José Ramalho (1950). Acervo: Antônio Ailson |
Hoje
(20/03) pelas 20 horas na Câmara Municipal irá acontecer uma homenagem ao
saudoso José Ramalho da Costa, por ocasião da passagem de seus 100 anos de
nascimento.
O
convite honroso para participar desta noite me veio através de seu filho Antônio
Ailson. Aproveitei o ensejo para escrever-lhe um pequeno texto biográfico.
Nascido
em 21 de março de 1918, filho do casal Antônio Nicolau da Costa e Rita Lacerda
da Costa, iniciou no comércio aos 25 anos de idade, no mercado de estivas e
cereais, na rua nova, hoje Rua João Pessoa. O forte tino comercial o levou a
expandir seu comércio, mudando-se em 1946 para a rua do Sertão, atual Rua Solon
de Lucena, e depois para Campina Grande, a cidade “Rainha da Borborema”.
Vender
e comprar para Ramalho, era como respirar; sabia atender e despachava a
freguesia como nenhum outro. O seu balcão era o melhor da cidade – diziam os
seus conterrâneos – e todos saíam satisfeitos, e ainda que não encontrassem a
mercadoria, acabavam levando outra em seu lugar, apenas pelo prazer de entrar
no comércio de Ramalho e ser bem atendido.
Estes
e outros predicados o colocaram entre os principais comerciantes da cidade, ao
lado de Maximiano Pedro, Severino Pereira da Costa, Antônio Nogueira e Severino
Grangeiro de Maria.
No
recato do seu lar, era bom pai e esposo, um exemplo para os filhos, que
seguiram à risca aquele modelo, alcançando eles também posição de destaque na
sociedade, a exemplo de Anselmo Costa, ex-Venerável e Presidente da Associação
Filatélica Maçônica de Brasília.
No
campo social, presidiu o antigo Esperança Clube em 1950, onde promoveu grandes
festas e bailes de carnaval. Na oportunidade, trouxe para esta cidade a
renomada orquestra Tabajara.
Amante
do esporte e do futebol local, assumiu a presidência do América F. C. em 1954,
criando o Departamento Esportivo e contribuindo muito na construção do seu
estádio, inaugurado no dia 22 de janeiro de 1956.
Este
foi um marco na sua administração, que consolidou não só o patrimônio do Clube
como abriu as portas para o profissionalismo nos anos que se seguiram,
possibilitando a sua participação em vários campeonatos estaduais e
intermunicipais.
Com
Ramalho o América chegou ao campeonato paraibano, destacou-se em Campina
Grande, e foi imbatível no brejo paraibano. Enfrentou grandes equipes, como
Treze, Campinense, Botafogo de Natal, Auto-Esporte, Central de Caruaru e
conquistando bons resultados.
Apenas
para lembrar: 2 x 0 contra o Bananeiras, e 3 x 1 na revanche; 2 x 0 sobre o
Galo da Borborema; 5 x 2 no Central de Caruaru.
Ele
não media esforços quando o assunto era futebol, gastando do próprio bolso para
recompensar os jogadores, fosse o resultado favorável ou não ao time do
coração. José Ramalho era a vida e a alma do alvirrubro, fosse em Esperança ou
em Campina, todos conheciam a expressão do grande desportista.
Sua
última contribuição para a entidade foi um cheque de vinte e quatro mil
cruzeiros, para compra de material (seis pares de chuteiras) que sequer chegou
a ser descontado. Uma cópia deste documento pode ser vista no livro de Chico de
Pitiu.
Por
essa e outras razões, a agremiação foi reconhecida de utilidade pública pela
Lei Municipal nº 151, em 01 de agosto de 1968.
Na
política, foi Vice-prefeito na administração de Arlindo Carolino Delgado,
eleito pelo PSD para o período de 1959/1963, alcançando 62,4% das intenções de
voto, assumindo a prefeitura sempre que Arlindo precisava se afastar para
buscar recursos dentro e fora do Estado.
Mas o
que poucos sabem, é que Ramalho era também fotógrafo, registrando em imagens os
principais acontecimentos da cidade. Esse “hobbie” proporcionou o grande
acervo, aliás em termos de fotografia, existem apenas os registros de Pedro
Gaseano, nos anos 30, as de Ramalho, anos 40/50, e de seu Luiz Martins (anos 70
e 80) que contam um pouco da história municipal.
Outro
fato curioso, é que José Ramalho foi um dos primeiros a veranear nas praias,
hábito que costumeiro para os nossos dias, mas desafiador para aquele tempo, já
que eram poucas as estradas, e as rodagens em sua maioria não eram asfaltadas.
José
Ramalho faleceu no dia 15 de novembro de 1965, aos 47 anos de idade, na cidade
do Recife/PE.
O
último registro que se tem dele em campo foi durante a abertura do torneio de
futebol juvenil, ocorrido naquele ano.
Muitas
foram as homenagens ao grande esperancense. A primeira delas surgida com o
próprio nome do Estádio de Futebol que ajudou a construir. E com a edição da
Lei Municipal nº 487, de 23 de novembro de 1984, a rua situada em frente aquele
coliseu passou igualmente a denominar-se Rua José Ramalho da Costa.
Em
1997 a “Revista da Esperança” estampava na sua capa: “José Ramalho – um homem à
frente do seu tempo”, exaltando as qualidades que todos já conhecem.
Já no
ano de 2004, foi a vez do Clube Filatélico Maçônico de Brasília lançar o selo
alusivo aos seus 86 anos de nascimento e 59 anos da fundação do nosso querido
“Mequinha”.
Hoje,
mais uma vez, Esperança sente-se grata aquele que foi um ícone do esporte e
grande empreendedor, nos seus 100 anos de nascimento, prestando-lhe essa justa
homenagem, também pelas mãos de Inácio Gonçalves, historiador de formação,
membro da briosa polícia militar, que vem lançar nessas Casa Legislativa a
biografia do homenageado, com os relatos mais importantes de sua vida.
Rau
Ferreira
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