Pular para o conteúdo principal

Padre João Félix de Medeiros

 


João Félix de Medeiros (1912-1984) descende de uma família pobre do município de Esperança. O futuro sacerdote dedicou-se à agricultura até os 17 anos. Seus pais eram Manoel Caetano de Medeiros, também conhecido por Manoel Félix Vieira, e Rita Maria de Medeiros, trinetos de Manoel Medeiros Dantas (BASTOS: 1954, p. 272).

Por essa época, tentou ingressar no seminário, porém foi reprovado no curso de admissão. Observando o interesse com que o jovem tratava dos assuntos religiosos e a sua ânsia de ingressar no sacerdócio, os dirigentes resolveram esquecer a burocracia e o aceitaram para aquela formação.

Após estudar por doze anos no Seminário da Paraíba foi ordenado. O primo Gutemberg Vicente Guimarães, que o auxiliava nas atividades religiosas, disse que o vigário “se preocupava somente em ajudar as pessoas. Ele nunca teve estudo porque foi de uma família muito pobre e sem condições, mas sempre soube respeitar e ajudar ao próximo”.

A sua carreira religiosa pode ser assim resumida: ingressou no seminário em 1932 e ascendeu ao presbiterato em 1943. Foi Capelão das Dorotéias, em Alagoa Nova (1944), e vigário em algumas paróquias (SANTOS; VELÔSO, 2010). Foi cooperador em Alagoa Grande, e vigário nas cidades de Areia, Remígio e Serra Redonda. Depois, passou a atuar em algumas igrejas da capital (1957-58), sendo Capelão do Hospital Santa Isabel.

Na Capital, costumava visitar o seu irmão Manuel Félix, o sobrinho Tarcísio Felix Feitosa e o primo Gutemberg que o acompanhava nas viagens. Era amigo do secretário de Segurança do Estado, Dr. Fernando Milanez, e do Delegado Regional do Trabalho na Paraíba.

Quando passou a residir na Santa Casa de Misericórdia adotou uma rotina. Pela manhã costumava tomar bem cedo café na cantina do hospital antes de celebrar a missa e dar a comunhão dos enfermos. Celebrava missa na Capela da Penha aos domingos pela manhã e na Igreja Mãe dos Homens a tarde, estendendo-se ainda às capelas de Ilha do Bispo, Mandacaru, Cruz das Armas e Castelo Branco.

Assim registra a imprensa paraibana:

O padre João Félix de Medeiros era assistente religioso da paróquia de Nossa Senhora Mãe dos Homens. Aos domingos, com o templo literalmente lotado, ele celebrava a missa das 19 h. Reunia grande parte da comunidade de Tambiá do Baixo Róger e de outros ontos da cidade” (A União: 16/08/1984).

“João Felix de Medeiros (1912-1984) nasceu em Esperança, Paraíba. Entrou no seminário em 1932 e ascendeu ao presbiterato em 1943. Foi capelão das Dorotéias (1944), em Alagoa Grande, e vigários de diversas paróquias”.

Faleceu aos 72 anos de idade, em sua residência, de forma trágica, no dia 11 de agosto de 1984. Dom Epaminondas, Bispo de Palmeira dos Índios, em uma missa celebrada em homenagem ao vigário, disse que “o padre Félix foi um homem inteiramente voltado às causas dos pobres, dos necessitados” e que “a Igreja, com o seu desaparecimento, perdeu um dos seus baluartes”.

 

Rau Ferreira

 

Referência:

- A UNIÃO, Jornal. Edição de 11 de agosto. João Pessoa/PB: 1984.

- A UNIÃO, Jornal. Edição de 16 de agosto. João Pessoa/PB: 1984.

- BASTOS, Sebastião de Azevedo. No roteiro dos Azevedo e outras famílias do Nordeste. Gráfica Comercial. João Pessoa/PB: 1954.

- FIRINO, Daniel da Silva. CARLOS, André Macedo Cavalcanti. Implantação e desenvolvimento do protestantismo na Paraíba no final do Século XIX e início do XX. Programa de Pós-Graduação em História. Universidade Federal da Grande Dourados. Dourados/MG: 2023.

- FIRINO, Daniel da Silva. CAVALCANTI, Carlos André Macedo. Implantação e desenvolvimento do protestantismo na Paraíba no final do Século XIX e início do XX. Revista História em Reflexão. Vol. 17, Nº 33. Abril a julho. ISSN: 1981-2434. Dourados/MS: 2023.

- SANTOS, Ednaldo Araújo dos; VELÔSO, Ricardo Grisi. O ano sacerdotal e o clero da arquidiocese da Paraíba. João Pessoa: A União, 2010.

Comentários

  1. "Lembro-me bem, dele...era amigo de D. Palmeira" (Ônio Lyra)

    ResponderExcluir
  2. "A família era ali do sítio Bananeira, conheci muitos dali inclusive ia com meu Pai nos anos 70 por lá" (José Henriques da Rocha)

    ResponderExcluir

Postar um comentário

Obrigado pelo seu comentário! A sua participação é muito importante para a construção de nossa história.

Postagens mais visitadas deste blog

Silvino Olavo e Mário de Andrade no interior da Paraíba (1929)

“O Turista Aprendiz” é um dos mais importantes livros de Mário de Andrade, há muito esgotado e reeditado em 2015, através do Projeto do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional – Iphan. Os relatos de viagens registram manifestações culturais e religiosas coletadas pelo folclorista em todo o Brasil. Este “diário” escrito com humor elevado e recurso prosaico narra as inusitadas visitas de Mário ao Nordeste brasileiro. O seu iter inclui Estados como Alagoas, Rio Grande do Norte, Ceará, Pernambuco e Paraíba. Mário havia deixado o Rio em 3 dezembro de 1928. Embarcou no vapor “Manaus”, com destino ao Recife, onde permaneceu dois dias; e dali seguiu de trem para o Rio Grande do Norte, chegando dia 14 ao Tirol, bairro onde residia Câmara Cascudo (1898-1986), que foi um de seus companheiros de viagem nesse Estado, junto com o jornalista, poeta e crítico de arte Antônio Bento de Araújo Lima (1902-1988). O Álbum de Fotografias (Viagem ao Nordeste Brasileiro 1928-29), pertencen...

Capelinha N. S. do Perpétuo Socorro

Capelinha (2012) Um dos lugares mais belos e importantes do nosso município é a “Capelinha” dedicada a Nossa Senhora do Perpétuo do Socorro. Este obelisco fica sob um imenso lagedo de pedras, localizado no bairro “Beleza dos Campos”, cuja entrada se dá pela Rua Barão do Rio Branco. A pequena capela está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa “ lugar onde primeiro se avista o sol ”. O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Consta que na década de 20 houve um grande surto de cólera, causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira, teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal.  Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à ...

Antes que me esqueça: A Praça da Cultura

As minhas memórias em relação à “Praça da Cultura” remontam à 1980, quando eu ainda era estudante do ginasial e depois do ensino médio. A praça era o ponto de encontro do alunado, pois ficava próxima à biblioteca municipal e à Escola Paroquial (hoje Dom Palmeira) e era o caminho de acesso ao Colégio Estadual, facilitando o encontro na ida e na volta destes educandários. Quando se queria marcar uma reunião ou formar um grupo de estudos, aquele era sempre o ponto de referência. O público naquele tempo era essencialmente de estudantes, meninos e moças na faixa etária de oito à quinze anos. Na época a praça tinha um outro formato. Ela deixava fluir o tráfego de transporte de carros, motos, bicicletas... subindo pelo lado direito do CAOBE, passando em frente à escola e descendo na lateral onde ficava a biblioteca. A frequência àquele logradouro era diuturna, atraída também pelas barracas de lanche que vendiam cachorro-quente e refrigerante, pão na chapa ou misto quente, não tinha muita ...

Clube CAOBE

O Centro Artístico Operário Beneficente de Esperança – CAOBE foi fundado em 16 de março de 1954. Ao longo de mais de meio século proporcionou lazer e descontração a toda sociedade esperancense. A sua primeira sede social foi em uma garagem alugada na antiga Praça da Bandeira (Praça José Pessoa Filho) onde hoje se situa o Batalhão da Polícia Militar. O sodalício foi idealizado por comerciantes, na sua maioria sapateiros, liderados por Antônio Roque dos Santos (Michelo). Escreve o Dr. João Batista Bastos, ex-Procurador Jurídico Municipal, que: “ o CAOBE nasceu com o objetivo de ser um centro de acolhimento, de lazer, com cunho educativo, onde os filhos e as famílias dos operários, sapateiros, pudessem ter um ambiente, de encontro e de vida social ” (Revivendo Esperança). No local funcionava uma escola para os filhos dos operários, sendo professoras as Sra. Noca e Dilma; com a mudança para a nova sede, a escola foi transferida. A professora Glória Ferreira ensinou para jovens e ad...

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele...