José
Paulo [Pichaco] dos Santos citou-me os versos declamados por Josué da Cruz que
fala do homem pecador. Anotei a oitava que o crente sabe de cor:
“Às
doze da madrugada
Eu
rezei mais de um mistério
Passando
em um cemitério
Vendo
uma porta fechada
Cruz
inteira e cruz quebrada
Catacumba
velha e nova
Tudo
servindo de prova
Que
o pecador não é nada.”
Josué Alves da Cruz (1904/1968) foi
cantador afamado em todo o Nordeste; cantou com João Benedito e, segundo
conta-se, morou por algum tempo em Esperança, na rua João Mendes. Acerca de sua
capacidade de versejar, ele próprio afirmava "No poço da poesia/ É aonde
tomo banho".
O irmão Zé Paulo é um crente fiel e mui
piedoso; diz sempre se lembrar de mim em suas orações. Ele é sobrinho de Pedro
Pichaco, de quem já dei conta de algumas de suas histórias neste blogue.
Por esses dias, em pesquisas na web deparei-me
com a recitação dos mesmos versos, agora modificados na voz do poeta Tenório de
Lima:
“Já
rezei todos os mistérios
Pensando
na minha vida
A
diferença da vida
pra
morte é um caso sério.
Olho
pra esse cemitério
Vejo
essas portas fechadas
Cruz
em pé, cruz quebrada
Catacumba
velha e nova
Tudo
isso é uma prova
Que
o pecador não é nada”
Era comum a prática de cantadores declamarem versos uns dos outros, por
isso muito se encontra, aqui e acolá algum repente com certas diferenças. Não quero
dizer com isso que este seja o caso, pois não fui a fundo na autoria da rima
citada por Zé Paulo, que me disse ter ouvido de Josué, quando aquele residia em
Esperança, na rua João Mendes.
Rau Ferreira
Referência:
SOUZA, Jefferson. Pedro
Tenório de Lima e a enxada de um poeta iletrado. Disponível em https://www.youtube.com/watch?v=QqntCo_LZhA,
acesso em 12/09/2023.
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