A feira semanal em Esperança não é
apenas o centro de negócios populares, que deu início a sua povoação nos idos
de 1860. É também o encontro dos sitiantes, das pessoas e dos amigos, das
conversas de bar, das estórias de “trancoso” e das memórias de nossa gente.
Aos sábados costumo sempre passar no
mercadinho de Janilson Andrade, este amigo de infância que me põe a par de tudo
o que acontece na feira livre e, de suas lembranças sobre o pitoresco de nosso
município.
Hoje quero tratar de alguns assuntos
que me foram reportados por Janilson, sobre os forrós e sobre alguns fatos
acontecidos.
Primeiramente, disse-me ele que hoje,
onde é uma loja de móveis, antigamente era um terreno baldio de propriedade de
seu Otávio da Movelaria. Certa feita, Luziete de Arruda Câmara, marchante da
cidade, alugou o terreno a seu Otávio para fazer ali um forró. Tratou logo de
fazer um palhoção, fazer a entrada e convidar um trio pé de serra. Estava
organizada a festa e, por três anos seguidos, aconteceu o “Forrozão Aza Branca”.
Este foi um dos primeiros no estilo,
depois veio o “Forró da Xanha” da família Andrade, ali em frente ao Campo do
América. Atualmente, a cidade abriga alguns forrós nesse período de São João,
que tem sido a marca registrada dos festejos juninos, levando o nome de
Esperança para outras fronteiras.
Um outro fato narrado foi que, quando
a prefeitura estava instalada onde hoje é o prédio do INSS, veio pra Esperança
um cidadão dizendo que iria atravessar aquele pavilhão em um cabo de aço.
Passou arrecadando dinheiro no comércio e, em um domingo, depois da missa,
amarrou o cabo de aço da antiga prefeitura até a igreja e, como manobras de
malabarista, atravessou de um lugar para o outro recebendo muitos aplausos.
Essa história dita pelo amigo me
pareceu muito com aquela de Pedro Pichaco, mas nesse caso o mandrião não chegou
a atravessar, apenas ameaçou que iria caminhar pelo cabo de aço, mas alarmando
a população acerca dos perigos que iria enfrentar, foi por algumas pessoas
aconselhado de desistir daquela empreitada. Mas não sem levar o dinheiro do
povo. Coisa do velho “Pichaco”.
Janilson ainda me falou que certa
feita apareceu um homem em Esperança, que também arrecadou dinheiro junto ao
comércio, mediante a promessa de passar uma semana circulando a Praça da
Bandeira de bicicleta. De fato, segundo ele, o homem cumpriu com o prometido.
Não se sabe ao certo se foi uma semana completa, mas que passou alguns dias
pedalando em redor daquela praça, que hoje em dia fica em frente ao Batalhão de
Polícia Militar, no antigo Forum.
São histórias do nosso povo, contadas
a meio caminho da feira pra casa, com muita alegria e entusiasmo, que fazem desta
cidade uma das mais ricas em cultura popular do Estado.
Rau Ferreira
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