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Sol: Antologia de Eduardo Martins

 


O “Correio das Artes” – suplemento de cultura do jornal A União, inaugurou a partir do número 18, uma Antologia de Poetas Paraibanos, organizada por Eduardo Martins, e que tinha por objetivo “dar um nítido panorama de toda a poesia paraibana desde o século XVIII, acrescido ainda mais, de notas bio-bibliográficas [...]. Tem, portanto, o CORREIO DAS ARTES, o ensejo de apresentar aos seus leitores, em primeira mão, esse magnífico trabalho”.

Doze poetas haviam sido escolhidos para compor essa plêiade, em ordem cronológica, com parte da obra de cada um deles.

Dentre os nomes da poesia estadual, coube a Eduardo Martins escrever sobre Silvino Olavo da Costa. O escritor, em síntese, traça-lhe o perfil biográfico:

Silvino Olavo Cândido Martins da Costa nasceu em 1896, em Esperança, sendo filho de Manuel Joaquim Cândido Maria e d. Josefa Martins da Costa. Fez seus estudos primários em sua cidade natal até 1904. Bacharelou-se, em 1928, pela Faculdade de Direito do Rio de Janeiro. Voltando à Paraíba, trabalhou na campanha presidencial em prol da candidatura de João Pessoa, sendo mais tarde o seu oficial de gabinete. Infelizmente, atacado de esquizofrenia, é um dos hóspedes da Colônia Juliano Moreira, onde vive há anos, e possivelmente, terminará seus dias sombrios (1).

Poeta, sempre poeta, assistiu Silvino Olavo a plenitude da sua glória com a publicação do seu primeiro livro. E outros poemas vieram cada vez mais límpidos e perfeitos: ‘Sombra Iluminada’.

Publicou: ‘Cisnes’ – poesias – Rio – 1924; ‘Estética do Direito’ – discurso de formatura – Rio – 1924; ‘Esperança, lírio verde da Borborema’ – discurso – Paraíba – 1925; ‘Cordialidade’ – ensaios literários – 1ª série – New York – 1927; ‘Sombra Iluminada’ – poesias – Rio – 1927’.

 

Segundo Martins, os dados biográficos foram fornecidos pelo próprio poeta, quando esse esteve em visita na Colônia Juliano Moreira, em fevereiro de 1948.

Na oportunidade, o autor reproduz quatro poemas de Silvino Olavo, dos mais conhecidos: O meu palhaço; Renúncia; Inscrição; Retorno e, Lâmpada triste.

Eduardo Martins é pernambucano de Goiana, nascido em 13 de outubro de 1928. Poeta e historiador, membro da APL – Academia de Paraibana de Letras, onde ocupou a Cadeira nº 71; e do Instituto Histórico e Geográfico da Paraíba (Cadeira nº 28). Faleceu em João Pessoa, aos 15 de outubro de 1990. Deixou vasta publicação com 12 livros editados e diversos textos em jornais. Deu-nos a “Obra Poética: Silvino Olavo”, com alguns textos e poesias olavianas.

 

Rau Ferreira

 

Referências:

- CORREIO DAS ARTES, Suplemento de Arte do Jornal A União. Edição de 24 de julho. João Pessoa/PB: 1949.

- CORREIO DAS ARTES, Suplemento de Arte do Jornal A União. Edição de 25 de dezembro. João Pessoa/PB: 1949.

- OLAVO, Silvino. Obra Poética. Organização de Eduardo Martins. Mídia Gráfica e Editora. João Pessoa/PB: 2018.

- SILVA, Elizabeth Olegário Bezerra (da). Imaginário impresso e caracteres culturais: uma análise das narrativas do suplemento literário Correio das Artes na década de 40. Pós-graduação em Comunicação. Mestrado em Comunicação Midiática. Universidade Federal da Paraíba. João Pessoa/PB: 2016.

Foto: Eduardo Martins. Correio das Artes, suplemento d'A União, edição de março/2019.

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