Pular para o conteúdo principal

Festa da Padroeira (1955)

 


A tradicional Festa da Padroeira de Esperança-PB, para a qual acorria muita gente, sempre foi com um objetivo: angariar fundos para as obras paroquiais. Para aquele ano de 1955 não podia ser diferente.

No convite, destacava-se que “Toda a população da terra do Bom Conselho prestará homenagens de fé e amor à sua Santa Padroeira”, que se iniciaria com um novenário, de 1º a nove de janeiro. Como sabemos, a Virgem do Bom Conselho se celebra em 26 de abril de cada ano, porém há muito que se comemorava no início de janeiro, data em que os esperancenses que residem fora costumam visitar a cidade e seus parentes.

O Sr. Severiano Pereira da Costa, em nota para o jornal “O Norte”, escreveu para aquele jornal dizendo que “Não somente as Comemorações Religiosas da Paróquia, mas todos os que honram de viver à sombra benéfica do ‘Lírio Verde da Borborema’, sem distinção de espécie alguma, como membro de uma comunidade, tomarão parte ativa nas solenes e públicas homenagens à Mãe de Deus”.

O pavilhão era armado na rua principal, onde os noitario aconteciam, leiloando-se pratos preparados pelas senhoras da sociedade local, e servidos pelas garçonetes, moças das mais graciosas do município.

As apresentações, com eleição de misses e desfiles das sertanejas e brejeiras sempre aconteciam, chamando a atenção dos rapazes, que também aproveitavam o passeio, ao som do Ideal Cinema que tocava lindas melodias.

E prossegue Severiano exaltando a festa:

“A nossa terra está fadada: grandes vitórias pelas suas vantajosas possibilidades; entretanto, é indispensável arejar o espírito, ter união de vistas dentro de um altruísmo sadio, para poder realizar o verdadeiro objetivo de uma comunidade, e de uma família que deseja e deve desenvolver.

A festa da padroeira é uma dessas oportunidades felizes, em que todos nos unimos, todos nos alegramos com a aspiração única de enriquecer o nosso patrimônio de grandeza social, moral e religiosa, e conservar a nossa tradição invejável de fé e civismo.

As comemorações se dividiam entre a devoção religiosa e a atividade profana. Na igreja missas eram celebradas, rosários, novenas e confissões preparavam os fiéis para o dia festivo. Não obstante, após os atos de fé, prosseguiam-se os encontros no pátio da Matriz, através dos eventos sociais que angariavam fundos.

O Sr. Severiano foi prefeito da cidade por dois anos (1942-44), e trata deste assunto da seguinte maneira:

“Tangidos por estes conceitos todos os esperancenses bem nascido darão sua cooperação inteligente e generosa de nossa festa. As festividades externas terão início no dia quatro, com um pavilhão patrocinado pelas senhoras de nossa elite, e servido por distintas senhoritas de nossa sociedade.

As garçonetes, sob a orientação de Donatila Lemos estarão distribuídas em dois campos que se denominarão SERTANEJAS e BREJEIRAS, com vestimentas típicas, e que lutarão com entusiasmo e vibração pela vitória de suas cores”.

O pastoril estava sob a direção da Professora Corina, e se exibia na Praça da Matriz, integrado por senhoritas da sociedade, sendo o resultado revertido em benefício das obras do Pré-Seminário Paroquial.

Segundo o noitário, a primeira noite (04/01) estava a cargo dos agricultores; a segunda: senhoras; a terceira: mocidade; a quarta noite era organizada pelos comerciantes, já a quinta pelos motoristas e, por fim, a sexta noite de festa estaria sob a responsabilidade das famílias esperancenses.

A seguir apresentamos o rol das garçonetes, sendo as seguintes damas brejeiras: Hermengarda Torres, Zefinha Pereira da Costa, Bernadete Barbosa, Luzia Batista, Lindalva Costa, Lourdes Coelho, Ivonete Santiago e Moêma Nóbrega. As Sertanejas: Dalvina Ferreira, Ivone Costa, Madalena Costa, Creuza Rocha, Elba Coelho, Maria da Paz Valentim, Adalgisa Martins e Diracy Araújo.

A diretoria geral da festa cabia ao Padre Manoel Pameira, auxiliado por Antônio Coelho Sobrinho, Sebastião Ataíde e Luiz Martins de Oliveira. O pavilhão era dirigido por Donatila Lemos Melo, Isabel Henriques Portela, Iolanda Pereira Silva, Hebe Henriques Bessa e Maria Augusta Rodrigues.

 

Rau Ferreira

 

Referências:

- ESPERANÇA, Livro do Município (de), Ed. Unigraf. João Pessoa/PB: 1985.

- O NORTE, Jornal. Ano XLIII, Nº 1169. Edição de 18 de dezembro. João Pessoa/PB: 1954.

Comentários

Postar um comentário

Obrigado pelo seu comentário! A sua participação é muito importante para a construção de nossa história.

Postagens mais visitadas deste blog

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele

A Pedra do Caboclo Bravo

Há quatro quilômetros do município de Algodão de Jandaira, na extrema da cidade de Esperança, encontra-se uma formação rochosa conhecida como “ Pedra ou Furna do Caboclo ” que guarda resquícios de uma civilização extinta. A afloração de laminas de arenito chega a medir 80 metros. E n o seu alto encontra-se uma gruta em formato retangular que tem sido objeto de pesquisas por anos a fio. Para se chegar ao lugar é preciso escalar um espigão de serra de difícil acesso, caminhar pelas escarpas da pedra quase a prumo até o limiar da entrada. A gruta mede aproximadamente 12 metros de largura por quatro de altura e abaixo do seu nível há um segundo pavimento onde se vê um vasto salão forrado por um areal de pequenos grãos claros. A história narra que alguns índios foram acuados por capitães do mato para o local onde haveriam sucumbido de fome e sede. A s várias camadas de areia fina separada por capas mais grossas cobriam ossadas humanas, revelando que ali fora um antigo cemitério dos pr

Versos da feira

Há algum tempo escrevi sobre os “Gritos da feira”, que podem ser acessadas no link a seguir ( https://historiaesperancense.blogspot.com/2017/10/gritos-da-feira.html ) e que diz respeito aqueles sons que frequentemente escutamos aos sábados. Hoje me deparei com os versos produzidos pelos feirantes, que igualmente me chamou a atenção por sua beleza e criatividade. Ávidos por venderem seus produtos, os comerciantes fazem de um tudo para chamar a tenção dos fregueses. Assim, coletei alguns destes versos que fazem o cancioneiro popular, neste sábado pós-carnaval (09/03) e início de Quaresma: Chega, chega... Bolacha “Suíça” é uma delícia! Ela é boa demais, Não engorda e satisfaz. ....................................................... Olha a verdura, freguesa. É só um real... Boa, enxuta e novinha; Na feira não tem igual. ....................................................... Boldo, cravo, sena... Matruz e alfazema!! ........................................

Afrescos da Igreja Matriz

J. Santos (http://joseraimundosantos.blogspot.com.br/) A Igreja Matriz de Esperança passou por diversas reformas. Há muito a aparência da antiga capela se apagou no tempo, restando apenas na memória de alguns poucos, e em fotos antigas do município, o templo de duas torres. Não raro encontramos textos que se referiam a essa construção como sendo “a melhor da freguesia” (Notas: Irineo Joffily, 1892), constituindo “um moderno e vasto templo” (A Parahyba, 1909), e considerada uma “bem construída igreja de N. S. do Bom Conselho” (Diccionario Chorográfico: Coriolano de Medeiros, 1950). Através do amigo Emmanuel Souza, do blog Retalhos Históricos de Campina Grande, ficamos sabendo que o pároco à época encomendara ao artista J. Santos, radicado em Campina, a pintura de alguns afrescos. Sobre essa gravura já havia me falado seu Pedro Sacristão, dizendo que, quando de uma das reformas da igreja, executada por Padre Alexandre Moreira, após remover o forro, e remover os resíduos, desco

Esperança: Sítios e Fazendas

Pequena relação dos Sítios e Fazendas do nosso Município. Caso o leitor tenha alguma correção a fazer, por favor utilize a nossa caixa de comentários . Sítios, fazendas e propriedades rurais do município Alto dos Pintos Arara Arara Baixa Verde Barra do Camará Benefício Boa Vista Boa Vista Cabeça Cacimba de Baixo Cacimba de baixo Caeira Cajueiro Caldeirão Caldeiro Caldeiro Campo Formoso Campo Santo Capeba Capeba Carrasco Cinzas Coeiro Covão Cruz Queimada Furnas Granja Korivitu Gravatazinho Jacinto José Lopes Junco Lages Lagoa Comprida Lagoa da Marcela Lagoa de Cinza Lagoa de Pedra Lagoa do Sapo Lagoa dos Cavalos Lagoa Verde Lagoa Verde Lagoinha das Pedras Logradouro Malhada da Serra Manguape Maniçoba Massabielle Meia Pataca Monte Santo Mulatinha Pau Ferro Pedra Pintada Pedrinha D'água Pintado Punaré Quebra Pé Quixaba Riachão Riacho Am