A
Igreja Matriz de Esperança – erigida sob a invocação de Nossa Senhora do Bom
Conselho – é uma das mais belas do Estado da Paraíba e se constitui no cartão
postal de nossa cidade. A tradição oral nos informa que a construção da antiga
Capela se deu entre 1860 e 1862.
O
genealogista e historiador Ismaell Bento, em artigo para este BlogHE, discorre
sobre as origens do povoado de Banabuyé utilizando-se dos assentos paroquiais
de Alagoa Nova, que até então eram os registros mais antigos a mencionar aquele
santuário (1873).
Todavia,
no dia de hoje (17/07), o jovem pesquisador se deparou com novos documentos quando
consultava os batismos da Paróquia de Pedra Lavrada/PB para o livro genealógico
de sua família que vem escrevendo.
Esses
assentamentos datam de 1868 e 1869 e são agora os mais antigos que acerca da
existência da capela primitiva e que de certa forma confirmam os relatos de sua
edificação por volta de 1862.
O
padre celebrante foi o Reverendo Santino Maciel de Athayde, que aparece outras
vezes nos registros de Alagoa Nova, celebrando casamentos e batizados na
povoação de Banabuyê.
Confira
nos documentos a seguir:
Livro
de batismos da Matriz de Pedra Lavrada, 1860 – 1870, pág. 77v.
Livro
de batismos da Matriz de Pedra Lavrada, 1860 – 1870, pág. 78.
Nesses
assentos podemos observar alguns dos sobrenomes tradicionais de Esperança, tais
como Coutinho, Coelho, Fernandes e Alves. Mas qual seria a razão de se batizar
em Banabuyé, e não em Pedra Lavrada? Nesse aspecto levantamos duas hipóteses:
1.
As pessoas serem naturais de Esperança,
embora residissem noutra localidade, e quisessem manter a afinidade familiar.
2. Podia
ser o caso da criança ser de Pedra Lavrada, mas os padrinhos serem de
Esperança. Naquele tempo, as pessoas que não tinham condições de criar os
infantes, "doavam" para que os padrinhos os criassem.
Entretanto,
são apenas conjecturas a merecer melhor investigação.
O
Padre Santino Maciel de Athayde e Albuquerque era coadjutor da Freguesia de
Sant’Ana de Alagoa Nova desde 19 de janeiro de 1864. Este clérigo foi grande
proprietário de terras em Lagoa de Roça e senhor de escravos. Há notícias de
pelo menos um que fugiu do seu senhorio, com o nome de Domingos, habilidoso
negociante de cavalos que atuava nesse ramo sob a permissão do vigário e que
também tocava viola e cantava sambas (O Liberal Parahyano: 05/08/1879, p. 40).
O
reverendo teria permaneceu na coadjutoria até 1873, quando foi substituído pelo
Padre Inácio Ibiapina de Araújo Sobral que também oficiou em Esperança e, até
onde se sabe, foi o responsável pela construção do cemitério público. O
falecimento do Padre Athayde e Albuquerque coincide com o movimento
abolicionista em Campina Grande (1881).
Campina
Grande, Paraíba, Brasil, 17/07/2020.
Ismaell
Filipe da Silva Bento - historiador e genealogista
*
Com acréscimo de informações produzidas por Rau Ferreira, editor
deste blog.
Referências:
- A PROVÍNCIA, Jornal.
Edição de 04 de Novembro. Parahyba do Norte: 1873.
- A PROVÍNCIA, Jornal.
Edição de 26 de Janeiro. Parahyba do Norte; 1875.
- BATISMOS, Livro de
batismos (da). Matriz de Pedra Lavrada: 1860 – 1870. Disponível em Family
Search, acesso em 17 de julho de 2020.
- BENTO, Ismaell Filipe
da Silva. DÔSO, Milena de Farias. De Banaboé a Esperança – PB: o povoamento do
lírio verde da Borborema através dos livros paroquiais de Alagoa Nova. I Semana
Nacional de História. UEPB: 2019.
- CÂMARA, Epaminondas.
Datas Campinenses. Ed. Departamento de Publicidade: 1947;
- DIÁRIO DE PERNAMBUCO,
Jornal. Edição de 07 de Dezembro. Recife: 1867.
- DIÁRIO DE PERNAMBUCO,
Jornal. Edição de 25 de Janeiro. Recife: 1875.
- O PUBLICADOR, Jornal.
Edição de 20 de Setembro. Parahyba do Norte: 1864.
- R.IHGP. Vol. 20.
Imprensa Oficial. João Pessoa: 1974.
- SILVA FILHO, Lino
Gomes (da). Síntese histórica de Campina Grande, 1670-1963. Ed. Grafset: 2005.
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