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Silvino Olavo (1952) |
De fato, alguns já o
tinha por “morto”, já que há mais de duas décadas não se tinha notícias do
poeta, que se encontrava internado em uma casa para alienados.
Narra o jornal uma sua
visita à Campina Grande, em companhia do cunhado Waldemar Cavalcanti, onde mantivera
contato com algumas livrarias, pois estava trabalhando em seu novo livro.
Praticamente curado,
residindo em Esperança, com os seus pais, apresentava-se “lúcido (...), gordo,
forte, paradoxalmente queimado e sanguíneo”. Esta era a impressão do
jornalista.
Também Carlos Romero, registrava
o seu “Retorno”, nas páginas daquele noticiário:
“A província não quis acreditar na boa nova.
Foi como se ele tivesse saído de uma prisão. Recuperado, de
súbito, a liberdade involuntariamente perdida, após longos anos de escuridão e
recolhimento.
A sua volta ao mundo, ao convívio dos homens – dos homens que
tanto lamentaram a sua ausência, o seu afastamento melancólico e desolador –
teve o sentido de uma ressureição. Sim, por que muitos o julgavam morto,
eternamente condenado às trevas da incoerência.
Ele, porém, voltou. Acreditemos na volta, no retorno do
grande ausente que, um dia, se escondeu de nossas vistas e desapareceu nas
sombras de uma misteriosa noite.
- Mas, quem é esse inocente, esse prisioneiro, que acaba de
abandonar o cárcere? – indagará o leitor, enfastiado dessas divagações do
cronista.
É fácil encontra-lo. A estas horas, ele deve andar meio
desorientado, meio confuso, como um sonâmbulo, vagando pelas ruas da
cidadezinha matuta, cujo nome é o sentimento que nos anima, neste momento ante
o seu regresso – Esperança. É lá onde o poeta Silvino Olavo se encontra,
conforme anunciou o repórter.
E disseram que ele está escrevendo um livro. Que está forte,
corado, lúcido.
O fato tem que qualquer coisa de impressionante, de
dramático, de inacreditável. Por isso, a província ficou em dúvida.
- Será verade?...”, escrevia o cronista para O Norte.
Carlos Romero foi
jornalista, escritor e advogado. Membro da APL e colunista do Jornal Correio da
Paraíba. Era natural de Alagoa Nova/PB. Publicou livros de crônicas, a exemplo
de "A Dança do Tempo" e "O evangelho nosso de cada dia".
O livro mencionado (Harmonia das Esferas) nunca
veio à lume. Talvez tenhamos os seus manuscritos; esse talvez é não mera conjectura, pois os seus versos estão em poder do HISTEDBR - a cargo do Professor Charliton Machado - para datação, higienização e estudo.
E há bem pouco nos acendeu uma luz, por intermédio de Lau Siqueira, poeta e ativista cultural de nosso Estado, que muito tem se sensibilizado com a obra silvinolaviana; caso se concretize esta publicação, também será a realização de um sonho, que um dia ele próprio buscou nas livrarias campinenses. O tempo o dirá.
E há bem pouco nos acendeu uma luz, por intermédio de Lau Siqueira, poeta e ativista cultural de nosso Estado, que muito tem se sensibilizado com a obra silvinolaviana; caso se concretize esta publicação, também será a realização de um sonho, que um dia ele próprio buscou nas livrarias campinenses. O tempo o dirá.
Rau Ferreira
Referências:
- O Norte,
Jornal. Edição de domingo, 17 de agosto. João Pessoa/PB: 1952.
- O Norte,
Jornal. Edição de domingo, 03 de setembro. João Pessoa/PB: 1952.
A "encantadora Vila de Esperança" como dizia o Poeta Silvino Olavo ainda hoje é lembrada pelo privilégio de possuir em seu histórico cultural e social, tão emblemática personalidade, esse ilustre ícone da nossa gente que se confunde com a própria ESPERANÇA.Os versos inéditos dele com certeza acrescentariam mais clareza ao que ele queria nos transmitir em emoções e visões de mundo.
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