Açude Vaca Brava, Canalização do Guari (Voz da Borborema: 1939) |
Tratamos deste assunto no tópico
sobre a Cagepa, mais especificamente, sobre o problema d’água em Esperança,
seus mananciais, os tanques do Governo e do Araçá, e sua importância. Pois bem,
quanto ao abastecimento em nosso Município, é preciso igualmente mencionar a
barragem de “Vaca Brava”, em Areia, de cujo líquido precioso somos tão
dependentes.
O regime de seca, em certos períodos
do ano, justifica a construção de açudagem, para garantir o volume necessário
de água potável. Nesse aspecto, a região do Brejo é favorecida não apenas pela
hidrografia, mas também pela topografia que, no município de Areia, apresenta
relevos que propiciam a acumulação das chuvas.
O riacho “Vaca Brava”, embora
torrencial, quase desaparece no verão. Para resolver o problema, o Governador
Argemiro de Figueiredo (1935/1940) adquiriu, nos anos 30, dois terrenos de
cinco engenhos, e mais alguns de pequenas propriedades, na bacia do açude,
criando assim a “zona de proteção” do manancial, indispensável a sua
conservação, com desenvolvimento das matas e isolamento do público e de
animais.
A faixa de proteção atinge uma área
de 600 a 800 hectares de terra, que custou ao Estado 800 contos de réis, em uma
extensão de 21 Km do seu entorno. Outros 150 hectares de superfície também são necessários
para o represamento.
A mata, de proteção ambiental, sofreu
reflorestamento com madeiras de lei, da qual ficou encarregada a Escola de
Agronomia de Areia.
Em reportagem da época, registrava-se
que: “O volume d’água armazenada no açude até a cota da soleira do sangradouro
é de 3.450.000 metros cúbicos, suficiente a fornecer diariamente 4.000 metros
cúbicos de água” e “uma vez cheio o açude, podem-se abastecer fartamente 40.000
pessoas”.
O serviço foi executado pelo governo
estadual em parceria com o governo federal, através da Inspetoria de Obras
Contra as Secas/IFOCS. No projeto, estavam não apenas a barragem, mas aquedutos,
prefiltro, usina elevatória, linha de recalque, adutora e unidade de
tratamento. Estimava-se que o reservatório seria capaz de fornecer água pelos
próximos 20 anos:
“A barragem, construída pela Inspetoria de Obras Contra as
Secas, em cooperação com o Estado, é de terra comprimida, tendo uma altura
total de 29 metros, comprimento de 180 no coroamento e largura de 120 na base. O
sangradouro está em terreno firme na ombreira direita, tendo 30 metros de
largura e três de altura; dará vasão a uma descarga máxima prevista para o
riacho, de 100 metros cúbicos por segundo com uma lâmina d’água de 150 metros. A
altura máxima de água no açude será de 24 metros, no momento das maiores cheias
do rio”. (Voz da Borborema: 1939).
Construiu-se, ainda, uma torre de
tomada de águas e manobras, próximo a barragem, uma coluna de concreto armado
vertical, com tubos de ferro de três alturas diferentes, espaçadas em 3,50
metros, sendo a mais alta 1,50 metro da soleira. Seu objetivo era melhorar a
captação, com o máximo de decantação do lago, mesmo com o rebaixamento após
prolongada estiagem.
Após a sua construção, foi possível
verificar um volume de 3.783.556 m³ (Aesa/PB).
Até aquele momento (1939), Esperança
permanecia sendo abastecida pelos entregadores, com seus burros e carroças, de
porta em porta, que carregavam água ora do Araçá, ora do 16 de Agosto (Tanque
do Governo); o açude Banabuyé, também servia a esses propósitos, sendo o lugar
para se lavar roupa e tomar banho público.
O problema d’água somente começou a
ser solucionado em 1958, com as obras executadas pelo Departamento Nacional de
Obras Contra as Secas (DNOCS), que canalizou as águas de “Vaca Brava” (Areia) para
o Município de Esperança.
Rau Ferreira
Referências:
- CÂMARA, Epaminondas. Datas Campinenses. Edição do Departamento
de Publicidade. Secretaria de Educação. Campina Grande/PB: 1947.
- FERREIRA, Rau. Banaboé Cariá: Recortes historiográficos do
Município de Esperança. SEDUC/PME. A União. Esperança/PB: 2016.
- RHCG, Blog. Retalhos Históricos de Campina Grande. Editor
Emmanuel Souza. Disponível em: http://cgretalhos.blogspot.com.br/,
acesso em 21/12/2016.
- VOZ DA BORBOREMA, Jornal. Ano III, Nº 16.
Direção de Acácio de Figueiredo. Edição de 09 de março. Campina Grande/PB:
1939.
Comentários
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentário! A sua participação é muito importante para a construção de nossa história.