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Tempo (por Ana Débora Mascarenhas)

A Camila Flor que tem flor até no nome, sugeriu que falasse do tempo. O Rau me perguntou o que eu sei ou lembro de Silvino Olavo, o poeta da minha terra. Pois bem, do Silvino eu nada sei, infelizmente, também sei mais da história da cidade que vivo do que da que nasci, sei mais agora por causa do Rau que tem feito uns lindos posts falando da terrinha e sua história. Mas do tempo, todo mundo tem algo a falar.
Já disse antes que  o vejo como um menino traquino ou como um velho depende muito da minha idade no dia, tem dias que sou idosa, tem dias que sou criança. Hoje sou idosa e para mim, o tempo no meu calendário imaginário já correu muito. Fez com que pessoas queridas se fossem, me trouxe outras pessoas amadas, deixou saudade de algumas, de outras, apenas alívio, me fez crescer, judiou, mas agora já não dói mais. Já disse Eraclito de Efeso que: "O tempo é como um rio, não se pode entrar no mesmo rio duas vezes", vejo o tempo como um ciclo, onde de vez em quando se fecha e outro é criado.
O tempo afasta pessoas, aproxima outras, faz com que umas pessoas e coisas sejam esquecidas ou perdidas, costuma nos presentear com surpresas, rugas, quilos a mais ou a menos, cabelos brancos, flacidez, mostra a alma da pessoa. E nessa hora, mesmo com todos esses defeitos que o tempo tratou de moldar em nós, há sempre algo novo a ser aprendido, ele é o grande professor que cedo ou tarde todos a ele se renderão. Ah, tempo, só você pode ser medido.
E nas voltas que o mundo dá, aprendi com o tempo que a verdade as vezes cria buracos no coração, machuca, mas é bom, que assim seja, para que as borboletas possam entrar e metamorfosear as cicatrizes e lindos mosaicos de cores diversas..

Ana Débora Mascarenhas



Comentário: Lindíssimo texto, Ana. Parabéns!! Agradeço a menção, para mim honrosa, da lembrança deste amigo, e do poeta Silvino. O tempo é mesmo esse contingente, hora a nos lembrar do que já fora, e do que ainda há por vir. As borboletas?! Estas sempre fervilham, no meu velho Lyrio Verde. Um forte abraço, Rau Ferreira

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