Mamãe sempre nos contou da velha casa
sede do Cabeço, fazenda onde ela cresceu e que fica nos limites de Esperança.
Era uma morada muito antiga, construída
de pedras e madeira de lei, com dois quartos, sala e cozinha e um sótão onde supostamente
ficavam os escravos. A escadaria era de madeira, assim como o teto, grandes
toras recobertas de telhas. Havia ao lado um curral também de pedras.
Diziam que pertenciam a duas “moças
velhas” (senhoras solteiras), antigas proprietárias do lugar, riquíssimas à
época e que conviviam pacificamente com os Índios Cariris, denominados Banabuyés
na melhor lição de José Elias Borges.
O povo do lugar não gostava de passar
por perto, pois aparecia “mal assombro”. Mamãe foi testemunha de um fato:
Certa feita, brincando nos arredores
com minha tia Marizé, ouviu-se um cavalgar de um cavalo montado por um vaqueiro,
que partiu forte para cima daquelas crianças; correram para não serem “pegas”,
mas quando olharam para trás não viram nem o cavaleiro, nem as pegadas do
animal.
Meu avô – Antônio Ferreira, que era
conhecido por “Antôin Guiné” – tempos depois, resolveu derrubar a casa. Guardou
apenas uma telha em que se registrava o ano daquela construção, já contando
aquela época mais de 200 anos. Isto aconteceu por volta de 1958.
Aquela morada deu origem ao chamado
mito da “Furna do Caboclo”, que já foi nos nós historiado neste blog. Leia-se!
Rau Ferreira
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