo, Areal e Lagoa de Pedra, sendo
estacionário o Sr. João Augusto de Sá, e subordinados: Afonso Cavalcante, José
Donato Filho, Pedro Mendes de Andrade, João Clementino de Farias Leite,
Severino Donato, Luiz Gonzaga Caldas e Waldemar Almeida Pequeno.
A
agência dos Correios e Telégrafos estava a cargo de José de Oliveira Curchatuz
e a Sra. Rachel Passos de Melo era tesoureira
Segundo
o Censo de 1920, com as estatísticas previstas, a população era estimada em
trinta mil habitantes, lembrando que nesse tempo fazia parte de Esperança os
atuais municípios de Areial e Montadas. A população da vila (sede) era estimada
em sete mil, com 1280 casas, inclusive mucambos.
O
livro de matrículas registrava 18 caminhões, 5 automóveis de passeio, um
auto-ônibus e sete bicicletas.
O
patrimônio municipal estava orçado em R$ 294:142$000, distribuído em prédio
municipal, obras de abastecimento e outros bens. Nas finanças, a arrecadação
atingiu a cifra de 24:080$240 (réis).
As
receitas da época provinham basicamente das seguintes fontes: licenças, imposto
da feira, imposto predial, gado abatido, aferição, taxa de limpeza pública,
renda de patrimônio e imposto sobre veículos. Entre as despesas, destacavam-se:
iluminação, limpeza pública, instrução (escolas), cemitério e subvenções, entre
elas, a que era concedida ao judiciário local.
Para
se ter uma ideia, no ano de 1934 foram abatidas 988 rezes, 316 vitelos, 697
porcos, 498 ovelhas e 942 cabras; e produzidas 20.121 quilos de farinha, 6.439
quilos de feijão, 8.496 quilos de milho e 19.956 quilos de rapadura.
Naquele
ano (1936), chegava para reger a paróquia o Padre João Honório, que permaneceu
até 1951, quando foi substituiído por Padre Manuel Palmeira da Rocha.
O
prefeito Theotônio Terguliano era também proprietário da “Loja das Noivas”, uma
dos primeiros estabelecimentos comerciais da cidade, fundada em 1897.
Reparando
um erro do passado, comemorou-se o 7 de setembro com grande galhardia, fazendo
a aposição do retrato do ex-governador João Suassuna, que tanto contribuiu para
o engrandecimento da cidade.
Com
efeito, quando da inauguração da luz elétrica acontecida em 1925, ouvindo-se o
grito do poeta Silvino Olavo, em seu belo discurso, que proclamava “Esperança –
Lyrio verde da Borborema”, prometera o governante a emancipação municipal, quebrando
os grilhões que lhe mantinham presos à Alagoa Nova.
Assim
registra Hortênsio de Souza Ribeiro, em seu livro “Vultos e Fatos”:
“A promessa solene caída duns lábios
que desadoravam a mentida, teve a sua confirmação inequívoca e estrondosa no
dia 4 de dezembro de 1925 com a assinatura do Dec. n° 1.490, que instalava para
todos os efeitos o município de Esperança.
Para que se possa julgar a luz dos
documentos os extremos da dedicação social de Suassuna pela futurosíssima
Esperança recapitulemos sumariamente a história de sua evolução política.
Só por esta forma se verá nitidamente
refletido do governo de todo Suassuna pela emancipação do antigo distrito de
Alagoa Nova.
O termo de Esperança foi criado pela
Lei n° 613, de 3 de dezembro de 1924. A lei n° 624 de 1° de dezembro de 1925,
vinha regular a alteração dos limites entre Areia e Esperança. A 7 de dezembro
de 1925, assinava Suassuna o Dec. n° 1415, convertendo o distrito de paz de
Esperança em circunscrição policial. Neste mesmo ano era estabelecida a Mesa de
Rendas de Esperança (Dec. n° 1418, de 29 de dezembro de 1925).
Por essas ligeiras indicações se
constata que os acontecimentos decisivos da vida municipal de Esperança se
processaram dentro do quadriênio Suassuna. Desde a criação do seu termo (o
presidente Suassuna tinha assumido o governo fazia um mês e dezenove dias) até
a elevação de Esperança ao quadro municipal, perpassa duma maneira evidente o
influxo ou a projeção do presidente Suassuna no drama da independência
municipal de Esperança”.
Essas
são em apertadas linhas as principais ocorrências municipais de 1936, que foram
compostas a partir do material gentilmente cedido pelo pesquisador Jocelino
Tomaz de Lima, a quem agradecemos a colaboração.
No
detalhe da foto, vê-se o Açude Banabuyé em 1936.
Após
a publicação deste artigo, o escritor do livro de Montadas, e político Tony
Veríssimo, teceu os seguintes comentários, que devem ser acrescidos:
“Trata-se da população estimada em 31
de dezembro daquele ano. Conforme a Sinopse Estatística do Estado da Paraíba nº
02 de 1937, a previsão populacional era de 24.595 habitantes, sendo 88 km² e
correspondente a 1,76% da população total do Estado.
Observa-se que na obra ainda não
configura a existência do distrito de Ariús, mesmo este tendo surgido em 1935.
Na Sinopse Estatística do Estado da
Paraíba nº 02 de 1938 já se reconhece o distrito de Areial e a população sob
para 25.149 habitantes”.
Como
é importante a participação dos leitores, esse feedback propicia não apenas correções, mas a justa integração do
texto ao contexto histórico, só tenho a agradecer a Tony Veríssimo essa
colaboração.
Considerei
ainda a necessidade de coletar os seguintes dados, nos livros indicados:
Latitude |
Longitude |
Rumo |
Altitude |
7º06’00” |
35º49’00” |
ONO |
635 |
Sinopse
Estatística: 1937
Esperança
pertencia à Comarca de Areia, que tinha ainda o termo de Serraria. A área
estimada do município era de 281 Km2.
A
circunscrição policial de Areial, termo de Esperança, antes extinta foi
restaurada pelo governador Argemiro de Figueiredo, através da Lei nº 09/35, com
os seguintes limites: “partindo de Lages,
pelo caminho que vai para Gravatazinho, daí seguindo pelo caminho que passa em
Arara, Covão, Pedrinha d´água e Cardeiro, até encontrar o município de Campina
Grande, com este município e Alagoa Nova; de Lages pela estrada que vai para
Mamanguape, a encontrar o município de Campina Grande, daí seguindo opela
estrada dos Pereira e Furnas, rumando pelo nascente a margem da Lagoa Rasa,
situada à esquerda da etrada carroçável de Pocinhos a Areial, continuando pelo
mesmo caminho que termina na fazenda ‘Cardeiro’, onde encontra o limite com
Esperança” (art. 1º). Possuía o município uma “Cooperativa de Produção de
Batatinha” fundada em 1934, com capital de 5:000$ e substituto de 7:400$.
Na
áreas da educação tínhamos 12 escolas, com 21 professores e 817 alunos e 16
concluintes.
Rau Ferreira
Referências:
-
A IMPRENSA, Jornal. Edição de 27 de setembro. João Pessoa: 1936.
-
PARAHYBA, Annuário (da). Orris Barbosa, Durwal de Albuquerque. Imprensa Official.
João Pessoa: 1935.
-
PARAÍBA, Sinopse Estatística do Estado. Nº 02. Ano III – 1937. Imprensa
Oficial. João Pessoa: 1938.
-
PARAÍBA, Sinopse Estatística do Estado. Nº 02. Ano III – 1937. Imprensa
Oficial. João Pessoa: 1938.
-
PARAÍBA, Sinopse Estatística do Estado. Nº 03. Ano IV – 1938. Imprensa Oficial.
João Pessoa: 1940.
-
RIBEIRO, HORTENSIO DE SOUZA. Vultos e fatos. Governo do Estado. João Pessoa:
1979.
Li e confesso que fiquei confuso já nos primeiros parágrafos. Afinal, quem era o prefeito em 1936?
ResponderExcluirTheotônio Tertuliano da Costa, como está dito no segundo parágrafo. Obrigado por seu comentário.
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