Você
conhece o “Traslado”? Pouca gente sabe, mas esse manuscrito foi de grande
importância para o resgate da poesia de repente, porquanto era o registro que
se fazia num tempo em que livros eram escassos e máquina de escrever era coisa
de “doutor”.
O
texto a seguir é de autoria do esperancense Egídio de Oliveira Lima, com
destaque para o “Traslado” nos primeiros anos da literatura de cordel:
“Nas
duas últimas décadas do século XVIII, os Nunes da Costa e outros poetas
populares de Santa Luzia do Sabugí usavam o traslado.
Na
chegada de Agostinho Nunes da Costa a Riacho Verde, e com o nascimento de seu
filho, também Agostinho Nunes da Costa, estendeu-se o uso daquele documento que
representava os escritos, poesias e prosa, de intelectuais daquele tempo.
Era
um caderno de papel almaço ou coisa que o valha caprichosamente manuscrito; o
título do trabaho a ser apresentado ou oferecido teria letras góticas e um laço
de fita prendê-lo-ia o dorso.
Ainda
hoje está no gosto dos trovadores e poetas do recôncavo.
Manoel
Raimundo de Barros ofereceu um dos seus translados versejado em talopes de dez
linha e decassílabos, ao sr. Pedro Temóteo, com a seguinte epígrafe: -
Biografia de Pedro Temóteo, em 1948, cidade de Campina Grande.
Esse
trabalho está em minhas mãos.
Eis
uma de suas redondilhas:
‘A
história do homem é um tratado
Que
se deve gravar na consciência
P’ra
depois registrá-lo na ciência
No
período contínuo do passado;
Quantas
vezes eu tenho relembrado
O
seu plano de vida intransigente!
Refletindo
me sinto impaciente
Transmitindo
o meu ato incorrigível...
De
fazê-lo esquecido é impossível,
É
zombar da lembrança eternamente’.
Esta
é uma introdução do apreciado traslado”.
Egídio de Oliveira Lima era filho de Francisco Jesuíno de
Lima e Rita Etelvina de Oliveira Lima. Nasceu em Esperança no dia 04 de junho
de 1904 e faleceu na capital paraibana a 23 de fevereiro de 1965, vítima de Ca
de próstata segundo atestou o Dr. Domilson de Andrade. Foi sepultado no
Cemitério Senhor da Boa Sentença, na Capital do Estado.
Rau Ferreira
Referência:
- LIMA, Egídio de Oliveira. Os folhetos
de cordel.
Editora Universitária. João Pessoa/PB: 1978.
Comentários
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentário! A sua participação é muito importante para a construção de nossa história.