Pular para o conteúdo principal

Coletoria de Esperança (histórico)

Fonte: Revista do Fisco, 1976.
Mesa de Rendas – este era o antigo nome dado ao órgão fiscalizador e arrecadador de impostos. Esperança na sua florescência teve criada esta importante unidade municipal, logo após a sua emancipação. O tributo que antes era recolhido à prefeitura de Alagoa Nova, agora fazia frente às novas necessidades do recém-criado município.
O Decreto n° 1.418/25 criou “uma mesa de rendas na vila de Esperança, com sede na mesma vila, abrangendo os limites do município”. Essa mesma lei designou o dia 15 de janeiro de 1926 para a sua instalação, sendo-lhe aberto o “crédito necessário à execução do presente decreto”.
A notícia foi estampada na página 2 do jornal “A UNIÃO”, onde se reproduziu um telegrama do Sr. Prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira nestes termos:

Esperança, 16 – Comunico vossência instalação oficial Mesa Rendas. Revestiu-se ato toda solenidade, comparecendo autoridades constituídas, representantes do povo e comércio. Afetuosas saudações – Manuel Rodrigues, prefeito”.

Assumia aquela recebedoria o cidadão João Serrão, havendo comparecido no dia 09 de fevereiro do mesmo ano ao Palácio do Governo “a fim de agradecer ao chefe do Estado, a sua nomeação de administrador” da Mesa de Rendas de Esperança (A União: 09/02/1926).
Extinta em agosto de 1929 (Decreto n. 1.597), ressurgiu em 1930 como "Estação Fiscal" durante o governo do interventor Antenor Navarro (1930/1932). 
O novo decreto regulamentou o órgão considerando a delimitação das zonas fiscais, a extensão para fins de fiscalização dos postos fiscais e os novos cálculos fazendários, criando assim a “Estação Fiscal de Esperança”, com sede na mesma vila e compreendendo a sua circunscrição os municípios de Esperança e Alagoa Nova, desmembrando-se das Mesas de Alagoa Grande e Areia (Decreto n° 38, de 19/12/1930).
Segundo o “Anuário da Paraíba”, figuravam em 1933: como coletor-geral Municipal Ignácio Cabral de Oliveira e fiscal-geral Epitácio Donato (este último lotado na povoação de Areial). Em 1938 foi administrada pelo guarda fiscal Francisco Alves de Souza, auxiliado por Heráclito Alves de Vasconcelos e Pedro Mendes de Andrade. Em 1976, este órgão apresentava o seguinte quadro de funcionários: José de Anchieta Pinto (Coletor), José Torres (Escrivão), Abel Augusto do Rego, Francisco Fernando Pimenta, Abelardo Ferreira da Rocha e Antônio Costa Sobrinho (Agentes Fiscais).
A Coletoria nos moldes como existe hoje só veio a existir em 1943, sendo jurisdicionada à Recebedoria de Rendas de Campina Grande e abrangendo os municípios de Areial e Montadas. Seu primeiro Coletor foi o Sr. Manuel Camilo Júnior, e Escrivão Antonio Guimarães Machado.
A Coletoria de Esperança na década de 70 se destacava no Estado entre aquelas que mais arrecadava impostos com um cadastro de 300 contribuintes, vaja alguns valores na tabela abaixo:

Ano
Arrecadação (em cruzeiros)
1974
Cr$ 1.962.973,71
1975
Cr$ 1.932.709,83

No ano de 1985, atuava como Coletor o Sr. José Hiram Marinho, registrando até junho daquele ano as seguintes inscrições mercantis: Atacadistas (14); Varejistas (42); Indústrias (06); Cooperativas (01); Contribuintes por Estimativa Variável (121); Ambulantes (61); Feirantes (19); Armazéns (01); Depósitos (05); Empresas de Transportes (01); Prestadoras de Serviços (04).
Em 2004, a Coletoria de Esperança já se encontra vinculada ao 3º Núcleo Regional, e sua circunscrição abrangia os municípios de Esperança, Areial e Montadas e, segundo a Coletora Tatiana Nogueira do Rego, possuía uma arrecadação mensal de R$ 400,00 (quatrocentos mil reais):

Estivemos com uma arrecadação crescente, atingindo a meta estabelecida em quase todos os meses, com exceção de março e julho, porém mesmo nestes meses alcançamos uma receita maior que a do mês do exercício anterior”.

O crescimento acima apontado se dava por força das empresas atacadistas de material de construção e varejista de móveis, naquele ano a coletoria registrava as seguintes inscrições: Indústrias (29); Empresas de Transportes (04); Produtor Agropecuário (01); Atacadistas (22); Varejistas (359), destacando-se entre os maiores arrecadadores: Almeida Comércio Distribuidor; Matias Grangeiro & Cia. Ltda; Ferro Comércio de Ferragens Ltda; Polybalas Caramelos Ltda; RM Atacadista e Distribuidor de Alimentos Ltda; Daniel Vieira da Costa; Batista & Medeiros Ltda; Empresa Viação S. José Ltda; Viação Transpassos Ltda; NPA Indústria e Comércio; Maria Ana de Farias Costa; Luiz Carlos Pereira (Motocleta); Rita Nilce de Medeiros (Nicinha do Magazine); Marinei Alves Pinto; RJ Combustíveis; Oliveira e Elias Ltda (Farmácia Oliveira); Maria Auxiliadora Costa; Renato Honorato Grangeiro; Maria do Socorro Pereira e B. Nóbrega Armarinho Ltda (Vestbem).
Atuavam junto àquela coletoria os seguintes funcionários: Janeide Guedes Pereira (Escrivã); Assis Costa e Antônio Freire (Agentes Fiscais de Mercadorias de Trânsito); Everaldo (Négo de Goteira), Moises, Vera Lúcia e Maria do Carmo (Administração).
O grande amigo Odailto Taveira, em comentário acerca deste texto, acrescentou as seguintes informações: José de Anchieta era de Uiraúna, pai do jornalista José Nêumanne Pinto; faltou relacionar Severino Torres (pai de Zeca) e Luiz Martins que também foram funcionários do fisco estadual.

Rau Ferreira

Referências:
- A UNIÃO, Jornal. Órgão Oficial do Governo do Estado da Paraíba. Ed. Janeiro e Fevereiro. João Pessoa/PB: 1926.
- A UNIÃO, Jornal. Órgão Oficial do Governo do Estado da Paraíba. Ed. 20 de dezembro. João Pessoa/PB: 1930.
- ESPERANÇA, Livro do Município de. Ed. Unigraf. Esperança/PB: 1985.
- FISCO, Revista do. Órgão da Afrafep. Ano VII, Nº 39. Ed. Grafset. João Pessoa/PB: 1976.
- FISCO, Revista do. Órgão da Afrafep. Ano XXXV, Nº 334. João Pessoa/PB: 2004.
PARAHYBA, Governo do Estado. Leis e Decretos de 1925. Parahyba do Norte: 1925.
PARAHYBA, Governo do Estado. Leis e Decretos de 1930. Parahyba do Norte: 1930.

PARAHYBA, Annuario da. Volumes 1-3, Imprensa Official. Parahyba do Norte: 1934.

Comentários

Postagens mais visitadas deste blog

Capelinha N. S. do Perpétuo Socorro

Capelinha (2012) Um dos lugares mais belos e importantes do nosso município é a “Capelinha” dedicada a Nossa Senhora do Perpétuo do Socorro. Este obelisco fica sob um imenso lagedo de pedras, localizado no bairro “Beleza dos Campos”, cuja entrada se dá pela Rua Barão do Rio Branco. A pequena capela está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa “ lugar onde primeiro se avista o sol ”. O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Consta que na década de 20 houve um grande surto de cólera, causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira, teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal.  Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à ...

A menor capela do mundo fica em Esperança/PB

A Capelinha. Foto: Maria Júlia Oliveira A Capela de Nossa Senhora do Perpétuo Socorro está erigida sob um imenso lajedo, denominado pelos indígenas de Araçá ou Araxá, que na língua tupi significa " lugar onde primeiro se avista o sol ". O local em tempos remotos foi morada dos Índios Banabuyés e o Marinheiro Barbosa construiu ali a primeira casa de que se tem notícia no município, ainda no Século XVIII. Diz a história que no final do século passado houve um grande surto de cólera causando uma verdadeira pandemia. Dona Esther (Niná) Rodrigues, esposa do Ex-prefeito Manuel Rodrigues de Oliveira (1925/29), teria feito uma promessa e preconizado o fim daquele mal. Alcançada a graça, fez construir aquele símbolo de religiosidade e devoção. Dom Adauto Aurélio de Miranda Henriques, Bispo da Paraíba à época, reconheceu a graça e concedeu as bênçãos ao monumento que foi inaugurado pelo Padre José Borges em 1º de janeiro de 1925. A pequena capela está erigida no bairro da Bele...

Zé-Poema

  No último sábado, por volta das 20 horas, folheando um dos livros de José Bezerra Cavalcante (Baú de Lavras: 2009) me veio a inspiração para compor um poema. É simplório como a maioria dos que escrevo, porém cheio de emoção. O sentimento aflora nos meus versos. Peguei a caneta e me pus a compor. De início, seria uma homenagem àquele autor; mas no meio do caminho, foram três os homenageados: Padre Zé Coutinho, o escritor José Bezerra (Geração ’59) e José Américo (Sem me rir, sem chorar). E outros Zés que são uma raridade. Eis o poema que produzi naquela noite. Zé-Poema Há Zé pra todo lado (dizer me convém) Zé de cima, Zé de baixo, Zé do Prado...   Zé de Tica, Zé de Lica Zé de Licinho! Zé, de Pedro e Rita, Zé Coitinho!   Esse foi grande padre Falava mansinho: Uma esmola, esmola Para os meus filhinhos!   Bezerra foi outro Zé Poeta também; Como todo Zé Um entre cem.   Zé da velha geração Dos poetas de 59’ Esse “Z...

História de Massabielle

Capela de Massabiele Massabielle fica a cerca de 12 Km do centro de Esperança, sendo uma das comunidades mais afastadas da nossa zona urbana. Na sua história há duas pessoas de suma importância: José Vieira e Padre Palmeira. José Vieira foi um dos primeiros moradores a residir na localidade e durante muitos anos constituiu a força política da região. Vereador por seis legislaturas (1963, 1968, 1972, 1976, 1982 e 1988) e duas suplências, foi ele quem cedeu um terreno para a construção da Capela de Nossa Senhora de Lourdes. Padre Palmeira dispensa qualquer apresentação. Foi o vigário que administrou por mais tempo a nossa paróquia (1951-1980), sendo responsável pela construção de escolas, capelas, conclusão dos trabalhos do Ginásio Diocesano e fundação da Maternidade, além de diversas obras sociais. Conta a tradição que Monsenhor Palmeira celebrou uma missa campal no Sítio Benefício, com a colaboração de seu Zé Vieira, que era Irmão do Santíssimo. O encontro religioso reuniu muitas...

Ruas tradicionais de Esperança-PB

Silvino Olavo escreveu que Esperança tinha um “ beiral de casas brancas e baixinhas ” (Retorno: Cysne, 1924). Naquela época, a cidade se resumia a poucas ruas em torno do “ largo da matriz ”. Algumas delas, por tradição, ainda conservam seus nomes populares que o tempo não consegue apagar , saiba quais. A sabedoria popular batizou algumas ruas da nossa cidade e muitos dos nomes tem uma razão de ser. A título de curiosidade citemos: Rua do Sertão : rua Dr. Solon de Lucena, era o caminho para o Sertão. Rua Nova: rua Presidente João Pessoa, porque era mais nova que a Solon de Lucena. Rua do Boi: rua Senador Epitácio Pessoa, por ela passavam as boiadas para o brejo. Rua de Areia: rua Antenor Navarro, era caminho para a cidade de Areia. Rua Chã da Bala : Avenida Manuel Rodrigues de Oliveira, ali se registrou um grande tiroteio. Rua de Baixo : rua Silvino Olavo da Costa, por ter casas baixas, onde a residência de nº 60 ainda resiste ao tempo. Rua da Lagoa : rua Joaquim Santigao, devido ao...