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Cordel 49.204 (Evaldo Brasil)


A doze golpes de faca
(Considerando a condenação no “Crime do Cajueiro”)
I
A Beleza e a Fraqueza
Numa via se encontraram
Chocaram a comunidade
E nos registros entraram
Pra uma, foi derradeiro,
Pra outra, sem paradeiro,
Nunca mais se retrataram.
II
Nos idos de oitenta e sete
Uma morte prenunciada
Uma jovem de dezessete
Vinha sendo assediada
Resistira até sua morte
Perante uma triste sorte
Eis Maria Imaculada.
III
O algoz foi o cunhado,
Compulsivo ou pervertido,
Quem, de tão agoniado,
Condenou-se no ocorrido
Partindo pra vilania
Tentado no que se via
Por instinto mal contido.
IV
Embora negue a desgraça
Nas buscas participando
Seu comportamento traça
Perfil para, em suspeitando,
Por fala dos depoentes
Em nada condescendentes
Sua prisão teve mando.
V
A comoção foi tão grande
Que a população tocada
Perante a Delegacia
Tentaria uma estocada
Linchar o assassino frio
Pelo caráter em desvio
Ao matar sua cunhada.
VI
Lá se foram muitos anos
E por falha no processo
Foi posto em liberdade
E partiu sem ter regresso
Dos demais nada se sabe
Mas uma nota nos cabe
A despeito do possesso.
VII
Há de sofrer até hoje
Por não se firmar estaca
Pelo fraquejar da alma
Perante o que se destaca
Sem conseguir o intento
Só piorou seu tormento
A doze golpes de faca!

Evaldo Pedro da Costa Brasil
(Esperança/PB, em 23 de setembro de 2019)
(FONTE: https://historiaesperancense.blogspot.com/2019/09/o-crime-do-cajueiro.html)

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