Pular para o conteúdo principal

Escorço de Chorographia, o livro de José Gomes Coelho

 


Obra pouco conhecida na Paraíba, o livro publicado pelo professor esperancense José Gomes Coelho, é um dos livros raros que trata sobre os contornos da Paraíba. Em sua capa, destaca-se as qualificações do autor:

Professor Normalista, Agrimensor laureado pela Escola da Paraíba, Inspetor Técnico e Geral do Ensino, sócio do Instituto Histórico e Geográfico Paraibano e da Sociedade dos Professores Primários da Paraíba”.

O livro foi escrito para o uso das escolas primárias, tendo sido aprovado pelo IHGP e pelo Conselho Superior de Instrução.

A edição ficou por conta de F. C. Batista Irmão, pela tipografia da “Popular Editora”, que dispunha de “variado e completo sortimento de Livros Escolares primários e secundários, e de grande variedade de artigos escolares” e que segundo consta, primava “em oferecer um agrado aos seus fregueses cujas compras excedam a 1$000 rs”.

Na contracapa, o editor comenta que “A ‘Chorographia da Parahiba’, apesar de ser impressa em ótimo papel acetinado e estar ilustrada com um magnífico mapa do Estado, cuja confecção custou a avultada soma nesta 1ª edição será vendida ao preço de 1$000 rs”, e acrescenta: “É praxe da ‘Popular Editora’ vender barato para vender muito”.

O livro é dedicado à memória de Alfredo Américo da Silva Santiago e de João Cavalcanti Carneiro Monteiro, iniciando-se com a organização social e política do Estado e da federação, com algumas noções de direitos do cidadão.

A abordagem geográfica constitui boa parte do livro, cerca de 1/3 dos assuntos tratados: limites e dimensões de superfície, serras, rios, divisão física; minerais, flora e fauna. Comércio, vilas, cidades e povoados, que se dividem em além e aquém da Borborema. O autor destacou a povoação de Esperança, do Município de Alagoa Nova, por sua importância nas páginas 50 e 54.

Lente do Lyceu Parahybano, o professor José Coelho, em um dos tópicos, fez a seguinte divisão à época do ensino:

“Instrução pública. A instrução ministrada às expensas do Estado, divide-se em PRIMÁRIA, SEGUNDÁRIA e PROFISSIONAL.

A INSTRUÇÃO PRIMÁRIA, destina a preparar o indivíduo para o exercício dos seus direitos políticos e a dotá-lo dos conhecimentos mais necessários à vida comum, é ministrada em escolas rudimentares, em escolas elementares isoladas ou reunidas e em grupos escolares.

A INSTRUÇÃO SECUNDÁRIA, constante de estudo de ciências e letras, é dada no Lyceu Parahbano, na capital do Estado. O Lyceu está equiparado ao colégio Pedro II mantido pelo governo federal na cidade do Rio de Janeiro.

A INSTRUÇÃO PROFISSIONAL é dada na Escola Normal, destinada à formação de professores, e na Escola de Agrimensura onde se ministra o ensino da topografia e da geodésia. Essas duas escolas estão situadas na Capital do Estado” (Escorço de Chorographia, pág. 55).

O Mapa do Estado, em escala 1:2.000.000 é bem ilustrado e apresenta as principais cidades estaduais, com seus limites e estradas de ferro e de rodagem e está assinado pelo “Est. Graphico Torre Eiffel Parahiba”.

José Gomes Coelho nasceu em 13 de abril de 1898. Era filho de Eusébio Joaquim da Silva Coelho e Débora Clotilde Gomes Coelho. Atuou como professor e diretor da Escola Normal e da Escola Modelo, sendo catedrático do Liceu Paraibano e inspetor regional de ensino na Paraíba.

 

Rau Ferreira

 

Referência:

- COELHO, José Gomes. Escorço de Chorographia da Parahiba – para uso das escolas primárias. Editor F. C. Batista Irmão. Popular Editora. Parahyba do Norte: 1919.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

A minha infância, por Glória Ferreira

Nasci numa fazenda (Cabeço), casa boa, curral ao lado; lembro-me de ao levantar - eu e minha irmã Marizé -, ficávamos no paredão do curral olhando o meu pai e o vaqueiro Zacarias tirar o leite das vacas. Depois de beber o leite tomávamos banho na Lagoa de Nana. Ao lado tinham treze tanques, lembro de alguns: tanque da chave, do café etc. E uma cachoeira formada pelo rio do Cabeço, sempre bonito, que nas cheias tomava-se banho. A caieira onde brincávamos, perto de casa, também tinha um tanque onde eu, Chico e Marizé costumávamos tomar banho, perto de uma baraúna. O roçado quando o inverno era bom garantia a fartura. Tudo era a vontade, muito leite, queijo, milho, tudo em quantidade. Minha mãe criava muito peru, galinha, porco, cabra, ovelha. Quanto fazia uma festa matava um boi, bode para os moradores. Havia muitos umbuzeiros. Subia no galho mais alto, fazia apostas com os meninos. Andava de cabalo, de burro. Marizé andava numa vaca (Negrinha) que era muito mansinha. Quando ...

Zé-Poema

  No último sábado, por volta das 20 horas, folheando um dos livros de José Bezerra Cavalcante (Baú de Lavras: 2009) me veio a inspiração para compor um poema. É simplório como a maioria dos que escrevo, porém cheio de emoção. O sentimento aflora nos meus versos. Peguei a caneta e me pus a compor. De início, seria uma homenagem àquele autor; mas no meio do caminho, foram três os homenageados: Padre Zé Coutinho, o escritor José Bezerra (Geração ’59) e José Américo (Sem me rir, sem chorar). E outros Zés que são uma raridade. Eis o poema que produzi naquela noite. Zé-Poema Há Zé pra todo lado (dizer me convém) Zé de cima, Zé de baixo, Zé do Prado...   Zé de Tica, Zé de Lica Zé de Licinho! Zé, de Pedro e Rita, Zé Coitinho!   Esse foi grande padre Falava mansinho: Uma esmola, esmola Para os meus filhinhos!   Bezerra foi outro Zé Poeta também; Como todo Zé Um entre cem.   Zé da velha geração Dos poetas de 59’ Esse “Z...

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele...

Esperança, por Maria Violeta Silva Pessoa

  Por Maria Violeta da Silva Pessoa O texto a seguir me foi encaminhado pelo Professor Ângelo Emílio da Silva Pessoa, que guarda com muito carinho a publicação, escrita pela Sra. Maria Violeta. É o próprio neto – Ângelo Emílio – quem escreve uns poucos dados biográfico sobre a esperancense: “ Maria Violeta da Silva Pessoa (Professora), nascida em Esperança, em 18/07/1930 e falecida em João Pessoa, em 25/10/2019. Era filha de Joaquim Virgolino da Silva (Comerciante e político) e Maria Emília Christo da Silva (Professora). Casou com o comerciante Jayme Pessoa (1924-2014), se radicando em João Pessoa, onde teve 5 filhos (Maria de Fátima, Joaquim Neto, Jayme Filho, Ângelo Emílio e Salvina Helena). Após à aposentadoria, tornou-se Comerciante e Artesã. Nos anos 90 publicou uma série de artigos e crônicas na imprensa paraibana, parte das quais abordando a sua memória dos tempos de infância e juventude em e Esperança ” (via WhatsApp em 17/01/2025). Devido a importância histór...

Luiz Pichaco

Por esses dias publiquei um texto de Maria Violeta Pessoa que me foi enviado por seu neto Ângelo Emílio. A cronista se esmerou por escrever as suas memórias, de um tempo em que o nosso município “ onde o amanhecer era uma festa e o anoitecer uma esperança ”. Lembrou de muitas figuras do passado, de Pichaco e seu tabuleiro: “vendia guloseimas” – escreve – “tinha uma voz bonita e cantava nas festas da igreja, outro era proprietário de um carro de aluguel. Família numerosa, voz de ébano.”. Pedro Dias fez o seguinte comentário: imagino que o Pichaco em referência era o pai dos “Pichacos” que conheci. Honório, Adauto (o doido), Zé Luís da sorda e Pedro Pichaco (o mandrião). Lembrei-me do livro de João Thomas Pereira (Memórias de uma infância) onde há um capítulo inteiro dedicado aos “Pichacos”. Vamos aos fatos! Luiz era um retirante. Veio do Sertão carregado de filhos, rapazes e garotinhas de tenra idade. Aportou em Esperança, como muitos que fugiam das agruras da seca. Tratou de co...