Há quem diga que Zé Limeira foi obra
do genial Orlando Tejo, que nunca teria existido. Outros afirmam que o
cantador-poeta do absurdo nasceu em Teixeira, cantando por diversas praças desta
nossa Pa-ra-í-bê-a-bá!
José Nêumanne após conversa com Zé
Alves no Museu de Arte da Universidade Regional do Nordeste, escreve que neste
sertão muitos cantadores se chamavam “Zé” e tinham a alcunha de família “Limeira”,
aproveitando-se do homônimo já famoso. Feito o esclarecimento, acrescenta que o
Zé Limeira mitológico chegou a duelar com Zé Alves, Otacílio e Heleno Firmino. Este
último teria hospedado o cantador em um sítio, poucas léguas de Esperança.
Teria o Limeira passado uma temporada
em Esperança? Não o sabemos. O que é certo é que este município já abrigou
grandes cantadores, a exemplo do precursor João Benedito e Campo Alegre, ambos
naturais destas paragens; de Josué da Cruz, que residiu por algum tempo nesta
cidade; sem falar que aqui vendiam os melhores encordoamentos para viola e nas
cantorias realizadas no chá dançante, que certa feita recebeu Terezinha Tietre.
Nesse contexto, é possível que até os
poetas clássicos tenham os seus dias de “absurdo”, exaltando assim essa poesia
que ficou conhecida em todo o Brasil e que se tornou mais uma modalidade do
repente.
Conta-se que um dia no bar do primo,
no antigo Pavilhão X de Novembro, Silvino Olavo foi desafiado por um popular a
versejar sem perda de um segundo, tendo assim respondido ao seu interlocutor:
O Velho Joaquim Tomaz
Era um velho de opinião,
Desconhecia nesse sertão,
Quem faz o que ele faz,
Apagava fogo com gás
Rebate bala com a mão,
Tem força que só Sansão,
Mas um dia estando armado,
Apanhou de um aleijado,
E deu num cego a traição.
Vê-se dos versos acima que o poeta fez
uso da poesia do absurdo, tão decantada por Limeira. Senão vejamos: Apagar fogo
com gás/ Rebater bala com a mão/ Ter força que nem Sansão.
Tudo leva a crer que o vate em seu
improviso demonstrou conhecer não apenas a poesia matuta, mas sagrou-se
vencedor no desafio.
Rau Ferreira
Referências:
- PINTO, José Nêumanne. Zé Limeira: o surrealismo em repente de viola. A República. Edição
de 12 de dezembro. Natal/RN: 1976.
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