Uma receita, uma
lição!
Por volta dos 9
ou 11 anos da minha infância, década de 80, estava numa tarde aconchegante do
meu lar com meus maravilhosos pais quando ocorreu um fato cotidiano que até
hoje me povoa os pensamentos!
Tava na hora do
lanche e eu estava na sala de TV quando já como de costume caminho em direção à
cozinha e esbarro em minha mãe que logo vai me dizendo:
- “ Espere aí na
sala que quem vai preparar seu lanche hoje é o seu pai, mas ele quer que seja
uma surpresa.
Ele era uma
daquelas pessoas que nunca o vi coar um café, fritar um ovo, enfim só o fato
dele dizer que iria preparar o nosso lanche em si já foi uma surpresa!
Não demorou para
que minha mãe me convocasse à cozinha para experimentar o que seria para mim
ainda uma surpresa: estava à mesa em um prato com colher de sobremesa já
mesclado em proporções metade/metade, coco ralado com rapadura raspada em
lascas.
Disse ele: Isso
é comida de caçador Júnior!
Eu experimentei,
gostei e repeti!
Dias se
passaram, mais de uma semana depois e então eu pergunto ao meu pai:
- E aquele
lanche que o senhor preparou ainda tem?
A resposta dele
foi assim:
Sorriu um riso
frapê, com um olhar autêntico e translúcido e simultâneo com os seguintes
dizeres: “Olhe aqui o dedinho olhe (acenando negativo), de agora em diante você
quem prepara o seu! Os ingredientes estão lá na estante, e na dispensa!
E é assim até hoje
em dia. Ele me deixou a saudade, o sabor da “comida de caçador” me faz viajar
no tempo àquela tarde em casa, o regionalismo do prato, a simplicidade e
harmonização perfeita de sabores, daí então duas lições, a primeira é que o
simples pode ser muito saboroso, a segunda lição que uma receita pode nos
trazer algum significado pessoal e uma lição para toda a vida!
Martinho Júnior
às 2:50 hrs da
manhã de 21 setembro de 2020
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