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Na noite escura de
30 de setembro de 1979, uma menina recém-nascida era carregada pela mãe, a
caminho de casa no sítio Lagoa de Pedra, vindos a pé depois dos dias de
resguardo na casa dos avós maternos, em Esperança/PB.
Entram em casa sem
saber como. Depois de arrancar bruscamente as chaves da reata das calças e,
vendo todo o ambiente iluminado, corre Faustino para travar as portas e
janelas, enquanto a luz invade sua casinha, pelas frestas das portas e os
buracos no telhado. Maria José se recolhe, chorando, sem fala e tremendo de
medo, mas protegendo a pequena Ana, apesar de uma dor no peito.
Evaldo Brasil
O evento sob o olhar de Evaldo Brasil |
Ana Cristina, a
menina de apenas 30 dias, no colo da mãe, Maria José, pelos caminhos estreitos
da Zona Rural, jamais imaginaria o susto pelo que passariam seus pais, muito
menos que consequência teria para ela e para os pais.
Faustino, o pai,
conduzia um baldinho de querosene e o candeeiro, à frente, para clarear o
caminho, sem sequer olhar para trás, pois o cheiro de leite materno o
incomodava. A mãe seguia seus passos com medo de aparecer alguma coisa. Àquela
época, animais, lobisomem, a Porca, o Homem-nu, o Paga-figo e os flagelados da Seca
preocupavam mais que os assaltos dos anos mais recentes.
De repente, a noite
começa a clarear, mas não era a lua que saíra por trás das nuvens, era um ponto
luminoso que crescia e, à medida que se aproximava, tomava os céus, ofuscava,
amedrontava. “Era uma bola de fogo no céu”. Não entendendo de que se tratava,
vendo o clarão ficar cada vez mais forte, só restava correr.
Faustino, sob o foco
do fogo no céu, larga tudo ao ouvir da esposa que já não aguentava correr e
carregar a garotinha. Ele, então, segura a menina com um braço e ampara a
esposa com o outro e prosseguem céleres e amedrontados.
O mesmo evento na ótica de Carlos Enjel |
Faustino, que nunca
fora de mentir, destemido, corre à garapa de açúcar para Maria José, até que
volta o negrume da noite, mas não conseguem dormir. A luz se fora tão
misteriosamente como chegara durante a caminhada.
Na manhã seguinte,
comentando com a vizinhança, Faustino e Maria José confirmam a aparição, dando
conta do balé das luzes nos céus do inselberg
de Lagoa de Pedra. Ao longo de muitos dias, os relatos se repetiam e o medo de
sair à noite tomou conta do lugar.
Até hoje, Maria José
Andrade, lembra com detalhes aquele dia e se arrepia ao falar do fato. “Uma
história verdadeira que nunca vou esquecer. Já faz 38 anos e 10 meses. Ainda
hoje quando saio à noite olho para o céu; até um avião me assusta” admite, e
completa “não desejo pra ninguém o que passamos”.
Evaldo Brasil
História mais que interessante. Os mais velhos sempre nos contam casos assim, belo registro Evaldo Brasil.
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