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Disco: A Voz de Diogo

Contracapa do disco lançado em 1991 Gravado em 1991 pela Sony Music e produzido por Ednaldo do Ebypto, Carlos Anísio e Raimundo Nonato Batista, o disco registra a voz inconfundível do seresteiro esperancense DIOGO BATISTA. O vinil que se tornou raridade tem direção musical de Odair Salgueiro e mixagem de Edmar Lira, e foi produzido nos Estúdios DB-3, em Pernambuco, e Tome Nota na Paraíba, com participação especial de Walter Albuquerque no acordeon. Na relação musical, temos clássicos como “Nada além”, “Maria Betânia”, “Gente humilde”, “Folha morta”, “Deusa da minha rua”, “Carinhoso” e “Número um”, além das belas canções: “Sete cantigas”, de Vital Farias; “Fantasia”, de Carlos Anísio e Ednaldo do Egypto, e “Chora”, de Zé Pequeno. Em sua carreira Diogo Batista ganhou vários troféus e recebeu muitas homenagens. Apresentou-se na Rádio Tabajara e também brilhou nos palcos da AABB e do Teatro Santa Rosa na capital paraibana. Era casado com a Sra. Jacyra Batista, com quem teve c...

Sol: Casamentos

Os poetas são volúveis? Talvez. Porém exige-lhes a sociedade uma certa compostura e ele mesmo elege a sua musa a patamares tão elevados que lhes fica difícil encontrar esse amor. Nisso reside a “ estrela inalcançável ”, tão declamada pelo nossos poeta. Tais qualidades couberam a Carmélia Borges, moça do Pilar, filha de Anísio e Virgína, proprietários do Engenho Recreio. Silvino com aquela fama de volúvel que a “vox popoli” disseminou por todo o Brasil, selou casamento civil em 28 de novembro de 1929. Foram seus padrinhos José Américo de Almeida e esposa e Manoel Velloso Borges e esposa, em presença do juiz de paz Arnóbio César Falcão. Coincidências a parte, quatro meses antes, no dia primeiro de julho, consorciara-se Severina Lima com Antonio Villarim, comerciante campinense. A jovem filha de Francisco Jesuíno e Rita de Lima teve como padrinhos Abdon Lycarião e José de Souza Barbosa com suas respectivas esposas. O casamento pomposo -   comentou-me uma parente – foi um des...

Vitória: uma estrela e seu livro

Esperança hoje está em festa, pois recebe de sua filha querida um livro de memórias e poesia que resgata o que há de melhor em nosso Município. Não fora a autora ativista cultural e autora do nosso hino, a sua participação como organizadora e cantora do nosso coral, incentivadora das artes e criadora de tantos folguedos, já lhe bastariam para receber a coroa de menção honrosa por sua participação na nossa história. Vitoriarégia Coelho desde sempre é um baluarte da cultura em nosso Município. É ela a estrela que cintila em noites de festa, com sua alegria contagiante, seu lirismo e sua poesia. Magistral organizadora de festas, a filha do saudoso Professor José Coêlho da Nóbrega tem nos dado algumas de suas composições, dentre as quais se destaca o hino oficial do município Homenagem à Esperança. Honra-me agora apresentar este livro: “Vitoriarégia: uma colecionadora de memórias”, no evento que se realizará hoje (28 de junho de 2018), pelas 20 horas, na Associação das Amigas ...

Práticas antigas e marchantes

A prática de salgar a carne é de fato muito antiga, de um tempo que não existia a geladeira como meio de conservação dos alimentos. A salga prolongava a vida útil da carne, permitindo o seu consumo durante a semana. O processo era artesanal. Em geral o abate do animal acontecia nas quintas-feiras, quando então se cortavam as mantas de carne que eram cobertas pelo sal grosso, e estendidas nos varais passando assim um ou dois dias. O sal retira os líquidos da carne, ficando ela defumada naturalmente. Naquele tempo, quase todos os marchantes trabalhavam com a “carne seca”, já que não existia meios de conservação deste produto. O agricultor adquiria no sábado e comia até a segunda; para o resto da semana a “mistura” era o peixe, também salgado, ou aquela pescada nos ribeirinhos da zona rural. A farinha era sempre o complemento, produzida ali mesmo na roça.   Os citadinos faziam o mesmo, porém com mais fartura em suas mesas do que os agricultores, não esquecendo que na zona ur...

IHGE: Nota à imprensa

O Instituto Histórico e Geográfico de Esperança – IHGE, “Casa de Irineu Jóffily”, deliberou ontem a sua data de criação, ficando agendado o próximo dia 05 de agosto, em alusão a fundação da Paraíba e dia de N. S. das Neves, feriado estadual. Algumas cadeiras já foram definidas, a exemplo dos sócios Rau Ferreira (Nº 01 - Dogival Costa), Inácio Gonçalves (Nº 03 – Elysio Sobreira), Ismael Felipe (Nº 04 – Epaminondas Câmara), Daniel Duarte (Nº 07 – Francisco Tancredo Torres), Evaldo Brasil (Nº 10 – Irineu Jóffily), Marilda Coelho (Nº 17 – Salathiel Coelho) e Gustavo Tavares ((Nº 20 – Silvino Olavo). Os estatutos da entidade foram aprovados previamente, em segunda chamada, na reunião deliberativa, com anuência dos demais sócios, que tiveram acesso prévio às normas. Todos os artigos foram debatidos pela diretoria e repassado aos confrades que acenaram de forma positiva ao que foi elaborado. A diretoria provisória eleita por aclamação, também definiu o encargo de conduzir os trabalh...

Cordelando

Foi ao tempo do primeiro E um perfume de mulher; Um jovem por derradeiro Desfolhava bem-me-quer. Era d'um jovem lanceiro Rapaz como outro qualquer Mas sem contar dinheiro Apaixonara por uma mulher. Não conhecera o viveiro D'uma noite no Cabaré Ela e seu jeito faceiro Vissicitudes de mulher. Não foi ele o primeiro A dar-lhe os ares de M'azé Tão pouco o derradeiro De uma noite qualquer. E um punhal certeiro Cortava a carne de Mindé Ah não fosse guerreiro Fugindo da tal mulher. Fugiu o dia inteiro Mas caiu o Garnizé Nos encantos matreiros De uma donzela-mulher. Ah o destino traiçoeiro Ah a ilusão da fé... Ah o velho tropeiro Onde repousa o Canidé. Não fostes tu o primeiro Puritano daquela mulher Tão pouco o derradeiro A derramar lágrimas de fel. Bate o coração maneiro Agora que estais de pé Vive o santo-guerreiro Nos prazeres de tua mulher. Vai bate o banzeiro Batendo assim o que é?...

Soneto... visões de um lunático/O segredo

“Badiva” (1997) talvez represente o momento mais inspirado do poeta. É nessa obra editada pela PME em alusão aos 100 anos de nascimento de Silvino Olavo, que se encontra o “Soneto...” dedicado à Belmiro Braga. Entre muitos, escolhi este poema. Nos seus versos esconde uma vida intensa. Uma vida dedicada à arte. Belmiro Ferreira Braga – também poeta – morreu em 1937. Em sua homenagem uma cidade mineira foi erigida. Contudo, Silvino vai além... lembrando os amigos Paulo [???], Virgínia [Vitorino] e Mário [de Andrade]. Igualmente mestres, da poesia: Fez-se, o segredo de Altura Com Paulo, Virgínia e Mário. De um passado que lhe parece distante evoca sons e cores d’outrora, porém sem ressentir a sua dor: Mas... vamos devagarinho! – Depois acaba o carinho!... E a dor não principia... Era o seu modo de ser declamado em versos, aquele que os “artistas de toga” não vislumbravam, tão pouco aceitavam e, a despeito dessa incapacidade de ver o mundo sob esta ótica, clas...

Casamento matuto estilizado (1936)

Casamento matuto, anos 40 - rua Manoel Rodrigues O S. João é a festas mais tradicional nordestina. Nesta época do ano convergem os ideais às coisas simples, ao frescor da terra e ao tempo lúdico de brincadeiras em torno da fogueira. Por compadre e comadre se dão e uma saraivada de vivas eclodem ao surgir do primeiro balão. A nossa gente brincante sempre devotou ao santo tamanha admiração, registrado nos versos do poeta (Noite de S. João/ Junho) e nas comemorações joaninas que se celebravam na Escola “Irineu Jóffily”. Este educandário fora palco de grandes quadrilhas, animadas ao som do fole dos eternos forrozeiros e do batuque dos Pichacos. A escola havia sido inaugurada há pouco mais de quatro anos, e seu auditório se mostrava propícia às apresentações. Era o lugar adequado, dado que a “florescente vila” não possuía ainda clubes particulares. O educandário era também o lugar da cultura, já que o alunado participava, igualmente, daquelas celebrações. É imemorial as comemora...

Casarão dos Epitácios

As “Casas Ecléticas” são construções que remontam ao academicismo do final do Século XIX e início do Século XX. Esperança possui um rico acervo desta arquitetura. O Casarão dos Epitácios é um grande exemplo. Construída em 1915, por Manoel Maria, é uma mistura do estilo neoclássico e pré-modernista. A sua fachada nem sempre foi assim, já que foi reformada nos anos 40 por Alfredo Régis e, pelo que conheço, nos anos 80. Esta última acrescentou apenas uma área na entrada, pois antes só tinha uma porta e uma série de batentes que davam para a sala principal. Ocupa um terreno de 10 x 30 metros. Em seu interior, além da sala de entrada há quartos e um corredor por onde se chega na cozinha. Com quatro janelas frontais e um recorte que ainda se observa onde antes havia uma grande porta quase da altura das janelas. Na sua platibanda há uma série de adornos e figuras decorativas. O círculo significando o infinito e o laço a continuidade. Em cima de uma das janelas existe uma flor de lis...

Vida Municipal (1936)

Transcrevo a seguir uma reportagem do Jornal “A União” de 16 de maio de 1936 que me foi enviada pelo historiador Ismael Felippe. “ VIDA MUNICIPAL – ESPERANÇA MISSAS – No trigésimo dia do falecimento de Mons. Francisco Severiano, tiveram lugar na matriz desta vila, solenes exéquias, em sua memória. Proferiu a oração fúnebre, o reverendíssimo padre Manuel Costa, vigário de Pocinhos. Estiveram presentes às comemorações fúnebres vários sacerdotes, vendo-se erguida no centro da matriz uma artística éça. Tao grande foi o comparecimento do povo que a vasta matriz se tornou demasiado pequena para comportá-lo. Em seguida teve lugar a aposição de uma placa, numa das vias desta vila, que passou a chamar-se Mons. Francisco Severiano. Esta homenagem foi decretada pelo conselho municipal e sancionada pelo Prefeito. Falaram nessa solenidade os srs. Severino Torres e o Padre João Honório, que se referiram à vida do pranteado extinto. CONSELHO MUNICIPAL – O Conselho Municipal desta ...

Meus anos dourados em Esperança (Antonio Ailson)

Voltando ao tempo mergulhando no passado de grandes recordações. As reuniões da Cruzada Eucarística, a escola de Dona Tila, as goiabas do sitio da mãe de Adelina, o encontro dos amigos na loja de Didi de seu Lita, a missa das 10,00 horas na Igreja N.S.do Bom Conselho, o cafezinho do coreto da praça Getúlio Vargas, as matines no Esperança Clube ao som do conjunto de Manuel Tambor, o novenário no mês de Maio no dia 13 noite dedicada a abolição da escravatura Zé Luiz realizava ao lado da igreja um leilão, as missões de Frei Damião, o armazém de Zé Ramalho, a gurizada atrás de Pedro Pichaco ele jogando balas e moedas, dia de eleição era uma festa os eleitores comia de graça, festa da padroeira com o seu pavilhão e parque de diversão não esquecendo a barraca Noite Ilustrada o melhor cachorro quente da festa, bar de seu Dedé ponto de encontro com os amigos, sorveteria de Clovis Brandão, as memoráveis partida de futebol no estádio José Ramalho da Costa, o cinema de seu Titico Cine São Fra...

Viagem do 4º Ano a São Paulo

Reportagem especial Todos os anos a turma da 4ª Série de Direito da Faculdade do Rio de Janeiro fazia uma visita à Penitenciária de São Paulo, situada no Carandirú. Ao final daquele tour deviam os alunos apresentarem ao Professor Cândido Mendes um relato, em cumprimento à disciplina “Métodos Penitenciários”. A viagem se iniciara no dia três de junho de 1923. Seguiam em companhia do professor-ministro Alfredo Pinto para “ estudar a organização correcional da capital do vizinho Estado (...). Figura também no programa um passeio encantador ao porto de Santos ” (Gazeta de Notícias: 1923). Eram 39 rapazes a se aventurarem nas serras e no direito! O Ministro da Justiça acometido de um súbito mal-estar foi substituído às pressas pelo professor Esmeraldino Bandeira. “ A garoa e o progresso espantaram-nos ”, comentou Pedro Calmon em suas memórias. Silvino ficara responsável pela saudação carioca e, depois da preleção do mestre itinerante, falaria Pedro seu colega de classe. “ F...