Tratando ainda sobre o
tema das terras de Montadas, antigo distrito de Esperança, que estavam por
serem amealhadas por Pocinhos, cujo tema foi abordado pelo colega Antônio
Veríssimo de Souza Segundo, neste BlogHE, trazemos à baila agora um texto de
autoria de José Coêlho da Nóbrega, intitulado “Involulção”, publicado n’O Norte.
Eis a crítica do professor:
“Este o termo melhor aplicado às mentalidades
que dirigem os destinos do promissor, porém, infeliz Município de Esperança. É de
regra geral as edilidades inverterem todos os seus esforços no sentido de
angariar o que possível e o quanto podem para enriquecerem o patrimônio
municipal.
Em Esperança, no entanto, não se dá
este fenômeno.
Prefeito houve que vendeu reservas
de tubos de ferro destinados ao serviço d’água, e, Prefeito há, que, não achando
lícito o ato de vender vem de dar de mão beijadas, aquilo que custou uma
oportunidade e grande interesse de alguém que zelou, pela terra comum, como
seja o distrito de Montada.
Custei a crer ao que se dizia, a
respeito ao desmembramento do aludido distrito, para o futuro município de
Pocinhos, isto porque, por unanimidade, já se havia manifestado, negativamente,
em nota oficial, a Câmara Municipal, como também a repulsa da massa consciente
que habita aquele distrito, no entanto, surpreendido fiquei quando soube da
visita do padre Galvão ao Prefeito Francisco Bezerr da Silva, e, dois dias
depois, vir de se reunir a Câmara e, embora serem quórum total, de manifestar
veio dando um desmentido aquilo que dias antes, por unanimidade absoluta de
seus membros, haverem decidido em uma nota oficial, um protesto contra uma
intenção pretenciosa e descabida daqueles que possuindo apenas o colete, e
desejando fazer parte no banquete das verbas federais destinadas aos
municípios, vem de implorar a Esperança o palitó a Puxinanã as calças, a S.
José da Mata, camisas e outras roupas internas e, à Boa Vista, sapato, chapéu,
etc., etc.
Sim. Custei a crer, mas cri.
Ficamos decepcionados, como decepcionados estão todos os habitantes de Montadas
com esta atitude do Prefeito e dos seus vereadores que, só reticencias poderão
julgá-los, porquanto, são tantas e variadas as qualificações que se lhe dão os
conhecedores do ato que iriam do ventre do réptil ao perdão do Cristo, quando
afirmava ‘perdoai pai, que eles não sabem o que fazem’.
Eu me aguento no campo da
qualificação do Cristo para aguardar o eco da Câmara Municipal de Campina
Grande que vem defendendo com todo interesse o grito angustioso de Puxinanã e
São José da Mata que, é voz geral daqueles habitantes, preferem ser escravos de
rei do que escravo de outro escravo.
Aguardo ainda, eu, o povo de
Montada e o Município de Esperança, o gesto da Câmara dos Deputados em
reconhecer esta verdade que reclamo em nome do povo, e, finalmente o consagrado
veto do Governo do Estado. Em 27-10-1953”.
Esta era a irresignação
do Professor Coêllho quando se falava em “doar” parte do Município de
Esperança - o então Distrito de Montada (hoje Município de Montadas) - para o
Município de Pocinhos, pois grandes prejuízos à época sucederiam à Esperança.
O Padre Galvão era
ligado ao PSD, sigla partidária dominante em Esperança, que tinha na figura do
Prefeito Francisco Bezerra o seu maior representante. Este, sem muita cerimônia,
aceitou perder parte do Município de Esperança para Pocinhos. Não fosse o
Vereador Antônio Veríssimo de Souza e outros vultos locais, que se empenharam com
veemência na luta desta cisão, teríamos perdido o território, tornando-se um
dos menores municípios da Paraíba em extensão.
O professor José Coêlho
da Nóbrega (1910/1986) exerceu várias atividades em nosso município. Lecionou português
e foi agrimensor. Atuou na política, com ênfase na oratória. Poeta inspirado
compôs diversos hinos e fundou na cidade o jornal "O Gilete".
Os esperancense
sagraram-se vencedores desta luta, permanecendo o Distrito de Montada ligado ao
nosso Município até a sua emancipação, ocorrida em 14 de outubro de 1963.
Rau Ferreira
Referências:
- FERREIRA,
Rau. Banaboé Cariá: Recortes historiográficos do Município de Esperança.
SEDUC/PME. A União. Esperança/PB: 2016.
- O NORTE, Jornal. Edição de 28 de outubro. João Pessoa/PB: 1953.
Grande poeta,professor e agrimensor. Atuou no município de Barra de Santa Rosa onde é sempre lembrado e homenageado. Nesse referido município tem um educandário que com o seu nome!
ResponderExcluirEXELENTE
ResponderExcluir