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Dr. Sebastião Araújo

  O Dr. Sebastião Araújo nasceu neste Município de Esperança na Paraíba. Era filho de José Pereira de Araújo e Maria Virgínia de Araújo. Cursou medicina na Bahia, juntamente com o Dr. Heleno Henriques (1927), concluindo os estudos em 1930. Casou-se com Elvira Lima, filha de Francisco Jesuíno de Lima, de cujo consórcio nasceram os filhos: Maria Elvira (1933) e Raimundo (1937). Residia na rua Senador Epitácio nº 332 (hoje Avenida Manoel Rodrigues de Oliveira). Porém o seu consultório estava estabelecido na rua Solon de Lucena nº 26. Também possuía um imóvel na Praça Quintino Bocaiúva nº 22, registrada no Cartório de Imóveis às fls. 105/106 do Livro nº 72. Era metódico em sua profissão. Mantinha pouco contato com os clientes, segundo se comenta, pois temia ser acometido de alguma doença. Todavia, prestava muita assistência social e pouco se importava com a remuneração. Consta do Anuário da Paraíba (1934) que o Dr. Sebastião Araújo era clínico geral, com especialidade nas “ Mol...

Monte do retorno na Lagoa de Pedra

  Markgraf: 1643 A Província da Paraíba esteve sob o domínio holandês, sob os cuidados de Elias Herckmans (1596-1644). A sua biografia traçou-lhe Alfredo de Carvalho: na Holanda, durante o verão, era um marinheiro de barcos que comercializava com os russos; no inverno voltava-se às letras, tendo escrito contos, tragédias e poemas épicos. Para nós, é de suma importância o seu relato no livro “Descrição Geral da Capitania da Paraíba” (1639), um registro etnográfico, econômico e geográfico da “Pará-ayba” (água má, rio ruim, na língua geral). No governo desta capitania, organizou uma expedição, composta por cem homens, com o objetivo de desbravar o “Sertão da Cupaoba”, para nós o Planalto da Borborema. Percorreram um longo caminho, passando pela aldeia Guirarembuca (atual cidade de Pilões) – onde os indígenas que acompanharam os viajantes reconheceram como sendo a sua habitação em tempos antigos, relatando que foram atraídos pelos portugueses para o litoral –, até chegarem a uma ...

Eclipse solar em Esperança

  O ano era 1940. O fenômeno o “eclipse”, um evento astronômico de transição dos corpos celestes visível a olho nú. Neste caso, o sol sendo encoberto pela lua, o que dura alguns minutos. Porém, uma eternidade para quem vivenciou naquele tempo, de pouco conhecimento sobre os fatos. Há muito relatos, pois a Paraíba, pelo que parece, sempre foi um local de boa visualização. A minha avó materna, por exemplo, conta que as galinhas começaram a cacarejar e de pronto se recolheram ao poleiro; as vacas mugiam, admiradas com o anoitecer breve. O misticismo envolta daquele escurecer parecia apocalíptico. Muitas pessoas ao ter aquela visão imaginaram ser o “fim do mundo”, e confessaram seus pecados temendo a condenação eterna. Foi um grande desespero naquelas terras do Algodão, onde os meus avós possuíam propriedade. As comunicações ainda não tinham chegado e o pouco que se sabia era transmitido pelos cordéis da feira. Evaldo Brasil, de igual modo, nos informa os seus registros familiare...

A invasão dos flagelados em '53

  A seca é um fenômeno que sempre tem castigado o Nordeste brasileiro. A estiagem de 1953 do Século passado foi um dos maiores flagelos já existentes, causando inúmeros danos a população. O alimento ficou escasso. Homens migraram de sua terra natal em busca de socorro. Muitos deles aportaram em Esperança, causando um alvoroço e deixando o comércio local bastante preocupado como se vê das notas de jornais a seguir. O prefeito Francisco Bezerra da Silva telegrafou ao governo do Estado explicando a situação: “ESPERANÇA, 2/3/53 – Comunico vossência cidade invdida 400 flagelados. Comércio fechado temendo saque. Estou providenciando transporte referidos flagelados serviço estrada Lagoa Roça-Campina. Atenciosas saudações – Francisco Bezerra – Prefeito”. As principais autoridades da cidade também externavam a aflição, por ver o pequeno município ganhar em pouco tempo inúmeros trabalhadores, sem ter condições de ofertar emprego a todos: “ESPERANÇA, Comunico a Vossência que estacio...

João Benedito: verso e reverso

  Escritores e folcloristas colocam o nome de João Benedito aparece entre os maiorais da poesia popular, ao lado de Leandro Gomes de Barros, José Duda e Romano. O “Viana de Esperança”, no dizer de Josué da Cruz em uma cantoria. “ O Viana de Esperança Eu ouço desde menino Tem memória e peito fino, Canta e glosa abertamente! Faz gosto ouvir o repente Do cantador nordestino! ” Assim é o trabalho de Márcia Abreu (História de cordéis e folhetos: histórias de leitura), que cita além do nosso poeta esperancense: Inácio da Catingueira, Manoel Cabeceira, Neco Martins e Preto Limão: “ Estes cantadores apresentavam-se nas casas-grandes das fazendas ou em residências urbanas, em festejos privados ou em grandes festas públicas e feiras. Alguns permaneciam nos locais em que residiam – suas “ribeiras” – aguardando a chegada de um oponente; outros percorriam o sertão, cantando versos próprios ou alheios, apresentando-se sozinhos ou em duplas. Quando um cantador encontrava-se desa...

As terras de Banabuyé

  Página do inventário   As terras de Banabuyé foram concedidas inicialmente por Sesmaria, que eram porções de terras doadas pela coroa portuguesa com a finalidade de povoar o “sertão”. Esta gleba pertencia ao casal Marinha Pereira de Araújo e João da Rocha Pinto. Eles se “ estabeleceram-se em Lagoa Verde (Banabuê - no brejo), cerca de oitenta quilômetros da fazenda Santa Rosa ” (SOARES: 2003, p. 52). Amarinha Pereira de Araújo era bisneta de Teodósio de Oliveira Ledo, do ramo genealógico fundador de Campina Grande (PB). Filha de Paulo de Araújo Soares (1710/1787) e Teresa de Jesus Oliveira. A Sesmaria de João da Rocha foi concedida em 1713, e revalidada em 1753, para a Sra. Rosa Maria, viúva de Balthazar Gomes, que a possuía há cerca de 40 anos, com a denominação de “ sítio lagôa Bonaboiji por data que dele lhe fez seu pai João Gonçalves Seixas ” (TAVARES: 1982, p. 229). Dela se origina a Fazenda Banaboé Cariá, que se constituiu em entreposto de criação de gado, sob...

João Benedito: o caso do tenente corrupto

  João Viana dos Santos – João Benedito – nasceu em Esperança no ano de 1860 e faleceu em Remígio em 1943. Cantador e repentista, residia na rua do Boi [rua Senador Epitácio]. Era um trabalhador braçal, negro e pobre, todavia afamado pela habilidade de compor versos, sendo considerado um dos precursores da literatura que costumamos chamar de “Cordel”. A sua importância foi registrada por Câmara Cascudo, Coutinho Filho, Átila Almeida José Alves Sobrinho e outros folcloristas. E seu potencial afirmado por Josué da Cruz, que o igualou aos temíveis cantadores de sua época. O cidadão Saro Amâncio, em um depoimento que nos foi concedido, conta que João Benedito andava pelas feiras e conservava a viola sempre perto de si. Este nos falou de muitos casos que ele próprio presenciou. Fato interessante envolvendo o poeta popular aconteceu no casamento de sua filha Eulália. A festa se deu na rua de baixo [atual Silvino Olavo] com a presença de Serrador e Canhotinho, enquanto João teria ...

Sol comenta "Solitudes", de A. J. Pereira da Silva

  Antônio Joaquim, ou A. J. Pereira da Silva, nasceu em Araruna-PB, no dia 9 de novembro de 1876. Era filho de Manuel Joaquim Pereira e Maria Ercília da Silva. Aos 14 anos foi para a então capital federal do país, o Rio de Janeiro. Estudou no Lyceu de Artes e Ofícios, fez preparatório para a Escola Militar, matriculando-se em 1895. Além de poeta era crítico literário e redator da revista “Mundo Literário”, ao lado de Agripino Grieco e Théo Filho. Solitudes foi seu segundo livro de versos, que contou com grande aceitação pública. A obra foi editada por Jacintho Ribeiro dos Santos, e lançada em 1918, contando a primeira edição com 222 páginas. Em sua abertura, o autor escreveu: “ É meu tormento. Chamam-lhe poesia, A arte do verso. Chamo-lhe o madeiro, A Cruz da minha noite e do meu dia.   Cruz em que verto o sangue verdadeiro, E em que minh’alma em transes agonia E o coração se crucifica inteiro... ” . Silvino Olavo – o poeta dos Cysnes – escreve para A União...