Há muitas lendas no Município de Esperança que
permeiam o imaginário popular: o homem nú, a porca, a noiva de branco e tantas
outras conhecidas, porém o que poucos sabem é que nos anos cinquenta do século
passado existiu um personagem invulgar da nossa história: o Zorro.
O Zorro – ou raposa em espanhol – é um mito da ficção
científica criado em 1919 por Johnston CCulley, que se constituía num vigilante
mascarado, defensor dos plebeus e povos indígenas. O seu traje peculiar incluía
capa, sombreiro e máscara pretos; usava espada e chicotes como armas de defesa.
O sinal para aterrorizar os inimigos era o “Z”, marcado em alguma parede ou
objeto que permitisse a sua assinatura.
Na vida cotidiana o Zorro era um rapaz da
aristocracia (Don Alejandro de la Vega), insatisfeito com a injustiça e desigualdades
sociais, lutando para libertar o seu povo das amarras ditatoriais do governo
espanhol.
Esperança – pequeno vilarejo à época –, tão
declamada pelos poetas, tinha uma vida pacata, não obstante existissem os
arruaceiros que atormentavam o seu povo ordeiro.
A polícia pública era pequena, um ou dois soldados
davam conta de toda a cidade, e existia ainda os guardas noturnos que faziam
rondas nas ruas.
A moçada se deliciava ao ouvir aquelas histórias,
eram outros tempos, outros costumes e tudo contribuía para aquele clima de
mistério: a má iluminação, a insegurança segurança pública, as ruas desertas e
povoadas de maus elementos que ficavam à espreita para praticarem alguma
arruaça.
Nesse contexto, um jovem da cidade resolveu imitar o
herói das telas da TV e, vestindo-se com o paladino Zorro, passou a percorrer a
cidade à noite, colocando para casa os desavisados e repreendendo os
desordeiros.
Beto Bezerra nos conta que “Ele saia de noite com
um chicote na mão e se encontrasse aqueles indivíduos como ladrão, trombadinhas
ele metia o chicote para cima. Era o que o povo falava a respeito do Zorro,
tinha essa lenda aí”.
Aquela molecada que ficava altas horas da noite,
depois das dez horas, quando as luzes se apagavam, era o alvo do jovem que
afugentava a todos, não apenas pelo seu aspecto, vestindo preto, na calada da
noite, mas pela autoridade que impunha colocando todos aos seus devidos
lugares.
Certa feita, em conversa com o falecido Dedé
Emiliano, em sua casa, este me falou do Zorro e de suas peripécias, de quanto
os desocupados tinham medo, e das notícias que surgiam no dia seguinte, de que
o Zorro tinha colocado uns pra casa mais cedo sempre vestido à caráter.
A identidade do Zorro até hoje permanece incógnita, e
assim deverá permanecer, pelo menos por um bom tempo, já que os heróis querem
ser lembrados por seus feitos, não lhes cabendo qualquer mérito.
Em todo o caso, sendo uma história verifica e,
passada em nosso Município, não poderia deixar de registrá-la para a posteridade.
Rau Ferreira
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