A sextilha (ou verso de seis pés) são
rimas simples no esquema "xaxaxa", “xaaxxa”, “axbxcx” e outras combinações. O “x” representa o verso branco
(sem rima), o “a” o verso rimado.
Por ser o gênero mais simples, tornou-se
o preferido entre os cantadores. Ela teria surgido entre os anos 1890 e 1900,
antes o que predominava era a “quadra” (xaxa).
Joseph Maria Luyten assegura que “no final do século passado[1]
até o início deste[2],
velhos cantadores ainda se conservaram
fiéis à quadra. João Benedito, que morreu aos 83 anos em 1943, assegurava que
ainda alcançou o tempo em que não se cantava em sextilha" (A
Literatura de Cordel em São Paulo. Edições Loyola: 1981).
Benedito era especialista em provérbios,
dele nos dá notícia Vicente Salles[3],
quando em uma de suas cantorias improvisou a seguinte sextilha:
O
homem pensa que veio
Pr'
aqui gozar regalias
Mas
ele está enganado
Veio
só pra passar uns dias
Quando
chegou, nada trouxe
Volta
com as mãos vazias
Bebi da mesma água, pois no verso optei
pela sextilha, embora escreva em decassílabo algumas vezes. Tudo é questão de
inspiração.
Os versos a seguir, de minha autoria,
exemplificam este gênero do repente, tão conhecido dos cantadores:
O
Vem-vem
Canta
tu, eu canto também
O
canto do Vem-vem
É
um canto espetacular
Como
nenhum, sabe cantar!
Cantador
igual a ele, nunca terá.
O
Velho
Fui
moço, e agora sou velho
A
felicidade, o que será?
Vivi
a mocidade a meu critério.
Esbanjei
tudo ao “Deus-dará”!
Hoje
ninguém me leva a sério
Do
futuro, o que devo esperar?
Rau Ferreira
[3]
Maestro Gama Malcher: a figura humana e
artística do compositor paraense. Secult: 2005, págs. 121/122.
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