Um
dos pontos culminantes da cidade de Esperança é o “Tanque do Araçá”, de onde se
avista ao longe, a Capelinha de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro, símbolo de
religiosidade católica.
Esse
reservatório há muito era conhecido, já que foi um dos lugares escolhidos pelos
Índios Banabuyés que assentaram sua morada, tanto que no início de sua
colonização, expulsaram os primeiros colonizadores que construíram ali pequenos
casebres.
Em
priscas eras, foi denominado de “Tanque Grande”, talvez em contraste com as
diversas aguadas, mencionada por Irineu Jóffily:
“No terreno está Banabugê em seu distrito há numerosos tanques ou
cavernas obstruídas” (Notas sobre a Parahyba: 1892)
Consta
ainda que foi no sopé daquele tanque, numa antiga morada da Beleza dos, que foi
realizada a primeira missa celebrada segundo a tradição oral por Frei Venâncio.
A
importância desse reservatório era tal que motivou o Coronel Theotonio
Jardelino da Costa, abastardo comerciante local, a buscar junto ao governo do
Estado melhoramentos para o tanque.
No
início de 1918 as dificuldades era muitas, começando pelas estradas que quase
inexistiam, e pelo transporte que na maioria das vezes, era feito em lombos de
cavalos e de burros; quem quisesse chegar à Capital, tinha que fazê-lo nessas
condições, preferindo àqueles que possuíam melhores condições econômicas a
viagem de trem cortando o interior.
O
Capitão Jardelino conseguiu uma audiência com o governador Camilo de Holanda,
solicitando “um necessário melhoramento
para a florescente localidade serrana, que figura com uma boa contribuição no
orçamento da receita do Estado, pois é hoje um núcleo importantíssimo de
população, superior mesmo três ou quatro vezes à sede do município – Alagoa Nova,
não só em população como principalmente em comércio” (A União: 1918).
A
melhoria em questão era “uma pequena
barragem em local ao pé de um grande lagêdo (sic) e naturalmente indicado para um vasto depósito d´água potável, pois é a escassez
desse elemento, no verão, que constitui o verdadeiro entrave a um maior
desenvolvimento a que está reservada a rica e salubérrima localidade”,
registrava o jornal A União.
O
serviço era considerado de pequeno custeio, pois estava orçado em cerca de doze
contos apenas, porém o seu valor era inestimável à população esperancense, que
se valia daquele reservatório para suprir as suas necessidades.
Esperança
à época era apenas um distrito municipal que dependia em tudo da sua sede;
apesar de sua renda ser muito superior à de Alagoa Nova
Jardelino
retornou bastante animado com a possibilidade de realizar aquela empreitada em
sua terra, já que o município de Alagoa Nova não poderia fazê-lo.
Desde
àquela época o mineral água era muito estimado e escasso, além de necessário à
sobrevivência dos seus habitantes, era visto como um dos entraves ao seu crescimento.
O
jornal teceu elogiosos comentários à iniciativa do comerciante local,
dizendo-lhe que a sua ação era louvável e digna de estima pelos habitantes de
Esperança.
A
obra foi implementada dois anos depois, consoante mensagem enviada à Assembleia
Legislativa pelo Presidente do Estado:
“Em Esperança, povoado de Alagôa-Nova (sic), foi construído um reservatório d´água de grande capacidade para o
serviço de sua população. Foi esse serviço de resultados imediatos pelos
benefícios decorrentes, sendo de lamentar não pudéssemos promover iguais
melhoramentos em outras localidades” (MSAL: 1920).
Este
foi um dos nossos primeiros gritos de independência.
Rau Ferreira
Referências:
-
A UNIÃO, Jornal. Edição de 07 de fevereiro. Parahyba do Norte: 1918.
-
HOLANDA, Francisco Camilo (de). Mensagem à Assembleia do Estado da Parahyba. Quadriênio
de 1916 à 1920. Imprensa Official. Parahyba do Norte: 1920.
Comentários
Postar um comentário
Obrigado pelo seu comentário! A sua participação é muito importante para a construção de nossa história.