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Rua dos Mercantes

Cultura e história parecem andar de mãos dadas. Em uma reunião sexta-feira (23/10), me encontrei com Marquinhos Pintor e este me perguntava sobre a rua dos Mercantes. Dizia que passando pelos Tributos, os fiscais estavam procurando atualizar um endereço. Interessado pelo tema permaneceu ali alguns minutos para descobrir onde seria essa artéria.
O nosso município tem um histórico de ruas populares que se sobrepõe ao nome oficial. Não é demais lembrar as ruas Chã da Bala, do Sertão, rua do Boi, do Açude e Paroquial. A legislação cuidou de homenagear pessoas, sendo estas Manuel Rodrigues de Oliveira, Solon de Lucena, Epitácio Pessoa, Professor Joaquim Santiago e Monsenhor Severiano.
Engrossando essa fileira, temos a rua do Carretel, rua da Gameleira e rua dos Avelós. Estas cujos nomes se perderam no tempo, assim com a que ora se apresenta – rua dos Mercanteis – tinham uma razão de ser, pois conduziam a caminhos mais ou menos tortuosos (Carretel), aos prazeres da vida d’outrora (Avelós) ou, apenas referenciavam um local específico (Gameleira).
Pois bem. A dos Mercantes para encerrar o mistério é hoje a rua Elísio Sobreira, um descampado que se iniciava em frente ao Grupo Lídia Fernandes (que já foi posto de saúde, fórum e também abrigou a polícia militar), e terminava  na paralela a rua dos Avelós. Uma rua que tem praça, que já foi Praça da Bandeira e hoje, salvo engano, é Praça José Pessoa Filho. Neste local, antigamente, se realizavam festividades, dada a sua proximidade com a Igreja, e também jogos de peteca.
Consta do documento oficial o nome “Mercanteis”, não sei se a grafia da época, ou mero erro de escrita dos anos 30. Porém, se supõe que seja “mercantes”, de mercancia ou comércio. Sua posição estratégica possuía saída para a rua Nova, para a rua Paroquial, passando pelo “beco do padre” e, obviamente, para a Chã da Bala, no caminho de volta pela Praça do Calçadão. Era parada de caminhão, também existiam naquela artéria algumas garagens, a exemplo daquelas que abrigavam os ônibus da S. José. O finado Maurício do caminhão residiu por muito tempo naquela rua.
Não é difícil presumir que a rua dos Mercanteis (ou Mercantis), dos mercantes por assim dizer, era aquela onde se descarregavam as mercadorias para entrega aos comerciantes de nossa cidade. Mas o certo é que, antigamente, ali também fora sede da feira semanal, onde o pai de Marquinhos da Xerox também possuía ponto, vendendo panelas de barro (daí o velho apelido "Antônio Barros"). Conta-nos esse amigo que o seu genitor guardava as mercadorias em um quartinho bem próximo da feira, mas o telhado que estava em ruínas caiu quebrando não apenas o estoque como todo o seu comércio.
Essas são nossas considerações, mas será que o caro leitor teria outra versão? Aguardo os seus comentários.


Rau Ferreira

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