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Práticas judaicas em Esperança


Interessante debate aconteceu hoje (11/08) no grupo do Instituto Histórico e Geográfico de Esperança – IHGE, em torno das práticas judaicas em Esperança.
O confrade Arthur Richardson lançou a seguinte pergunta: “Hoje eu fui no Sítio de Campo Formoso e observei algumas casas antigas com um relevo de um losango e uma estrela no meio. Trata-se de algum símbolo judeu?”.
Em resposta, interveio Ismaell Bento que está fazendo um estudo genealógico de sua família e famílias esperancenses: “Nos sítios da minha família [no Logradouro] haviam estrelas e luas em alto relevo na frente das casas”. E acrescenta o pesquisador: “Algumas famílias de Esperança são descendentes de seridoenses. E lá havia muitos descendentes de cristãos novos”.
De fato, já escrevemos aqui mesmo nesse blog sobre as origens judias do Município; do primeiro judeu, André Rodrigues (1852-1939) que foi casado com Maria Cecília e residia na vila de mesmo nome, cujo casarão histórico ainda resiste às investidas do tempo e da modernidade.
Reforçando a tese, comentou Arthur Richardson que seu avô Antônio Chico (irmão de Anastácio) construía casas com estrelas; e que seu tio-bisavo Aprígio Bento de Oliveira também, era o artesão dos “anjinhos” que existem na lateral da igreja de Esperança e, acrescenta:
Minha avó paterna (não da família de Vô Antônio Chico) (esposa de Careca do Bar) ainda conserva diversos costumes judaicos. Apesar que pelo relato dela mesmo, acredito que meu bisavô era italiano. Exemplo simples... que meu Pai conserva e passa mal se descobrir que houve essa mistura: carne com leite. Minha avó guarda o sábado”.
Sobre esses tais “costumes”, minha avó materna, praticava alguns, não sei se por hábito, ou para denunciar a sua origem judia. É que eles não contavam as histórias para crianças, para não correr risco de se exporem. Neste sentido, transmitiam as tradições sem saber o porquê.
Dona Nazinha costumava chamar a nossa atenção, os netos mais velhos: “não apontar para as estrelas, senão nasce verruga”, “na sexta-feira da paixão, que é dia grande, não se deve andar por aí, deve-se ficar em casa”.
Na Paraíba, os judeus chegara até a fundar cidades!

Rau Ferreira


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