Pular para o conteúdo principal

Correios: análise arquitetônica

O prédio dos Correios e Telégrafos do Município de Esperança foi construído na década de 50 do Século passado e sua inauguração aconteceu no dia 25 de junho de 1950, quando era Diretor-geral o Dr. José Régis. A sua arquitetura é moderna, também chamada de “Protomoderna”, deriva da Escola de Bauhaus.

A “Staatliches Bauhaus” (1919-1933) foi uma influente escola alemã de artes, arquitetura e design, que revolucionou o pensamento arquitetônico e estético do Século XX. Ela valorizava a funcionalidade e simplicidade, tendo como característica principal a ausência de ornamentos.

Os seus projetos eram focados nas linhas e formas geométricas com o uso de materiais que refletiam a era industrial (aço, vidro e concreto). Não obstante, enfatizava a criação de modelos que pudessem ser reproduzidos em massa.

O icônico edifício da Bauhaus em Dessau (1926) é um exemplo germinal desta arquitetura moderna que incorpora os princípios deste movimento, a partir do projeto de Walter Gropius. Tanto este edifício, como as imponentes construções de Weimar e Bernau fazem parte do patrimônio mundial da Unesco.

A escola alemã influenciou sobremaneira o modernismo brasileiro, assim como renomados arquitetos, dentre eles citemos Oscar Niemeyer e Lina Bo Bardi.

O edifício dos Correios, em nosso município, em que pese não esteja estritamente associada a Bauhaus, compartilha do estilo, refletindo a evolução da arquitetura da cidade. A sua fachada ecoa a racionalidade e funcionalidade acentuada por aquele estilo, ainda que apresente linhas neoclássicas mais voltadas para o modernismo.

 

Rau Ferreira

 

Fonte:

- ARGAN, Giulio Carlo. Arte moderna. Editora Companhia das Letras. São Paulo:1992.

- BRANDÃO, Yuri. Arquiteto esperancense, via WhatsApp em 17/09/2025, às 15:37 horas.

- ESPERANÇA, Livro do Município (de). Ed. Unigraf. Esperança/PB: 1985.

- FERREIRA, Rau. Banaboé Cariá: Recortes Historiográficos do Município de Esperança. A União. Esperança/PB: 2015.

CÂNDIDO, Gemy. Riachão de Banabuié. Org. Mary Ellen C. da M. Cândido. Ed. Martinho Sampaio. João Pessoa/PB: 2024.


Comentários

  1. Os prédios para servirem de correios tiveram um padrão por toda paraiba. Por onde passei tanto no Brejo, Cariri, Sertão todos foram construído iguais. Ou seja, uma arquitetura só. Esperança, Areia, Alagoa Nova, Sumé, Serra Branca, Solânea...

    José Henriques da Rocha, via WhatsApp em 14/11/2025.

    ResponderExcluir
  2. Parabéns! Que tal ver até que ponto este estilo foi utilizado em outros postos dos Correios? Em Alagoa Nova eu dei de cara com ele e voltei a Esperança, mas ainda tinha que pegar um ônibus. kkk

    Evaldo Brasil, via WhatsApp em 14/11/2025.

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Obrigado pelo seu comentário! A sua participação é muito importante para a construção de nossa história.

Postagens mais visitadas deste blog

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele...

Capelinha N. S. do Perpétuo Socorro

Capelinha (2012) Um dos lugares mais belos e importantes do nosso município é a “Capelinha” dedicada a Nossa Senhora do Perpétuo do Socorro. Este obelisco fica sob um imenso lagedo de pedras, localizado no bairro “Beleza dos Campos”, cuja entrada se dá pela Rua Barão do Rio Branco. A pequena capela está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa “ lugar onde primeiro se avista o sol ”. O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Consta que na década de 20 houve um grande surto de cólera, causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira, teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal.  Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à ...

Afrescos da Igreja Matriz

J. Santos (http://joseraimundosantos.blogspot.com.br/) A Igreja Matriz de Esperança passou por diversas reformas. Há muito a aparência da antiga capela se apagou no tempo, restando apenas na memória de alguns poucos, e em fotos antigas do município, o templo de duas torres. Não raro encontramos textos que se referiam a essa construção como sendo “a melhor da freguesia” (Notas: Irineo Joffily, 1892), constituindo “um moderno e vasto templo” (A Parahyba, 1909), e considerada uma “bem construída igreja de N. S. do Bom Conselho” (Diccionario Chorográfico: Coriolano de Medeiros, 1950). Através do amigo Emmanuel Souza, do blog Retalhos Históricos de Campina Grande, ficamos sabendo que o pároco à época encomendara ao artista J. Santos, radicado em Campina, a pintura de alguns afrescos. Sobre essa gravura já havia me falado seu Pedro Sacristão, dizendo que, quando de uma das reformas da igreja, executada por Padre Alexandre Moreira, após remover o forro, e remover os resíduos, desco...

Ruas tradicionais de Esperança-PB

Silvino Olavo escreveu que Esperança tinha um “ beiral de casas brancas e baixinhas ” (Retorno: Cysne, 1924). Naquela época, a cidade se resumia a poucas ruas em torno do “ largo da matriz ”. Algumas delas, por tradição, ainda conservam seus nomes populares que o tempo não consegue apagar , saiba quais. A sabedoria popular batizou algumas ruas da nossa cidade e muitos dos nomes tem uma razão de ser. A título de curiosidade citemos: Rua do Sertão : rua Dr. Solon de Lucena, era o caminho para o Sertão. Rua Nova: rua Presidente João Pessoa, porque era mais nova que a Solon de Lucena. Rua do Boi: rua Senador Epitácio Pessoa, por ela passavam as boiadas para o brejo. Rua de Areia: rua Antenor Navarro, era caminho para a cidade de Areia. Rua Chã da Bala : Avenida Manuel Rodrigues de Oliveira, ali se registrou um grande tiroteio. Rua de Baixo : rua Silvino Olavo da Costa, por ter casas baixas, onde a residência de nº 60 ainda resiste ao tempo. Rua da Lagoa : rua Joaquim Santigao, devido ao...

A origem...

DE BANABUYU À ESPERANÇA Esperança foi habitada em eras primitivas pelos Índios Cariris, nas proximidades do Tanque do Araçá. Sua colonização teve início com a chegada do português Marinheiro Barbosa, que se instalou em torno daquele reservatório. Posteriormente fixaram residência os irmãos portugueses Antônio, Laureano e Francisco Diniz, os quais construíram três casas no local onde hoje se verifica a Avenida Manoel Rodrigues de Oliveira. Não se sabe ao certo a origem da sua denominação. Mas Esperança outrora fora chamada de Banabuié1, Boa Esperança (1872) e Esperança (1908), e pertenceu ao município de Alagoa Nova. Segundo L. F. R. Clerot, citado por João de Deus Maurício, em seu livro intitulado “A Vida Dramática de Silvino Olavo”, banauié é um “nome de origem indígena, PANA-BEBUI – borboletas fervilhando, dados aos lugares arenosos, e as borboletas ali acodem, para beber água”. Narra a história que o nome Banabuié, “pasta verde”, numa melhor tradução do tupi-guarani, ...