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Sol: A escrita redescoberta


Quando imaginava-se que todos os escritos de Silvino Olavo haviam se esgotados por esse pesquisador, deparei-me na última semana em que se comemora o dia internacional da mulher com alguns textos inéditos do poeta esperancense.
Em sua série escrita para o maior jornal de circulação à época do nosso Estado e órgão oficial de imprensa, destacou com precisão um discurso sobre “A Justiça na Mensagem Presidencial” no governo João Suassuna (o seu “proeminente amigo, a quem dedicou o poema “Ícaro!”), do qual fizera parte como 1º Promotor Público e integrante do Conselho Penitenciário.
Discorre sobre a artista Amelinha Theorga e sua recente exibição no Paço d'A União que foi visitada pela elite social da Parahyba: “Porque é preciso que se diga, para confirmação maior de uma artista sem o cultivo dos mestres e o convívio dos grandes meios, que na exposição de Amelinha Theorga há esse ritmo interior que ressalta, flagrante, numa afirmação de personalidade”, comenta. A jovem destacou-se como uma das primeiras pintoras do Estado da Paraíba, cujos trabalhos com tendências regionalistas, retratavam a paisagem local, voltadas para o mar.
Em “Conferências e conferencistas” trata dos palestrantes aventureiros que a todo custo querem surgir no palco para angariar aplausos, faltando-lhes no entanto o saber que se espera daquele que ousa proferir uma palestra. Destacando, porém, duas figuras que são exceção à regra desses impostores, que são Ludovico (Ludwiv Schwennhagen) e Benedito Patriota, tecendo-lhe elogiosa exaltação.
Escreve sobre a sua viagem de Taperoá (“a elegante princesa dos Cariris) à Bananeiras (“terra de riqueza sem orgulho e de bondade sem alarde”) quando acompanha a comitiva presidencial, visitando a terra do jovem Ariano em companhia do pai João Suassuna: “Hei de me sempre lembrar com bonomia e saudade o relevo que para logo assumiu no meu espírito a impressão de duas visitas principais”, escreveu.
Resenha Pereira da Silva, o amigo poeta a quem considera "apóstolo da beleza", em seu recente trabalho “Solitudes”, com os seguintes predicados: “Simples, sincero na sua displicência para os fascínios da glória, comovente na sua modéstia que às vezes raia pela timidez”, candidato à vaga de Olavo Bilac à Academia de Letras.
Por fim, enaltece a figura de Abner Mourão – a quem conhecera logo após prestar exame vestibular para Direito – dando como certa a sua candidatura. De fato, Abner foi eleito deputado federal pelo Estado Capixaba em 1927. No mesmo ano, Silvino publicava a sua “Sombra Iluminada”, dedicando-lhe em exemplar: “Ao prezado amigo Abner Mourão, mentalidade das mais impressivas do Brasil moderno, com um grande abraço fraternal, off. Silvino Olavo. Rio 5.11.1927”.
Esses são – em poucas linhas – os achados mais recentes silvinolavianos que me pus a pesquisar, dos quais em breve darei mais notícias, quiçá publicando na íntegra, em razão de sua importância, alguns deles neste canal.

Rau Ferreira

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